Socialismo

Bagé, RS, 27.06.2025

Mais uma vez tenho a honra de repercutir um artigo de meu Mestre Higino Veiga Macedo. 

Socialismo

(Cel Eng Higino Veiga Macedo) 

O que é socialismo? São tantas definições que fica impossível entende-lo. Não há uma definição precisa. Cada pseudo intelectual tem sua definição para seu reino de vaidade. 

Pela etimologia em dicionário: – do francês “socialisme” (1831) “doutrina de organização social que privilegia o coletivo em detrimento do indivíduo”; de social no sentido de “social” + suf. –isme; hoje, “le socialisme” no sentido de “o socialismo” designa os partidos de esquerda não comunistas e não liberais; em inglês, o vocábulo “socialismo” está documentado desde 1839 (consta do título de um livro destinado a expor e explicar a “doutrina de Owen”); 

Tudo vem do antepositivo soci–, do adjetivo latino “socĭus,a,um” – “que acompanha”; “associado a ou com”; frequentemente substantivo – “socĭus, socĭa” – “companheiro, companheira” [Houaiss na UOL acesso em quarta-feira, 30 de abril de 2025]. 

Os dicionários ajudam embaralhar e embaraçar o entendimento. 

Para Andrew Vincent ([1]), “a palavra socialismo encontra sua raiz no latim sociare, que significa combinar ou compartilhar”. 

Há alguma relação entre SOCIALISMO, palavra latina, com este significado latino, em algumas obras do grego antigo? 

Não. Não existe e nem existia. Sócio, social, sociedade é palavra com significado puramente latino. Embora alguns intelectuais digam que “A República” (o nome correto é POLITEIA), de Platão, vá na direção de administração socialista (termo atual) não é isso que se vê ao ler a obra. “Politeia” é uma forma de governar (governar – termo latino); governador (ou político) é o “administrador da polis”. 

A melhor forma de traduzir “socialismo”, vindo do grego antigo, seria usando uma combinação de termos que refletem a ideia de comunidade, igualdade, propriedade comum e gestão coletiva (tribal no sentido romano). Não existe uma única palavra que defina o conceito de forma clara, mas estas expressões podem inspirar o sentido de socialismo. “A palavra mais próxima de “social” em grego antigo é κοινωνικός (koinonikós). Essa palavra está relacionada ao conceito de companheirismo e interação entre as pessoas.” Estimo que seria o entendimento de convívio social (palavras latinas). ([2]) 

Os romanos chamaram de república, o que os gregos chamavam de POLITEIA, isto é, habitantes de localidade com O ADMINISTRADOR ESCOLHIDO PELOS HABITANTES. Quais habitantes? Os mais ricos, importantes intelectualmente, os nativos (eupátridas)... Portanto, REPÚBLICA (romano) é GOVERNO ESCOLHIDO PELOS HABITANTES como o foi POLITEIA. Administrador da RES PUBLICA: Coisa Pública, do povo, população. 

Mas, com romanos, todos habitantes escolhiam? Nunca. Só os melhores: em patrimônio, em intelectualidade, em poder. Eram um governo (administração) por alguém escolhido (politeia que virou república) e esse alguém era por ser um dos melhores (aristocrata). 

Portanto ao governo concretizado como aristocrata, pelos gregos é que na nossa modernidade induzem, resignificam, traduzem por SOCIALISMO 

Mas então como surgiu a ideia de o governo escolhido (república) por todos habitantes (democracia), respeitada a diferença ideológica (liberalismo), onde o governante absolutista (nunca o melhor) conduz o destino Nacional com os arranjos do Estado, por poucos concorrentes, de forma oligárquica? 

Isso é pós iluminismo. 

Mas quando aparece este conceito? Há relação com os pensamentos iluministas em particular o de Rousseau (1712 – 1778) com sua ideia de “vontade geral” e “vontade individual”. O indivíduo perde parte de sua liberdade em favor da vontade geral. Isto é, a população se torna “sócia do poder” ao ceder “parte de seu poder” ao Governante no qual se deposita confiança (pacto). Isso está no “O Contrato Social”. Agora sim, aparece a palavra SOCIAL. Não era significado de SOCIEDADE com ideia hierarquizada, com escala, com estamento: pobre, rico, nobre, intelectual, bronco... e mais tarde “CLASSE A. B C”... 

A partir dos iluministas, enciclopedistas, idealistas, empiristas o uso de metáforas aumentaram e elas, metáforas, passaram a ter o significado concreto. Qualquer ilustrado criava sua definição. “–ISMO” é – “Sufixo formador de nomes abstratos (ex.: alcoolismo; liberalismo). Origem etimológica: latim –ismus, do grego –ismós” ([3]). Significa “tomar o partido de” ou “imitar a...” ([4]) assim o sufixo é empregado para as nomeações de filosofias, ideologias... Socialismo, pelo entendimento restrito, nunca será filosofia. Apenas IDEOLOGIA para os que a usam em gradações de SOCIAL para tentar explicar o povo em camadas, sempre com a vontade pejorativa de estabelecer opressores e oprimidos. 

Por isso apareceram SOCIALISMO: utópico, democrático, libertário, de mercado, científico, cristão, socialismo moreno...

O ápice é atingido com o MARXISMO. A partir dele, SOCIALISMO deixa de ser “governos feitos – por, para e entre – HUMANOS” e inclui todas as atividades dos sócios (sociedade): econômicas, educacional, administrativa (que chamam de política). A SOCIEDADE (que nunca será todos os sócios) será substituída por ALGUÉM que passa a ter poder de Estado sobre a Nação (sócios). O Poder emana da autoridade escolhida e não da parte societária do povo com o administrador. Portanto, a partir do marxismo os sócios, separados em classes, entram em conflito civil revolucionário o que fará a evolução desses sócios. É do conflito entre classe sociais é que permite a transformação social na esperança de serem todos iguais socialmente (comum – comunismo). 

Pior, é que começaram a divinizar a IDEOLOGIA COMUNISTA. O ÉDEN será o comunismo (anarquismo): sem hierarquia, sem autoridade, sem patrão, sem governo... todos produzindo e repartindo o produzido, consumindo apenas o necessário, sem acúmulo de excedente que gera patrimônio... Para isso, ANTES, teria que se ajustar com o SOCIALISMO: acostumar-se com um governo de poder único, sócios irmanados. Mas para domesticar os “SÓCIOS” antes do socialismo, outro “ISMO” entrou na fórmula: a ideologia leninista. Para acelerar o processo haveria antes uma DITADURA DO PROLETARIADO. 

Mas a parte prática – o “empirismo” – dessa teoria pensada por Hegel – SOLCIALISMO, ele um pensador “idealista,” foi de retundo fracasso. Tanto nas comunas francesas como nas fazendas coletivista de Robert Owen, no bolchevismo proletário russo, no comunismo rural chinês, no foquismo cubano... 

Mas, quem inventou um governo não escolhido (partido único sem alternativa) com poder absoluto, com arremedos de legislativo, imposição sobre o judiciário e chamou isso de SOCIALISMO? 

Não foi inventado. Nem copiado. Nem desenvolvido. É apenas ditadura tal como os Monarcas Absolutistas que tomavam o poder, explícitos em Maquiavel, replicado ao longo da história mundial, fortalecido por Hitler, Mussolini, Lênin... E como últimos representantes Putin, Xi Jinping, Miguel Díaz-Canel (Cuba): internamente uma ferrenha ditadura capaz de produção capitalista a baixo custo para sobreviver no mundo CAPITALISTA. 

Como fechamento do texto: o que é SOCIALISMO, mesmo? Não sei responder. Sei que nunca foi um governo representado por todos os HABITANTES. Mesmo os remendos: Socialismo Democrático, Democracia Socialista, Social-Democracia, República Popular... e outras criativas combinações. 

Sic Cogito, Higino.

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

YYY Coletânea desafiando o Rio-Mar YYY

https://www.ecoamazonia.org.br/2022/05/projeto-desafiando-rio-mar/

YYY Coletânea de Vídeos das Náuticas Jornadas YYY

https://www.youtube.com/user/HiramReiseSilva/videos

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

E-mail: [email protected]