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Samuel Saraiva

O lamentável retrocesso da consciência humana

Num abrir e fechar de olhos, a vida se esvai como areia na diminuta ampulheta que ilustra o tempo.


O lamentável retrocesso da consciência humana - Gente de Opinião

Fechando os olhos por um segundo, a consciência sobre o tempo se torna uma abstração, que não pode ser compreendida com realismo pela reduzida capacidade mental humana, mas nos mostra a insignificância da arrogância e da vaidade cosmética, fútil e patética.

Tudo se resume à poeira levada pelos ventos cósmicos, assim como as folhas que desaparecem sem deixar vestígios, ou memória, na eterna dinâmica do universo. Nesse permanente processo de transformação, os valores materiais tão apreciados pela humanidade não compram um segundo da vida, e no lapso do exíguo tempo existencial não logramos compreender que tudo é passageiro, e o retorno obrigatório à dimensão de onde viemos começa no primeiro suspiro.

A frágil existência se resume a uma abstração na qual o poder real evidencia a impotência que nivela os mortais sem distinção. Diante do avanço inexorável do tempo, TODOS nos curvamos e desaparecemos como as nuvens.

A percepção insustentável da vaidade e as tentativas de eternização das memórias configuram ilações patéticas. As demonstrações de orgulho pessoal são uma fragilidade surreal, tola e risível, com validade restrita, que acaricia o ego dos insensatos, desprovidos de ampla  consciência sobre o significado e importância da espécie.Aquilo que de fato precisamos para coexistir em paz é compreender e respeitar as diferenças — descer das nuvens das ejaculações mentais hilárias e hipotéticas e colocar os pés no chão da realidade.  De quanta terra precisamos para depositar o corpo a ser decomposto, em uma cova rasa com sete palmos? Numa demonstração de ingratidão ao privilégio da vida, deixaremos para trás a contaminação do solo e dos lençóis freáticos, cuja água será consumida pelos que nos substituem no tempo.

Quando alcançaremos a consciência de que a simplicidade é uma imposição de inteligência? Já a arrogância e a prepotência são uma evidência incontestável de burrice crônica (que me perdoem os quadrúpedes pela comparação infeliz, no entanto, ilustrativa).No estágio de solidão que configura a alma humana, chegamos a essa dimensão de vida passageira e imprevisível sem vínculos sentimentais ou conhecimento de ninguém.

Somos sentenciados a partir, dando continuidade à viagem cósmica solitária. Certamente a maior gratificação nessa breve passagem está no acolhimento assegurado pela natureza e os seres descomplicados, puros e supostamente irracionais que a habitam. Paradoxalmente, nós, humanos, somos os causadores insensíveis da destruição insana e injustificável da Terra e da vida que nela existe. Desprovidos de méritos e racionalidade, transmitimos de geração a geração a promessa de paraísos, oferecendo atrativos improváveis de compensações materiais na vida espiritual.

Que cabeça com o mínimo de discernimento daria credibilidade à ideia de cidades celestiais com ruas de ouro e rios de leite e mel, tronos, anjos e ressurreição, ou ainda, ociosos seres alados tocando trombetas ao lado de um personagem todo-poderoso imaginário, sendo ajudado por adoradores preguiçosos e acomodados, coexistindo com a harmonia e a de que não foram capazes de praticar em vida. Enquanto tinham o privilégio de poder exercer o respeito, foram insensíveis ao postulado da fraternidade e da compaixão, isolando-se na ilusão egoísta de superioridade, de bem-estar material enquanto seus semelhantes, em aflição, escutam o clamor das próprias vísceras castigadas pela fome.

Esse é o estágio lamentável de empobrecida consciência que alcançamos, no qual partir de diferentes bases ideológicas, filosóficas ou religiosas, moralmente questionáveis e parciais. Os governantes promovem a excludência, em detrimento da inclusão e da justiça social, numa realidade em que a imparcialidade é uma ilusão improvável anelada por uns poucos que não se contaminaram com a insanidade generalizada, opostos a razão, a lógica e a decência.

Os exploradores e algozes aprimoram leis e mecanismos cada vez mais sofisticados para exploração eficiente, mantendo o controle das massas, submetidas a trabalhar quase meio ano para bancar a extravagância, o desperdício e a ostentação de quadrilhas insanas que, acobertadas sob o status da oficialidade escarnecem e zombam de multidões subservientes cegas pela ignorância, excessivamente crédulas e ingenuamente alheias as mutretas indecentes engendradas nos bastidores do poder por picaretas de todas as correntes de pensamento.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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