Terça-feira, 20 de maio de 2025 - 11h40
As alergias
alimentares afetam milhões de pessoas em todo o mundo e têm se tornado cada vez
mais comuns, especialmente entre crianças. De acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS), cerca de 8% das crianças e até 3% dos adultos apresentam algum
tipo de alergia alimentar — sendo a alergia à proteína do leite de vaca (APLV),
ao ovo, ao amendoim e aos frutos do mar as mais frequentes.
Apesar dessa
prevalência significativa, o tema ainda é pouco compreendido fora do ambiente
médico, o que contribui para riscos desnecessários e exclusão social.
A conscientização
sobre as alergias alimentares vai muito além de saber o que pode ou não ser
consumido. Trata-se de entender que estamos lidando com uma condição de saúde
que pode levar a reações graves e até fatais, exigindo empatia, preparo e
responsabilidade coletiva.
Ambientes
escolares, restaurantes, festas, empresas e até mesmo círculos familiares
precisam estar informados e prontos para acolher pessoas com essas restrições
de maneira segura e respeitosa.
Neste contexto,
promover conhecimento confiável, combater estigmas e criar espaços mais
inclusivos se torna essencial. Afinal, quando a sociedade entende melhor as
alergias alimentares, todos ganham: os indivíduos afetados se sentem mais
seguros e respeitados, e os demais aprendem a conviver com mais cuidado e humanidade.
Alergia alimentar não é frescura, é condição de risco
Um dos maiores
obstáculos enfrentados por pessoas com alergias alimentares e suas famílias é
o desconhecimento social sobre a gravidade da condição. Há uma
falsa percepção de que alergias se limitam a uma leve coceira ou desconforto,
quando, na realidade, a exposição a quantidades mínimas de um alérgeno pode
desencadear reações graves — incluindo anafilaxia, que é uma emergência
médica com risco de morte.
Por isso, é
fundamental que a sociedade compreenda que lidar com alergia alimentar não é
uma escolha ou exagero, mas uma questão de sobrevivência. Esse entendimento só
se torna possível por meio de ações contínuas de conscientização, que promovam
conhecimento confiável e empatia.
O impacto das alergias alimentares na rotina
Para além das
questões clínicas, as alergias alimentares impactam profundamente a vida
cotidiana. Uma simples ida à escola, um lanche com amigos ou uma viagem em
família se tornam eventos que exigem planejamento, preparo e, muitas vezes,
explicações constantes.
Um exemplo muito
comum é a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), que afeta principalmente
bebês e crianças pequenas. Nesses casos, o desafio começa ainda na introdução
alimentar, passando por mudanças na dieta da mãe (em casos de amamentação),
seleção rigorosa de fórmulas infantis, além da leitura constante de rótulos —
já que o leite e seus derivados estão presentes em grande parte dos alimentos
industrializados.
Isso exige um acompanhamento
contínuo por profissionais de saúde e uma rede de apoio bem informada,
que entenda a seriedade da condição e contribua para um ambiente mais seguro e
acolhedor para a criança e sua família.
Pais e mães de
crianças alérgicas relatam um fardo emocional significativo, pois precisam
estar sempre vigilantes e, ao mesmo tempo, garantir que seus filhos tenham uma
infância minimamente normal. Isso inclui desde orientar professores e
cuidadores sobre o que pode ou não ser oferecido à criança, até preparar
lanches separados e lidar com eventuais exclusões sociais.
Nesse contexto,
a empatia das pessoas ao redor faz toda a diferença. Quando
escolas, restaurantes, empresas e até amigos próximos compreendem as implicações
da alergia alimentar, criam-se ambientes mais acolhedores e seguros — onde o
alérgico não é visto como alguém “complicado”, mas como parte de um grupo
diverso que precisa de adaptações legítimas.
O papel da informação confiável
Um dos principais
desafios para a conscientização é o excesso de informações imprecisas
ou incompletas, especialmente nas redes sociais. A mistura entre opiniões
pessoais, dietas da moda e diagnósticos não fundamentados contribui para
confusão e, em muitos casos, banaliza a gravidade das alergias
alimentares reais.
Por isso, é
essencial que conteúdos voltados à população geral sejam produzidos com base
científica, linguagem acessível e responsabilidade. Médicos, nutricionistas,
associações e blogs especializados têm papel fundamental na disseminação de
informações claras, atualizadas e embasadas. Além disso, é importante que a
imprensa e influenciadores tratem o tema com seriedade, evitando minimizar os
riscos envolvidos.
Ambientes mais preparados e inclusivos
A conscientização
não deve se restringir ao ambiente doméstico. É crucial que escolas,
creches, restaurantes, espaços de lazer e eventos públicos estejam
preparados para lidar com pessoas alérgicas. Isso inclui desde ações básicas —
como oferecer opções seguras no cardápio e treinar funcionários para reconhecer
sintomas de uma reação alérgica — até o desenvolvimento de protocolos de
emergência e o incentivo ao diálogo com as famílias.
Além disso, a
inclusão social de crianças e adultos alérgicos depende de atitudes simples,
mas poderosas: não oferecer alimentos sem checar os ingredientes, respeitar
restrições alimentares sem questionamentos ou piadas, e estar disposto a
aprender sobre as necessidades do outro.
Essas práticas não
exigem grandes investimentos, mas sim consciência e sensibilidade.
Ao normalizar esse tipo de cuidado, contribuímos para uma sociedade mais
inclusiva, na qual a diferença alimentar é respeitada como qualquer outra
condição de saúde.
Conscientizar é cuidar do coletivo
A longo prazo, a
disseminação de informações corretas e a sensibilização da sociedade ajudam não
apenas os alérgicos, mas a todos nós. Afinal, um ambiente mais seguro
para quem tem alergia é também um ambiente mais preparado, organizado
e atento aos detalhes, o que beneficia toda a coletividade.
Além disso, ao
ensinar as próximas gerações a lidarem com empatia e respeito às restrições
alimentares dos colegas, formamos cidadãos mais humanos, colaborativos e
conscientes do impacto de suas atitudes no bem-estar do outro.
Falar sobre
alergias alimentares com responsabilidade é um passo importante para
transformar realidades. Não basta tratar o tema apenas em campanhas pontuais ou
no mês da conscientização: é preciso trazer o assunto para o cotidiano — das
escolas aos locais de trabalho, da mídia aos grupos de amigos.
Referências:
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Diagnóstico e manejo da alergia alimentar:
revisão. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, São Paulo,
v. 35, n. 6, 2012. Disponível em: http://aaai-asbai.org.br/imageBank/pdf/v35n6a03.pdf.
ALERGIA AO LEITE DE
VACA. Tudo sobre APLV: informações, dicas e materiais de apoio para sua
jornada. Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/.
BRASIL. Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Alergia alimentar: o desafio
diário que exige atenção e apoio especializado. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/alergia-alimentar-o-desafio-diario-que-exige-atencao-e-apoio-especializado.
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