Porto Velho (RO) sexta-feira, 23 de maio de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Artigo

A importância da conscientização sobre alergias alimentares na sociedade


Foto: Freepik - Gente de Opinião
Foto: Freepik

As alergias alimentares afetam milhões de pessoas em todo o mundo e têm se tornado cada vez mais comuns, especialmente entre crianças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 8% das crianças e até 3% dos adultos apresentam algum tipo de alergia alimentar — sendo a alergia à proteína do leite de vaca (APLV), ao ovo, ao amendoim e aos frutos do mar as mais frequentes.

Apesar dessa prevalência significativa, o tema ainda é pouco compreendido fora do ambiente médico, o que contribui para riscos desnecessários e exclusão social.

A conscientização sobre as alergias alimentares vai muito além de saber o que pode ou não ser consumido. Trata-se de entender que estamos lidando com uma condição de saúde que pode levar a reações graves e até fatais, exigindo empatia, preparo e responsabilidade coletiva.

Ambientes escolares, restaurantes, festas, empresas e até mesmo círculos familiares precisam estar informados e prontos para acolher pessoas com essas restrições de maneira segura e respeitosa.

Neste contexto, promover conhecimento confiável, combater estigmas e criar espaços mais inclusivos se torna essencial. Afinal, quando a sociedade entende melhor as alergias alimentares, todos ganham: os indivíduos afetados se sentem mais seguros e respeitados, e os demais aprendem a conviver com mais cuidado e humanidade.

Alergia alimentar não é frescura, é condição de risco

Um dos maiores obstáculos enfrentados por pessoas com alergias alimentares e suas famílias é o desconhecimento social sobre a gravidade da condição. Há uma falsa percepção de que alergias se limitam a uma leve coceira ou desconforto, quando, na realidade, a exposição a quantidades mínimas de um alérgeno pode desencadear reações graves — incluindo anafilaxia, que é uma emergência médica com risco de morte.

Por isso, é fundamental que a sociedade compreenda que lidar com alergia alimentar não é uma escolha ou exagero, mas uma questão de sobrevivência. Esse entendimento só se torna possível por meio de ações contínuas de conscientização, que promovam conhecimento confiável e empatia.

O impacto das alergias alimentares na rotina

Para além das questões clínicas, as alergias alimentares impactam profundamente a vida cotidiana. Uma simples ida à escola, um lanche com amigos ou uma viagem em família se tornam eventos que exigem planejamento, preparo e, muitas vezes, explicações constantes.

Um exemplo muito comum é a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), que afeta principalmente bebês e crianças pequenas. Nesses casos, o desafio começa ainda na introdução alimentar, passando por mudanças na dieta da mãe (em casos de amamentação), seleção rigorosa de fórmulas infantis, além da leitura constante de rótulos — já que o leite e seus derivados estão presentes em grande parte dos alimentos industrializados.

Isso exige um acompanhamento contínuo por profissionais de saúde e uma rede de apoio bem informada, que entenda a seriedade da condição e contribua para um ambiente mais seguro e acolhedor para a criança e sua família.

Pais e mães de crianças alérgicas relatam um fardo emocional significativo, pois precisam estar sempre vigilantes e, ao mesmo tempo, garantir que seus filhos tenham uma infância minimamente normal. Isso inclui desde orientar professores e cuidadores sobre o que pode ou não ser oferecido à criança, até preparar lanches separados e lidar com eventuais exclusões sociais.

Nesse contexto, a empatia das pessoas ao redor faz toda a diferença. Quando escolas, restaurantes, empresas e até amigos próximos compreendem as implicações da alergia alimentar, criam-se ambientes mais acolhedores e seguros — onde o alérgico não é visto como alguém “complicado”, mas como parte de um grupo diverso que precisa de adaptações legítimas.

O papel da informação confiável

Um dos principais desafios para a conscientização é o excesso de informações imprecisas ou incompletas, especialmente nas redes sociais. A mistura entre opiniões pessoais, dietas da moda e diagnósticos não fundamentados contribui para confusão e, em muitos casos, banaliza a gravidade das alergias alimentares reais.

Por isso, é essencial que conteúdos voltados à população geral sejam produzidos com base científica, linguagem acessível e responsabilidade. Médicos, nutricionistas, associações e blogs especializados têm papel fundamental na disseminação de informações claras, atualizadas e embasadas. Além disso, é importante que a imprensa e influenciadores tratem o tema com seriedade, evitando minimizar os riscos envolvidos.

Ambientes mais preparados e inclusivos

A conscientização não deve se restringir ao ambiente doméstico. É crucial que escolas, creches, restaurantes, espaços de lazer e eventos públicos estejam preparados para lidar com pessoas alérgicas. Isso inclui desde ações básicas — como oferecer opções seguras no cardápio e treinar funcionários para reconhecer sintomas de uma reação alérgica — até o desenvolvimento de protocolos de emergência e o incentivo ao diálogo com as famílias.

Além disso, a inclusão social de crianças e adultos alérgicos depende de atitudes simples, mas poderosas: não oferecer alimentos sem checar os ingredientes, respeitar restrições alimentares sem questionamentos ou piadas, e estar disposto a aprender sobre as necessidades do outro.

Essas práticas não exigem grandes investimentos, mas sim consciência e sensibilidade. Ao normalizar esse tipo de cuidado, contribuímos para uma sociedade mais inclusiva, na qual a diferença alimentar é respeitada como qualquer outra condição de saúde.

Conscientizar é cuidar do coletivo

A longo prazo, a disseminação de informações corretas e a sensibilização da sociedade ajudam não apenas os alérgicos, mas a todos nós. Afinal, um ambiente mais seguro para quem tem alergia é também um ambiente mais preparado, organizado e atento aos detalhes, o que beneficia toda a coletividade.

Além disso, ao ensinar as próximas gerações a lidarem com empatia e respeito às restrições alimentares dos colegas, formamos cidadãos mais humanos, colaborativos e conscientes do impacto de suas atitudes no bem-estar do outro.

Falar sobre alergias alimentares com responsabilidade é um passo importante para transformar realidades. Não basta tratar o tema apenas em campanhas pontuais ou no mês da conscientização: é preciso trazer o assunto para o cotidiano — das escolas aos locais de trabalho, da mídia aos grupos de amigos.

Referências:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Diagnóstico e manejo da alergia alimentar: revisão. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, São Paulo, v. 35, n. 6, 2012. Disponível em: http://aaai-asbai.org.br/imageBank/pdf/v35n6a03.pdf.

ALERGIA AO LEITE DE VACA. Tudo sobre APLV: informações, dicas e materiais de apoio para sua jornada. Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/.

BRASIL. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Alergia alimentar: o desafio diário que exige atenção e apoio especializado. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/alergia-alimentar-o-desafio-diario-que-exige-atencao-e-apoio-especializado.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 23 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Transtornos mentais em crianças: saiba identificar os sinais

Transtornos mentais em crianças: saiba identificar os sinais

Durante a infância, as crianças adquirem habilidades, ganham segurança e começam a conhecer mais o ambiente que as cerca. Durante esse período também

Sobre mudanças no setor elétrico

Sobre mudanças no setor elétrico

Cada vez que se fala em liberalização, reestruturação, modernização, reforma do setor elétrico, o consumidor fica de “orelha em pé”. Sabe, pela expe

10 perguntas que o psicólogo faz na primeira consulta

10 perguntas que o psicólogo faz na primeira consulta

Marcar uma sessão de terapia pela primeira vez pode despertar sentimentos de insegurança e nervosismo.Muitas pessoas adiam a busca por ajuda profis

Rondônia: o novo protagonista do agronegócio e das exportações internacionais

Rondônia: o novo protagonista do agronegócio e das exportações internacionais

Nos últimos anos, o estado de Rondônia tem conquistado destaque no cenário internacional, ao se posicionar como um estado em pleno desenvolvimento e

Gente de Opinião Sexta-feira, 23 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)