Segunda-feira, 15 de outubro de 2007 - 19h52
Convenhamos: nem o deputado Garçom vai perder o mandato, nem está assim tão seguro no cargo como pretende fazer parecer. Nada foi decidido até agora no TSE sobre como será operado esse monstro criado pela decisão de impor a fidelidade partidária goela abaixo dos políticos. E o Tribunal ainda deixou um monte de brechas absolutamente subjetivas pelas quais até o deputado Euclides Maciel (aquele que parece culpado até no jeito de andar) está abusando do direito de reverberar sua tonitruante indignação de radialista interiorano em repetitivos e empostados discursos na rrrrrrrrrádio trrrrrrrrrribuna da assembléia. E a imprensa, sem nada minimamente mais inteligente prá fazer, repercute tudo.
Convenhamos: se houvesse a mínima dose de seriedade nisso tudo, o Tribunal Superior Eleitoral estaria fazendo que verdadeiramente lhe compete, que é julgar os casos de corrupção eleitoral, compra de votos e desvios de procedimento dentro da própria instituição, tudo devidamente engavetado enquanto os senhores ministros se apropriam indebitamente de atribuições da competência do legislativo. O TSE deixou de lado, por exemplo, as fortíssimas suspeitas de manipulação de resultados em urnas eletrônicas que pipocaram por todo o país. Nenhuma iniciativa. Nada. Nem ao menos optar por adicionar impressoras às urnas, permitindo a garantia de recontagem de votos e, por extensão, dotar o processo de um antídoto satisfatoriamente eficaz contra a inegavelmente óbvia possibilidade de alteração dos resultados. O processo é sujeito a falhas, como tudo o que se baseia na tecnologia digital, especialmente quando operada pelo elemento humano, mais vulnerável ainda.
Convenhamos: a reforma política deveria ser deixada por conta dos políticos. Sem invencionices nem fórmulas mirabolantes que só fazem assegurar a manutenção dos cargos pelos atuais titulares. Mas uma coisa simples pode ser aplicada, porque não atemoriza tanto assim os atuais parlamentares: acabar com as complicadíssimas fórmulas para cálculo dos coeficientes eleitorais. Basta aprovar o seguinte texto: “Art. 1º - Tá eleito quem for mais votado. Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário”. Pronto. O segundo colocado é o primeiro suplente e daí por diante. Afinal de contas, o que vale não é a vontade do eleitor? Então? Se Clodovil teve um caminhão de votos é porque cada um deles foi dado a ele. Não pode, portanto, a bem da razão, ser usado como sobra para puxar outra biba qualquer. Nada contra elas, é prudente deixar claro. Mas como cada político interessa-se mesmo, de verdade, comprovadamente, invariavelmente, apenas por si mesmo, é possível que a coisa até seja aprovada. E traria a vantagem adicional de colocar em seu devido lugar as siglas de aluguel, que sobrevivem graças a essas trapaças eleitorais aplicadas via coligações.
É a mãe!
No início do jogo da seleção contra a Colômbia, um jogador chamou a atenção de Galvão Bueno, da Globo. Era Falcão Garcia, jovem e talentoso atacante colombiano, cujo nome foi usado por Galvão para comentar: - Você sabia, Falcão (ex-jogador, atual comentarista da Globo), que o nome foi escolhido em sua homenagem?
E Falcão: “Fiquei sabendo no ano passado. Acho gratificante esse tipo de reconhecimento”.
- E você, Arnaldo, conhece algum Arnaldo Coelho?
O comentarista de arbitragem, normalmente mal humorado, negou: - “É difícil. Não se costuma homenagear os árbitros de futebol”.
Faltou dizer que de árbitros e narradores imbecis só se costuma homenagear as mães.
C.H.Angelo
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