(Agência O Globo)
O único dos 24 deputados da Assembléia Legislativa de Rondônia que não foi acusado de envolvimento no desvio de R$ 70 milhões dos cofres do estado, deputado Nerí Firigolo (PT-RO), disse que desconfiava que houvesse algum tipo de esquema irregular na Assembléia, mas que nunca denunciou por não ter provas. Ele afirmou que nunca foi convidado a fazer parte do esquema.
-Como cabe o ônus da prova a quem denuncia, você nunca tem provas reais para denunciar alguma coisa que você suspeita. Não que tivessem me oferecido nem que tivessem tentado me jogar no esquema, mas a gente sentia que alguma coisa estranha estava acontecendo no nosso estado.
Apesar de desconfiar da existência do esquema, o deputado disse que jamais pensou que o problema fosse tão grande a ponto de envolver instituições respeitadas como o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a própria Assembléia.
- No momento em que você tem um poder Legislativo praticamente quase todo dentro dessa situação, quando você vê pessoas do Ministério Público (envolvidas), a gente vai recorrer a quem nesse estado no momento em que você vê uma situação dessa?
Na semana passada, a Operação Dominó, da Polícia Federal, prendeu 23 pessoas dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário do estado acusadas de desvio de recursos públicos, vendas de sentenças judiciais, extorsão, lavagem de dinheiro e corrupção.
Entre os presos estão o ex-presidente do Tribunal de Justiça do estado, desembargador Sebastião Teixeira Chaves, e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Carlão Oliveira.
A Assembléia Legislativa enviou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedido de custódia do deputado Carlão. Caso seja aceito, caberá ao órgão estadual cuidar do processo contra o deputado. Nerí Firigolo se manifestou contra a prática.
- A minha posição seria clara. Deixar que a Justiça tome conta e vá até o final das investigações. Se estivesse no plenário (da Assembléia do estado), o meu voto seria para deixar que a prisão fosse resolvida pela própria Polícia Federal, pelos próprios órgãos que têm competência para resolver essa situação - disse.
As investigações envolvem, ainda, Carlos Magno, ex-chefe da Casa Civil do estado e que também foi preso pela operação. A prisão dele pode envolver, também, o governador do estado, Ivo Cassol, no esquema de desvio de recursos.
- A Casa Civil é praticamente o cérebro do governo do estado. Se a polícia já prendeu e tem indícios para prender, eu acredito que a polícia vai apurar. Estou aguardando porque, para dizer que o governador está envolvido, eu teria de ter o ônus da prova, mas acho que já tem um caminho, que já está nas mãos da Justiça. Eu espero que a Justiça investigue, se ele tiver culpa, que seja punido, se não tiver, que seja inocentado - afirmou Firigolo.
O deputado não sabe qual é o futuro da Assembléia do estado, já que 23 dos 24 deputados foram acusados de envolvimento no esquema.
- Não sei qual será o desfecho dessa situação, porque na verdade, do jeito que está, com um envolvimento muito grande, não tenho nem como dizer qual é o caminho. Sou apenas um dentro de uma maioria absoluta - desabafou.
Domingo, 20 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)