Jailton de Carvalho (Agência O Globo)
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira 46 pessoas acusadas de envolvimento num esquema de concessão ilegal de autorização para transporte de produtos florestais (ATPF). Entre os presos estão o procurador do Ibama Joaquim Gomes de Oliveira e mais 16 fiscais e funcionários da agência do instituto no Amapá, base de operação da quadrilha.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, as investigações tiveram início a partir de uma denúncia dos próprios funcionários do Ibama, que descobriram a fraude praticada pelos colegas. Marina Silva disse também que o esquema é antigo e só agora, graças a uma rigorosa fiscalização interna, é que as fraudes vieram à tona.
- Esses crimes vinham sendo praticados há décadas - disse Marina, que evitou fazer críticas específicas a seus antecessores no cargo.
Segundo o delegado da PF Jorge Pontes, as investigações começaram há menos de um ano, mas há indícios de atuação do grupo há mais de cinco anos.
- O Ibama do Amapá era um grande pólo emissor de ATPFs ilegais e criminosas para encobrir desmatamentos clandestinos em outros estados - disse o delegado.
Pelos levantamentos da Polícia Federal, a maioria das ATPFs era concedida para extração ilegal de madeira em Santa Catarina. Essa foi a segunda maior operação de repressão aos crimes contra o meio ambiente já realizada no país e contou com a participação de 250 policiais.
As ATPFs eram negociadas entre R$ 1 mil e R$ 5 mil cada e serviam para legitimar o corte ilegal de madeira. Nos últimos meses, a PF estima que foram movimentados cerca de R$ 53 milhões na comercialização de produtos florestais.
A operação foi chamada de Isaías, em referência a uma profecia de Isaías que diz: "Restarão tão poucas árvores em sua floresta, que um menino poderá contá-las". 
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