Carolina Brígido - Agência O Globo
RIO e BRASÍLIA - A epidemia de Dengue do Mato Grosso do Sul já atingiu quase 42 mil pessoas e 66% dos casos estão concentrados em Campo Grande. A doença está provocando o caos no atendimento médico, com mais de 15 horas de espera em alguns outros estados. A sexta vítima da epidemia de dengue no Estado foi enterrada neste sábado.
Em Campo Grande, as férias de médicos e enfermeiros foram canceladas mas as filas continuam nos hospitais públicos.
Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue registrados neste ano no país já superam em 17,96% o número registrado no mesmo período em 2006. Dados preliminares do Ministério da Saúde colhidos até o dia 26 de fevereiro revelam que foram notificados 53.146 casos em todo o território nacional.
Como grande parte dos estados apresentou percentuais de focos da doença inferiores aos registrados no ano passado, o governo alega que o aumento nacional teria sido provocado especificamente pelo surto em Mato Grosso do Sul, que já atingiu proporções de endemia, segundo o Ministério.
No Paraná, também houve aumento da dengue em comparação ao mesmo período de 2006. Mas o governo garante a situação está controlada neste estado, sem configuração de epidemia.
A lista dos estados mais afetados com a dengue inclui Mato Grosso, com 4.350 casos (8,2% do total nacional); Minas Gerais, com 3.318 (6,2%); Tocantins, com 2.197 (4,1%); Paraná, com 2.021 (3,8%), e Goiás, com 1.935 (3,6%).
No Rio de Janeiro, dados compilados na quarta-feira pela Secretaria de Saúde revelam que foram encontrados 4.196 focos de dengue no estado nos dois primeiro meses do ano - ou seja, 7,8% dos casos no Brasil. O Ministério da Saúde comemorou os dados do Rio, que são menores dos que os 5.347 focos da doença registrados no mesmo período em 2006.
- Continuamos tratando a dengue no Brasil como questão prioritária e estamos trabalhando para controlar a situação no Rio também - disse o Secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Fabiano Pimenta.
O ministério dispõe de dados do Rio de Janeiro divididos por município apenas referentes a janeiro, quando haviam sido encontrados 1.284 focos de dengue no estado. Segundo essas informações, a maior ocorrência era na capital, com 428 notificações, e Itaperuna, com 352. Ainda em janeiro foi registrado um caso de febre hemorrágica da dengue seguido de morte no estado.
O governo acredita que a situação alarmante em Mato Grosso do Sul foi alcançada devido a uma série de fatores. Acredita-se que o mais importante deles é o climático. Com a intensidade das chuvas e a ocorrênciadelas mais cedo do que o normal, o mosquito Aedes aegypti, transmissor do mal, teria encontrado mais condições de se proliferar com mais intensidade.
Outro fator do aumento da dengue no estado, segundo as explicações do ministério, teria sido porque 25% das residências que os agentes de saúde tentaram visitar estavam fechadas ou os moradores impediram a entrada dos profissionais para realizar o trabalho de extermínio dos focos da doença.
O terceiro motivo teria sido a suscetibilidade imunológica da população ao sorotipo 3 da doença - que já circulou em outros locais no Brasil, mas nunca havia se proliferado com tanta intensidade no Mato Grosso do Sul.
- Estamos fazendo um trabalho de conscientização da população para auxiliar o poder público a combater a epidemia - resumiu Pimenta.

Domingo, 25 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)