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CAPES premiou tese sobre conflito ambiental nuclear na Bahia

Protesto antinuclear em Caetité, sede da única mineração de urânio em operação na América Latina


CAPES premiou tese sobre conflito ambiental nuclear na Bahia - Gente de Opinião

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) premia as melhores teses de doutorado defendidas no Brasil nas áreas de avaliação definidas pela Fundação e que fazem parte do Sistema Nacional de Pós-Graduação. Considerado o Oscar da Ciência Brasileira, o Prêmio CAPES de Teses concedeu Menção Honrosa ao trabalho Fazendo a ciência não-feita: a produção de contra-expertises diante da mineração de urânio em Caetité (BA) do pesquisador Bruno Lucas Saliba de Paula (mestrado em Sociologia pela UNB).

Destacamos a importância desta premiação ser concedida a uma relevante análise dos impactos da mineração de urânio em Caetité que vem sendo alvo de diversas investigações acadêmicas. Este trabalho por certo contribuirá muito para a ampliação do conhecimento e do debate sobre a nefasta ação da indústria nuclear no sertão da Bahia, onde acontece a primeira fase do ciclo de produção da energia nuclear, hoje falsamente apontada como solução para o enfrentamento das mudanças climáticas.

A partir dos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia, a pesquisa abrangeu as dimensões epistêmicas do conflito ambiental relativo à mineração e ao beneficiamento de urânio realizado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), na Bahia. Desde o início das atividades (1999), a empresa é alvo de contestações, já que a mineração atômica está associada a um quadro de adoecimento por radiação ionizante - com índices crescentes de câncer na região - e a contaminações ambientais.

O trabalho analisou a relação entre dois regimes de conhecimentos que perpassam essa questão: de um lado, a perspectiva científica especializada, presente principalmente nos posicionamentos do corpo técnico da INB e dos órgãos de fiscalização. Do outro lado, os conhecimentos alternativos produzidos por atingidos e movimentos sociais da região em parceria com cientistas independentes.

Os resultados indicam que a ciência da INB opera de duas formas: a primeira, associada a uma postura pretensamente neutra e tecnocrática, trata como naturais as contaminações ambientais e tenta abafar suspeitas e controvérsias vindas da população local; a segunda, típica de uma “ciência não-feita”, é atrelada à produção ativa de uma condição de ignorância que distancia os caetiteenses de informações que os ajudariam a compreender melhor os riscos a que estão submetidos.

Em contrapartida, os atingidos e movimentos sociais indicam uma relação direta entre a mineração e as contaminações. Nesse caso, foram observadas iniciativas de “contra-expertise” por parte dos ativistas, que operariam de forma a produzir, junto a especialistas independentes, novas evidências e a fomentar debates sobre questões negligenciadas, preenchendo as lacunas deixadas por uma “ciência não-feita”.

A partir dos dados examinados, o autor da tese propôs uma síntese teórico-conceitual referente aos diversos tipos de expertise, que variam conforme os espaços em que são produzidas – se em instituições convencionais ou independentes – e o grau de neutralidade ou situacionalidade que reivindicam para si. Inspirado nas epistemologias feministas, ele argumenta que as ciências se tornam mais potentes e adquirem uma “objetividade forte” ao assumirem seu engajamento com pautas de grupos subalternizados. E ressalta a necessidade de que populações atingidas por conflitos ambientais tenham protagonismo não só em processos decisórios, mas também de produção de conhecimento sobre suas situações, de forma a fomentar a democratização da ciência e da tecnologia.

Publicada em julho deste ano, a íntegra da tese está no link https://repositorio.unb.br/jspui/handle/10482/49027

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