Porto Velho (RO) sexta-feira, 13 de junho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Justiça

MPF atua para regularizar mais de 20 mil hectares de terras públicas federais em Rondônia

Incra atende MPF e designa equipe para levantamento fundiário na gleba Vertente, em Nova Mamoré, área de conflitos e ocupações irregulares


Arte: Comunicação/MPF. - Gente de Opinião
Arte: Comunicação/MPF.

A atuação do Ministério Público Federal (MPF) resultou em um importante passo para a regularização fundiária de mais de 20 mil hectares de terras públicas da União, localizadas na gleba federal Vertente, no município de Nova Mamoré (RO). Após diligências conduzidas pelo MPF, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) designou equipe técnica para realizar levantamento ocupacional e cartográfico da área.

A gleba Vertente é uma extensa região de terras públicas marcada por disputas fundiárias, conflitos e ausência de regularização. A falta de destinação legal dessas áreas favorece a especulação imobiliária, grilagem e apropriação indevida, além de alimentar conflitos possessórios, episódios de violência no campo e até mortes. Esse cenário também representa grave prejuízo ao patrimônio público, ao possibilitar o enriquecimento ilícito de poucos em detrimento do interesse coletivo.

Estudos com base nos parâmetros do valor da terra nua (VTN), divulgados pelo Incra para o ano de 2024, estimam que a área tenha um valor médio de R$ 64 milhões. No entanto, se levado em conta o valor de mercado, como nos casos de desapropriações, projeções indicam que a gleba pode ultrapassar R$ 600 milhões em valor total.

De acordo com o procurador regional dos Direitos do Cidadão em Rondônia, Raphael Bevilaqua, “o MPF apura as questões fundiárias relativas à gleba Vertente desde 2019, por meio de inquérito civil público. Com a concordância do Incra em adotar as medidas propostas para iniciar o processo de regularização da área, o inquérito será arquivado e um procedimento administrativo será instaurado para acompanhar os desdobramentos”, afirmou.

Impactos sociais, econômicos e ambientais

A ausência de regularização fundiária compromete não apenas o direito à terra, mas também a segurança jurídica e o desenvolvimento da região. Do ponto de vista econômico, produtores que ocupam áreas de forma irregular enfrentam dificuldades para obter crédito rural e acessar linhas de financiamento, o que limita a expansão da atividade produtiva e prejudica a comercialização de seus produtos.

Para o MPF, a situação também alimenta práticas criminosas. Em muitos casos, ocupantes ilegais utilizam meios fraudulentos para acessar recursos públicos, como apresentar áreas legalizadas como fachada para obtenção de financiamentos voltados a regiões ainda irregulares. Além disso, é comum a contratação de pistoleiros para proteger terras ocupadas ilegalmente, contribuindo para o agravamento da violência e da insegurança no campo.

Do ponto de vista ambiental, a falta de controle sobre essas áreas leva ao desmatamento ilegal e à exploração clandestina de madeira, dificultando ações de fiscalização e comprometendo programas como o Carne Legal, que exige rastreabilidade na produção pecuária. Há indícios de que, em certos casos, produtores fazem uso da triangulação de rebanhos, utilizando áreas sem embargo para disfarçar a origem da produção, como forma de driblar a fiscalização.

Outro fator relevante é a localização da gleba Vertente dentro da faixa de fronteira, uma área estratégica de até 150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres brasileiras. A região é considerada essencial para a defesa nacional, o que reforça a necessidade de regularização fundiária e de atuação coordenada do Estado.

Com a ação do MPF e a resposta do Incra, a expectativa é de que o levantamento técnico possibilite a destinação adequada das terras, contribua para a pacificação de conflitos, promova o desenvolvimento sustentável e proteja o meio ambiente e o patrimônio público.

Inquérito Civil nº 1.31.000.000824/2019-76

Gente de OpiniãoSexta-feira, 13 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

MPF visita terras indígenas em Guajará-Mirim (RO) para dialogar com comunidades e coletar demandas

MPF visita terras indígenas em Guajará-Mirim (RO) para dialogar com comunidades e coletar demandas

O Ministério Público Federal (MPF) realizou uma série de visitas às terras indígenas Rio Negro Ocaia e Pacaás Novos, em Guajará-Mirim (RO). O objetiv

Dia Mundial contra o Trabalho Infantil: 10 perguntas e respostas para entender e combater o problema

Dia Mundial contra o Trabalho Infantil: 10 perguntas e respostas para entender e combater o problema

Em 2015, o Brasil assumiu o compromisso de eliminar o trabalho infantil até 2025, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Orga

Após cobranças do MPF, Incra promove lotação de procurador federal na superintendência de Rondônia

Após cobranças do MPF, Incra promove lotação de procurador federal na superintendência de Rondônia

A atuação do Ministério Público Federal (MPF) em Rondônia resultou na lotação de um procurador federal para assessoramento jurídico ao Instituto Nac

 MPRO e Receita Estadual alinham ações para agilizar audiências em casos de ilícitos tributários

MPRO e Receita Estadual alinham ações para agilizar audiências em casos de ilícitos tributários

Para melhorar a recuperação de recursos públicos e reforçar o combate aos crimes contra a ordem tributária, o Ministério Público de Rondônia (MPRO) e

Gente de Opinião Sexta-feira, 13 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)