Quarta-feira, 11 de junho de 2025 - 16h04
A atuação do Ministério Público Federal (MPF)
resultou em um importante passo para a regularização fundiária de mais de 20
mil hectares de terras públicas da União, localizadas na gleba federal
Vertente, no município de Nova Mamoré (RO). Após diligências conduzidas pelo
MPF, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) designou
equipe técnica para realizar levantamento ocupacional e cartográfico da área.
A gleba
Vertente é uma extensa região de terras públicas marcada por disputas
fundiárias, conflitos e ausência de regularização. A falta de destinação legal
dessas áreas favorece a especulação imobiliária, grilagem e apropriação
indevida, além de alimentar conflitos possessórios, episódios de violência no
campo e até mortes. Esse cenário também representa grave prejuízo ao patrimônio
público, ao possibilitar o enriquecimento ilícito de poucos em detrimento do
interesse coletivo.
Estudos com
base nos parâmetros do valor da terra nua (VTN), divulgados pelo Incra para o
ano de 2024, estimam que a área tenha um valor médio de R$ 64 milhões. No
entanto, se levado em conta o valor de mercado, como nos casos de
desapropriações, projeções indicam que a gleba pode ultrapassar R$ 600 milhões
em valor total.
De acordo com
o procurador regional dos Direitos do Cidadão em Rondônia, Raphael Bevilaqua,
“o MPF apura as questões fundiárias relativas à gleba Vertente desde 2019, por
meio de inquérito civil público. Com a concordância do Incra em adotar as
medidas propostas para iniciar o processo de regularização da área, o inquérito
será arquivado e um procedimento administrativo será instaurado para acompanhar
os desdobramentos”, afirmou.
Impactos sociais, econômicos e ambientais
A ausência de
regularização fundiária compromete não apenas o direito à terra, mas também a
segurança jurídica e o desenvolvimento da região. Do ponto de vista econômico,
produtores que ocupam áreas de forma irregular enfrentam dificuldades para
obter crédito rural e acessar linhas de financiamento, o que limita a expansão
da atividade produtiva e prejudica a comercialização de seus produtos.
Para o MPF, a
situação também alimenta práticas criminosas. Em muitos casos, ocupantes
ilegais utilizam meios fraudulentos para acessar recursos públicos, como
apresentar áreas legalizadas como fachada para obtenção de financiamentos
voltados a regiões ainda irregulares. Além disso, é comum a contratação de
pistoleiros para proteger terras ocupadas ilegalmente, contribuindo para o
agravamento da violência e da insegurança no campo.
Do ponto de
vista ambiental, a falta de controle sobre essas áreas leva ao desmatamento
ilegal e à exploração clandestina de madeira, dificultando ações de
fiscalização e comprometendo programas como o Carne Legal, que exige
rastreabilidade na produção pecuária. Há indícios de que, em certos casos,
produtores fazem uso da triangulação de rebanhos, utilizando áreas sem embargo
para disfarçar a origem da produção, como forma de driblar a fiscalização.
Outro fator
relevante é a localização da gleba Vertente dentro da faixa de fronteira, uma
área estratégica de até 150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres
brasileiras. A região é considerada essencial para a defesa nacional, o que
reforça a necessidade de regularização fundiária e de atuação coordenada do
Estado.
Com a ação do
MPF e a resposta do Incra, a expectativa é de que o levantamento técnico
possibilite a destinação adequada das terras, contribua para a pacificação de
conflitos, promova o desenvolvimento sustentável e proteja o meio ambiente e o
patrimônio público.
Inquérito
Civil nº 1.31.000.000824/2019-76
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