Domingo, 4 de maio de 2025 - 08h20
A AÇÃO
DAS ENTIDADES
A
denominada “Missão de Solidariedade” foi organizada pelo Centro Brasileiro de
Solidariedade aos Povos (CEBRASPO) e ocorreu nos dias 12 e 13 de abril de 2025
para ouvir camponeses e camponesas da área Gedeon José Duque, alvo de ataques
de pistoleiros nos últimos dias; além de verificar in loco as condições
físicas e emocionais das famílias, coletar depoimentos e registro dos
incidentes e realizar visita as áreas camponesas Valdiro Chagas, Gonzalo e
comunidades das adjacências no município de Machadinho D’Oeste.
“Com base
nos dados coletados, a Missão também se propôs a produzir um relatório
circunstanciado, com base na coleta de informações que eventualmente
identifique crimes cometidos por pistoleiros (guaxebas), latifundiários,
agentes das forças de Segurança Pública e de outros órgãos estatais, além de
levantar possíveis omissões do Poder Público. O Relatório, após concluído será
enviado para o conjunto de entidades de defesa de Direitos Humanos a nível
regional, nacional e internacional; bem como a entidades de classe e movimentos
sociais”, relata a presidente do CEBRASPO, Maria de Fátima S. de Andreazzi,
professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Durante
dois dias a comissão realizou visitas a moradores das áreas camponesas Valdiro
Chagas, Gedeon, Gonzalo e Amigos do Campo. Além de coletar informações, depoimentos,
realizar registros fotográfico das produções e atendimento médico, a comissão
acompanhou a realização de uma Assembleia na área Valdiro Chagas e pode
acompanhar os preparativos de organização de um ato público (preparação de
alimentos, confecção de bandeiras, faixas, etc.) além de compor a mesa do ato
realizado no domingo, 13 de abril. Mais de 130 pessoas participaram desta
atividade, onde famílias camponesas puderam denunciar inúmeras violências
sofridas. Ao final da atividade, grande parte dos participantes tomou
parte na leitura de um manifesto e solicitaram que fosse encaminhado a todos os
Órgãos públicos e à imprensa.
A
atividade de coleta de depoimentos foram realizadas em conjunto com pesquisadores do Laboratório de
Gestão do Território (LAGET/UNIR), do Grupo de Pesquisa em Gestão do Território
e Geografia Agrária da Amazônia (GTGA/CNPq); de pesquisadores do Grupo de
Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR-UNIR); de
Pesquisadores do Núcleo de Estudos Históricos e Literários - NEHLI/IFRO; de
integrantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior – ANDES-SN, da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe);
do Diretório Central dos Estudantes/DCE-UNIR e Centros Acadêmicos, além de
representação do CEBRASPO, ABRAPO e de correspondentes de imprensa.
CHEFE DA
PISTOLAGEM IDENTIFICADO E CRIMES COMETIDOS
Pânico e
terror eram visíveis nos rostos das dezenas de famílias que se encontravam
reunidas. Crianças, mulheres e homens tiveram que deixar seus barracos, após o
início dos ataques que ocorreram no dia 30 de março, quando Gesulino Cesar Travagine Castro,
incendiou a entrada do acampamento e avançou com um grupo de pistoleiros
fortemente armados.
O chefe
da pistolagem fez questão de postar suas ações na rede social Instagram, que
mostra o local onde havia a placa da entrada do acampamento destruída e
incendiada e a cerca que começaram a construir na área. No momento da
destruição, os pistoleiros afirmaram no vídeo que estavam cumprindo “reintegração
de posse que o juiz ordenou”, debochando do Judiciário rondoniense (vídeos
em anexo). Nos depoimentos coletados, foram colocados nomes fictícios, uma vez
que as famílias temem pelas suas vidas.
No dia 31
de março, novo ataque ao acampamento foi feito pela fundiária da área, conforme
relatado pelas famílias de Mateus e João Batista. Segundo
relataram os camponeses, a agressão iniciou por volta das 14 horas, quando
começaram a atirar rumo aos barracos das famílias. Os camponeses se defenderam
como puderam, revidando o ataque com espingardas de caça e se refugiaram na
floresta. Contudo, quando conseguiram retornar aos seus barracos, constataram
que muitos foram destruídos pela ação do fogo, com marcas de tiros; animais de
criação sumiram, outros foram mortos ou feridos. “Um horror! Fugimos com a
roupa do corpo, levando as crianças”, afirma Maria, esposa de João
Batista. “O que mais nos entristece é que o pouco que tínhamos, foi
destruído pelos guaxebas, liderados por esse tal Gesulino”, desabafou Raquel,
esposa de Mateus.
Outro
casal de agricultores, Ester e Marcos, registraram com fotos um
dos barracos, com um cão ferido: “Nem os animais eles pouparam! Se fazem
isso com a gente, imagine com as nossas criações e roças. Destruíram tudo! Mas
nós voltamos e vamos lutar, porque essa terra é nossa”, afirmaram. Uma
semana após os primeiros incidentes, inúmeros relatos denunciam que mais de 10
caminhonetes com homens fortemente armados circulam na região e se concentram
na entrada da área. Uma grande movimentação que conta com a participação de
viaturas da Polícia Militar, retroescavadeiras e tratores. “Eles querem
expulsar todos daqui e ainda por cima, destruir a floresta, nessas horas
não se vê o IBAMA ou SEDAM intervindo”, afirmou Calebe. “Eles
nos chamam de bandidos, mas essa terra era pra ser destinada para a reforma
agrária e aparece esse grileiro e assassino se dizendo dono. Essas terras são
dos que querem viver e trabalhar! Veja as nossas roças e nossos calos nas mãos”,
se emociona Noemi.
As
famílias se referem a Gesulino Cesar Travagine Castro – o que agora se
apresenta como suposto dono – que, segundo eles, deveria estar preso por ser o
mandante de diversos homicídios, coordenar a pistolagem na região de Ariquemes
e já ser condenado por uma chacina ocorrida em abril de 2012 na cidade de
Buritis, na Linha C-34, Projeto de Assentamento Rio Alto. Na ocasião, seis
pessoas morreram, o crime foi elucidado pela polícia civil e Gesulino confessou
ser o mandante da ação que vitimou agricultores e compradores de gado (Fonte: https://rondoniaovivo.com/noticia/geral/2012/05/30/buritis-justica-nega-habeas-corpus-a-gesulino-castro-mandante-de-chacina.html)
O
incidente ganhou repercussão à época uma vez que um policial civil e um
policial penal que faziam segurança privada também foram mortos na emboscada
organizada pelo chefe da pistolagem. Gesulino César teve sua prisão decretada
por, em tese, ter praticado o crime previsto no art. 121 (homicídio), §2º, I
(mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe) e IV (à
traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido) do Código Penal, por cinco vezes.
(Disponível em: https://www.rondoniagora.com/policia/justica-mantem-preso-acusado-de-5-homicidios-em-buritis
e https://sgc.com.br/noticia/5/397362)
O
mandante da Chacina de Buritis, mesmo condenado segue solto, apesar de cometer
outro crime em 2014 e ter sido preso em flagrante na cidade de Ariquemes com
armas e coletes. (https://www.extraderondonia.com.br/sistema/2014/01/03/dupla-envolvida-em-chacina-e-presa-com-armamento-e-colete/).
Embora amplamente denunciada a sua atuação nos ataques contra agricultores e a
longa lista de processos que responde, Gesulino segue atuando na região de
Machadinho D’Oeste e o clima de tensão tem aumentado nos últimos dias.
Em nova
investida contra o acampamento Gedeon no último dia 26 de abril, um grupo de
pistoleiros seguia escoltando uma equipe de trabalhadores que estavam fazendo
derrubada em uma área de mata na área do acampamento. Conforme denúncia dos
acampados, os pistoleiros abriram fogo contra as famílias, utilizando os
trabalhadores como escudo humano. No incidente, 04 trabalhadores foram feridos
e um outro foi deixado para trás. “Não somos criminosos, prova disso é que
não fizemos nenhum mal contra o trabalhador que ficou para trás”, afirmou
um dos camponeses. O clima de terror tem seguido nos projetos de assentamentos
vizinhos, com relatos de que pistoleiros invadem casas, ameaçaram e agrediram
pessoas nas estradas vicinais no último dia 28 de abril.
O
Relatório circunstanciado com imagens e depoimentos será disponibilizado nos
próximos dias e será encaminhado aos órgãos governamentais e à imprensa.
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