Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019 - 08h37
Recentemente a
ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares “goiabeira” Alves afirmou por meio de um vídeo publicado nas redes
sociais que em uma escola daqui de Porto Velho foi aplicada uma prova que
mostrava pornografia em uma de suas questões. Segundo a ministra do “Mito”, numa tirinha da Turma da Mônica
de Maurício de Souza havia diálogos “totalmente
imorais” dos personagens. A ministra não citou o nome da escola nem deu
muitos detalhes sobre as pessoas envolvidas no episódio, mas eu já sei qual é a
escola citada por ela. É a escola Professor João Bento da Costa, uma das
melhores escolas públicas de Rondônia, e o professor sou eu, o Professor
Nazareno. Porém, a imoralidade que citei diante de meus alunos em sala de aula
não usava nenhuma tirinha de gibi e também não fazia parte de nenhuma
avaliação.
Eu tive a ousadia de certa vez dizer
para os meus pupilos que o Brasil tem um dos piores sistemas de educação do
mundo, segundo o Pisa. Existe “putaria”
pior do que essa? Falei para eles que enquanto no Primeiro Mundo as escolas são
de tempo integral já há várias décadas e que lá os professores são muito bem
remunerados e reconhecidos pelo Poder Público, no país da “ministra da goiabeira” essas questões sequer são discutidas pela
classe dirigente que se reveza no poder. Disse-lhes também que todos os
governos do Brasil, inclusive um de esquerda que recentemente nos governou,
jamais valorizaram a educação, os professores e as escolas. A sociedade
nacional também compartilha desse pensamento estúpido e que por isso vivemos em
uma das nações mais injustas e violentas do mundo. “Aqui, quem tem um olho emigra”.
A ministra Damares não falou, mas eu
disse em sala de aula outra grande “indecência”:
o problema do atraso no nosso sistema de educação não é ideologia de gênero,
esquerdismo exagerado, ideologização ou escola com partido, já que a maioria
dos alunos não sabe nem o que significam essas palavras. O “problema” aqui é outro: desvalorização
do professor, falta de material didático-pedagógico, ausência dos pais na vida
escolar dos filhos, falta de recursos, escolas caindo aos pedaços, drogas na
porta dos estabelecimentos, violência contra os educadores, governos
despreparados, falta de merenda e de transporte escolar. Cantar o hino nacional
e fazer ordem unida, por exemplo, não leva ninguém a lugar nenhum. Outro dia
disse à molecada que estamos numa nova era no Brasil: “as meninas sequestram índios e os meninos criam milícias”.
Existe “obscenidade” pior no Brasil do que um aluno passar doze anos na escola pública e de lá sair semianalfabeto? É isso que às vezes digo sem nenhum acanhamento para os meus meninos. Muitos ficam envergonhados com tanta “devassidão”. Durante minhas explanações muitas vezes cito Nietzsche, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Simone de Beauvoir, Sartre, Karl Marx, Foucault, Carlos Drummond dentre muitos outros autores e personagens “imorais” da História e da Literatura. Só não caio na tolice de lhes dizer que “a terra é plana” que “menina veste rosa e menino veste azul” ou que “Jesus costuma subir em pés de goiabas”. Sou imoral e indecente mesmo: costumo mostrar a realidade para todos os meus pupilos. Tento ensinar-lhes a pensar embora não consiga fazer isso com todos eles. Será que a “ministra da goiaba” viu algumas das notas de redação dos alunos do JBC no último Enem? Acho que ela ficaria horrorizada.
*É
Professor em Porto Velho.
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