Quarta-feira, 2 de setembro de 2015 - 09h01
Por Humberto Pinho da Silva
Nos anos sessenta apareceu por nossa casa, universitária francesa, que viera ao Porto ao abrigo de programa de intercâmbio de estudantes.
Era jovem de pouco mais de dezoito anos, moderna, desempoeirada, que tinha atitudes e costumes a que não estávamos habituados.
Um deles era beijar os homens. Prima de meu pai, que a recebeu em sua casa, incomodava-se com esse “feio” hábito de beijocar os rapazes da família.
Com severidade a repreendia e terminava dizendo-lhe:
- “ Parece mal! …”
- “ Parece mal?! … Porquê?! Que mal há em beijar um homem?! …”
E como avisasse que em Portugal não era costume, principalmente rapazes que não fossem de família, a francesa reclamava desolada:
- “ Na minha terra todos se beijam e ninguém leva a mal! …”
Hoje as moças beijam jovens da sua idade ou mais velhos. É normal – beijam colegas de trabalho, de escola, namorados…e ninguém repara.
Mas nessa recuada época, em Portugal, não era costume, e o que não era costume, para minha boa prima, parecia mal.
Conheço senhora que durante anos recusou usar meias elásticas, porque parecia mal.
Outra, já idosa, que apesar de saber que sapatos de tacão alto são perigosos para sua saúde, não deixa de os trazer, porque o raso não faz toalhete…
Homem que tinha vertigens, a ponto de recear andar sozinho na rua, não usava bengala, porque era coisa de velhos…
Desde que a consciência não acuse nem se ofenda ou se escandalize o semelhante, acho que cada um deve usar o que goste ou precisa, indiferente à moda ou ao “parece mal”.
A moda e o “parece mal”, na maioria das vezes, são convenções, que se alteram consoante o tempo e o lugar.
Dizia D. Francisco Manuel de Melo, que tinha na sua livraria um livro de Alonso Carraça, criticando as guedelhas, e outro de Pedro Mexia, que censurava os homens tosquiados, e conclui – a razão é o uso; e termina: “São coisas que não sendo más nem boas, o uso as faz boas ou não.”
Ande cada um conforme precisa e haja do jeito que mais lhe agrade, indiferente à critica ou ao “parece mal”.
Minha querida prima toda se arrepelava pelo facto da francesa beijar os homens, coisa que hoje todos fazem e ninguém vê nisso malícia ou ousadia.
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