Domingo, 4 de setembro de 2016 - 22h06
Nos pouco mais de 100 dias de interinidade, Michel Temer colocou em prática aquilo que fez durante toda a sua vida: articulação política. Negociou cargos, favores, prebendas e, assim, garantiu os votos necessários para a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff, que o efetivou na presidência da República, antes da viagem à China, para o encontro do G20. Com 61 votos, quase tudo saiu como ele planejava, inclusive a preservação dos direitos de Dilma, que contribui para uma certa distensão com o PT e favorece seu aliado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que poderá ser cassado neste mês de setembro, mas sem sofrer uma derrota completa.
Os problemas de Temer começam agora, quando ele terá que fazer algo que nunca fez: comandar um País que vive a mais profunda recessão de sua história, potencializada por dois anos de uma absurda crise política. Na economia, o quadro é devastador. A produção nacional caiu 0,6% no segundo trimestre, já sob Temer, a dívida interna caminha para chegar a 80% do PIB em 2017, a inflação não cedeu e continua na casa dos 7,5% e o desemprego foi a 11,6%, atingindo 12 milhões brasileiros. Pior: estima-se que o número chegará a 13 milhões até o fim do ano.
O Brasil de 2016, na verdade, reproduz um círculo vicioso de espiral negativa em que menos emprego produz menos consumo, menos crescimento e menos arrecadação – por sinal, o déficit fiscal em julho foi de R$ 18 bilhões, o maior de todos os tempos. A grande aposta, portanto, seria a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que congela os gastos públicos e, pelo menos, da reforma da Previdência. No entanto, aliados do Centrão, já deixaram claro que só votam temas espinhosos depois das eleições municipais. Como as reformas não avançam, PSDB e DEM, que pretendiam usar Temer como marionete para a condução da agenda econômica que defendem, já ameaçam se rebelar. E as labaredas do fogo amigo são cada vez mais intensas – até porque cresce a percepção de que Henrique Meirelles poderá emergir como o mais provável candidato do bloco governista em 2018, no lugar dos quadros tradicionais do PSDB,
A esse quadro, somam-se os intensos protestos de rua contra o impeachment e a volta do PT para uma posição bem mais confortável: a de oposição e, mais do que isso, de vítima de um “golpe parlamentar”. Ou seja: enquanto Temer bate cabeça com seus aliados para impor uma agenda de sacrifícios, o ex-presidente Lula organiza uma frente ampla de partidos de esquerda para preparar suacandidatura e prometer a volta dos bons tempos, em que direitos eram ampliados – e não suprimidos.
Leonardo Attuch / Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste
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