Tomara que a discussão sobre educação não se esgote nela mesma. Costuma-se essa discussão ser recorrente, principalmente sobre problemas insolúveis. Há muito tempo tem sido assim com a violência. Quanto mais se discute, mais ela tem crescido.
O erro começa por um debate superficial e não analítico. Todos vibram como se fosse numa partida de futebol. Nenhum especialista falou nada mais do que repasse de verba. Eis o perigo, porque nossas autoridades nunca controlam as verbas repassadas. Um exemplo são livros distribuídos que a imprensa noticiou que, novinhos e sem utilização, estavam servindo à reciclagem.
A análise de alunos iniciantes não passa de fumaça. O provão foi criado com a mesma espuma e não melhorou em nada a qualidade dos alunos nem das faculdades. Com o Enem ocorreu o mesmo.
Primeiro, precisaria colocar em prática que todo professor fizesse um curso superior em sua área de atuação. Depois, que se fechassem efetivamente as instituições com qualidade ruim.
Avaliações periódicas dos professores, retirando das salas aqueles sem qualificação seria outra medida imprescindível. Existem aos borbotões.
Seria necessário estabelecer metas no nível de conhecimento para as várias etapas do ensino. Por que o colégio particular ensina e o público não? Quem completasse o ensino médio deveria adquirir conhecimento mínimo X. Os de nível médio deveriam saber Y. Todo mundo sabe quando o ensino não passa de faz-de-conta, principalmente os responsáveis pelas crianças.
Outra medida salutar seria o trabalho permanente com a leitura de jornais, revistas. Estipular uma quantidade mínima de livros para alunos dos vários níveis. Só como exemplo, que concluísse o ensino fundamental teria que ter lido e trabalhado cinqüenta livros de escritores nacionais e cinco estrangeiros. Daria uma média de cinco livros/ano.
Além dessas e de outras medidas, a criação de pelo menos uma biblioteca em toda vila deste país, ou em toda escola. Colocar mensagens oficiais e extra-oficiais na mídia com incentivo ao acompanhamento dos pais e responsáveis aos alunos; aproxima-los de fatos às escolas; incentivar a doação de livros.
Incluir a prática de esportes diversos nas escolas. Caso medidas efetivas não sejam colocadas em prática, este pomposo plano não passará disso: um plano, assim como foram os vários programas para extinguir o analfabetismo. O Mobral já aniversariou três décadas e o índice de analfabetismo continua vergonhoso. A montanha de dinheiro que será destinado a uma TV pública traria mais benefício se fosse investido em bibliotecas. Com intenções em papel, sem foco, sem prioridade, a educação nunca será um projeto de nação, só renderá folclóricos pacotes ao país.
Pedro Cardoso da Costa

Domingo, 4 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)