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Bordejo de Carnaval (III)




O REINADO DE MOMO

E O IMPÉRIO DA ANTIMÚSICA

 



*Por Altair Santos (tatá)

 

Não é só no céu do oriente médio que tem bomba voando. Aqui no ainda estrelado infinito da pátria de Zé Pereira também tem. As bombas daqui emporcalham tudo, matam de tanto fazer raiva. Mais uma vez, a famigerada indústria cultural, pouco antes do carnaval, lança mais um dos seus imprestáveis mísseis e vomita na cabeça do povo ogivas antimusicais. O veneno da hora pode ser ouvido ao longe e grita seu nome, repetidas vezes num infindável refrão mal acabado e ensurdecedor, perna de saracura, perna de saracura, perna de saracura.... só pra matar de raiva rondonienses e rondonianos, acreanos e bolivianos, gregos e até marcianos.

Não bastasse os bombardeios antigos a golpes do risca faca, ou porres pra beber, cair e levantar, nem o tal chupa que é de uva, sem falar nas ervas daninhas calipsianas, bondes, calcinhas e aviões - safra do ano inteiro - que permeiam qualquer cessar fogo de coisa ruim, jamais pensamos, fosse, uma canela de saracura, levada pelo forte apelo da mídia sair carnaval a fora dando rasteira em tudo e todos e se dizer o hit de então.

Sabemos ser impossível, controlar certos vírus e ameaças, mas gostaríamos que um pacto do bem, aqui nessas plagas karipunas fosse selado em torno da defesa e preservação do carnaval tradicional e popular que ainda nos resta. Du-vi-do que na oktoberfest, os descendentes germânicos de Santa Catarina, ainda que a bordo de muita cerveja, cantem e dancem essa tal canela seca. É hora de se fazer um levante, um forte brado em defesa da propriedade intelectual dos nossos compositores de carnaval que há décadas, ano após ano, vem acrescendo páginas e mais páginas à nossa coleção de carnaval. Acreditem, o PIB musical carnavalesco daqui é de fazer inveja a muita gente! Se juntarmos as marchinhas do Bainha, Sílvio Santos, Mestre Oscar, Zé baixinho, Ernesto Melo, Manelão, Misteira, Mávilo Melo, Torrado, Beto César, Cabo Sena, Toninho Tavernard, o saudoso Babá, dente tantos outros, sem falar nos sambas de enredo dessa mesma moçada, temos repertório para um mês de carnaval direto. E o que é melhor, repertório com qualidade, o que isentaria nossos grupos e bandas de ficarem às voltas com as canelas de saracura da vida. Os modismos impostos pela indústria cultural são fácil e fartamente despejados pelas produtoras, emissoras de rádio e TV, numa incontrolável avalanche da qual poucos se salvam.

Vamos então, refletir os propósitos da sedimentação da nossa identidade cultural, longe dos exageros e das rupturas tendenciosas e, por esse veio, construir uma alameda pela qual passe como instrumento cultural e formador, as nossas obras e preciosidades musicais tão bem elaboradas.

Se não fizermos ênfase ao que temos e construímos, não serão os outros que o farão por nós. Nesse aspecto, deve entrar em cena o objeto da mobilização para fortalecimento do nosso material-imaterial cultural. Agora querer nos tirar pra dança ao som de canela de saracura, não dá. Pra esse tipo de coisa ainda não chegou nossa vez e, vacinados que somos, nunca chegará!

 

(*) o autor é músico e Presidente da Fundação Iaripuna.

[email protected]             

 

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