Sexta-feira, 16 de maio de 2025 - 11h36
O outro existencial já foi
título de romance, tema de inspiração filosófica e está cotidianamente em nosso
dia a dia. No plural, é mote de minissérie da TV Globo e nos importuna, no dia
a dia da telinha invasiva, usando os males da inveja, do ciúme, do poder ... Se
voltarmos ao passado, vamos encontrar as máximas de Simone e Sartre, em pleno
existencialismo, a nos lembrar, com o dedo em riste: “não se nasce mulher,
torna-se mulher; o inferno são os outros.
Os Titãs plagiaram o inferno, enquanto personificação dos
outros:
“O
problema não é meu
O paraíso é para todos
O problema não sou eu
O inferno são os outros, o inferno são os
outros”.
Recentemente acompanhamos a
decisão de um Conclave, entre 133 cardeais, para escolha do líder de um bilhão
e meio de católicos, em meio a mais de 50 focos de guerras, com duas ativas
(Gaza e Ucrânia) e outra preocupante - Índia e Paquistão, além da situação
humilhante dos imigrantes, na Europa e até mesmo no EUA. Muitos países da
África ainda estão em estado de miséria! A gente fica se perguntando: como
identificar o inferno no outro? Nem todos merecem esse rótulo.
Embora os cientistas digam que
nossa origem comum é a África, vejo o outro em continentes diferenciados,
convivendo com a mesma natureza sórdida, dentro ou fora do ambiente dos sapiens.
A sordidez, então, é inerente! Se os originários estiverem no norte do
continente Europeu, talvez sejam neandertais, como atesta Yuval Noah Harari. O
fato é que, sapiens ou neandertais, nós e os outros, não passamos da extensão
deles, via genética. Quiçá tivéssemos em nosso DNA uma mínima parcela divina:
Não existiriam Adão, Eva, a Serpente, Caim, Golias, Judas, Putin, Netanyahu, Trump etc., muito menos Lula
e Maduro. Faltam-lhes humanidade e potestade. Para os
brasileiros, os “outros” identificados como “inferno são muitos, inclusive os
que surrupiaram mais de 6 bilhões da conta dos pobres aposentados, nos últimos
anos, via INSS. O outro, enquanto inferno, pode emergir, a qualquer instante,
na podridão do eu.
Com o avanço da ciência, os outros,
enquanto seres humanos, não param de crescer e são cada vez mais saudáveis,
no entanto, os sérios problemas de convivência crescem juntos, como se
o inferno sartriano crescesse na mesma proporção do crescimento da humanidade.
O inferno da convivência social é terrível, perene, dificilmente será, um dia,
paraíso. E tudo continua o mesmo inferno, no universo, com ou sem Deus, até o
fim, se é que existe um fim. Até um novo começo, um renascimento, sob o comando
da IA.
No existencialismo,
a maioria dos filósofos nega a existência de uma natureza humana. Segundo
eles, existe algo primitivo, selvagem, originário, que é inerente a todos os
indivíduos, mas não existe uma essência eminentemente humana: “não se nasce
mulher, torna-se mulher” (SB). A essência não vem pronta, como afirmam os
cristãos, ela é construída ao longo da vida, conforme as escolhas, o meio, as
influências. Se formos estender a escrita dessa simples crônica a todos os
pensadores existencialistas, teríamos que buscar uma outra plataforma de
divulgação, distante até mesmo de meus parcos conhecimentos, talvez tivesse que
pedir ajuda à IA.
A
minha intenção não era discutir o Existencialismo, na verdade, me sentei para
digitar algo que mostrasse aos meus leitores, que o outro é um inferno reflexivo,
a partir do relacionamento. É como uma via de mão dupla, separada por uma faixa
amarela intermitente, qualquer transgressão ou invasão de faixa, gera briga,
morte, enfim, o inferno social explorado pela Globo. É dando que se recebe?!
Apontar
o dedo para o outro, colocar a culpa no outro, sempre foi a melhor opção de
quem não enxerga seu próprio interior, às vezes doentio. Os sete pecados
capitais, criados pela doutrina religiosa, são os mesmos em qualquer religião
ou em qualquer língua, mas a evolução humana acrescentou-lhes: ciúme, mentira,
inveja, protecionismo, racismo, humilhação, uso errado do poder, egoísmo etc.
Dependendo da situação, o uso inadequado de qualquer um desses pecados
inerentes pode gerar o inferno, para o outro e para si mesmo. Tais pecados são vistos como a contraparte das
virtudes, qualidades que constituem bons indivíduos, com humildade,
generosidade, empatia etc.
Para
nos livrarmos dos modernos pecados capitais, segundo as igrejas, cristãs ou
não, necessitamos de atitudes, escolhas selecionadas, boas ações,
solidariedade, nem sempre possíveis, quando interagimos com certas comunidades: o catolicismo, passado
e presente, com o intuito de educar os
seguidores, de compreender e controlar os instintos básicos do ser humano, tentou/tenta
aproxima-los de Deus.
Não deu certo, não vem dando certo. A história da igreja está repleta de atos
estúpidos cometidos em nome de Deus; vide Inquisição, Cruzadas, Reforma
Protestante, Calvinista, caça às bruxas etc. As religiões ajudam, mas não
resolvem os conflitos sociais, a promessa do paraíso após a lida já não
convence, muito menos reservar o inferno para os ricos. Salve, salve Leão XIV.
Portanto e
concluindo, os outros serão o que nós determinarmos que serão, conforme nossos
princípios, educação religiosa, educação familiar, mas será o inferno se nós ou
eles estivermos dominados pela inveja, arrogância, egoísmo etc. A tão sonhada
natureza divina não passou ao homem pela transcendente semelhança, parou no
materialismo reducionista. Os apetrechos religiosos não conseguiram
materializar no bicho homem, as virtudes divinas, sequer conseguiram determinar
porque os humanos foram/são tratados, conforme a cor da pele, ou o país de
origem, ou pela religião escolhida: muçulmano, católico, protestante,
hinduísta, budista etc.
Pelo que se conhece da natureza humana, o
outro será o inferno agora e sempre, nem o filho de Deus, nem a filosofia
cristã, em mais de dois mil anos de história, conseguiram personificar o amor
no conceito do outro: amar ao outro como a ti mesmo.
Resta-nos a visão sonhadora do porvir, modificada pela insensível
IA igualando todos os seres: Que sera, sera
Whatever will be, will be
The future's not ours to see
Que sera, sera
What will be, will be
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