Segunda-feira, 16 de setembro de 2024 - 13h10
Numa tarde de novembro de 2097 chega uma mensagem me informando para ir
ao bloco número 8 do Departamento de Natividade buscar o filho que eu havia
encomendado há mais de três anos. Ativei em mim a memória "filho". A
imagem que vi representava o que havia idealizado ao fazer o pedido. Finalmente,
teria o meu!
Tinha sido difícil aceitar ter um filho, mas as vantagens oferecidas
eram muitas: tinham as bonificações financeiras, a gratuidade em eventos,
descontos em alimentos e preferência na compra de diversos tipos de materiais
de consumo, além de outras de menor importância. Estes benefícios, oferecidos
em grandes campanhas publicitárias do governo, vem motivando a população a ter
um filho, já que, por décadas, em busca da diminuição das doenças e dos
processos degenerativos de corpos, a geração de filhos foi desestimulada.
Como consequência, a população diminuiu drasticamente, levando nossos
governantes à conclusão que, ou a população parava de diminuir, ou seria
extinta.
Desde quando as relações inter-sexo foram extintas, o mundo viu reduzir
as doenças, a fome, os conflitos, a marginalidade e a mão-de-obra sem
especialização. Enquanto isso a população diminuía.
Aos poucos, o velho costume de gerar filho pela conjunção carnal foi
sendo abandonado, substituído pela produção em laboratórios, onde qualquer
pessoa pode escolher o filho ou filha que idealizava.
Foi longo o período durante o qual os nascimentos de crianças geradas
pela combinação homem/mulher foi diminuindo, até deixarem de acontecer. Ao
mesmo tempo, aumentou a quantidade de seres desenvolvidos "in vitro",
produzidos a partir de cultivações realizadas em laboratórios de criação de
seres humanos que, utilizando células-tronco, geram pessoas com padrões
similares às naturais, mas com catacteristicas e personalidade
individualizadas.
O problema, hoje, é que, com tantos incentivos e vantagens
para um homem ou uma mulher ter um filho, a fila de espera é enorme, já que a
produção está longe de satisfazer a demanda, e este fato está causando um novo
problema: a queda da qualidade desses novos seres. É que, com a alta procura,
os laboratórios aos poucos vão reduzindo os cuidados nos processos de
preparação das crias e, em consequência, produzindo seres menos capacitados. O
resultado é o risco de vir alguém com total incompatibilidade com o que fora
encomendado, e isto já está acontecendo. E se o defeito for descoberto depois
dos seis anos de garantia não pode mais ser devolvido nem trocado por outro. Os
laboratórios negam que as falhas sejam deles, mas sim da criação pelo pai ou
mãe.
Ainda assim, mesmo com algumas falhas e imperfeições, o
atual sistema de produção de seres é melhor do que o que havia nas décadas
passadas, quando era preciso dois seres, de sexos opostos, para se ter um
filho. Infelizmente, mesmo com toda evolução da ciência, esse processo
rudimentar de reprodução humana, mesmo ultrapassado, ainda é praticado em
algumas povoações de núcleos de uns poucos sub-mundos.
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