Segunda-feira, 19 de julho de 2021 - 08h53
Era
uma terça-feira do mês de Junho (18,) do ano de 1861, quando o Sr. João
recebeu, no estabelecimento, a irmã Jacinta.
Em
alvoroço, exclamou eufórica:
-
" Parabéns, João, tens mais um filho!..."
-
" Olha, que grande coisa!..." – contrapôs, este,
serenamente.
Casara
na cidade do Porto. Tinha duas meninas e um rapaz. Trindade Coelho, era o
quarto.
O
Sr. João fazia-se insensível, mas no íntimo, era homem bom: Gostava de auxiliar,
mas receando que viessem a saber, dissimulava, para não o julgarem: "mole".
A
esposa, perfeita dona de casa, cuidava com esmero, do maneio da casa, e
aplicava, muitas horas na costura e a passajar.
Fazia
o conserto da roupa, numa salinha, com janela para o Convento de S. Francisco,
onde se prendia a corda, que accionava o sino, da torre.
Trindade
Coelho, muitas vezes, tocava as "Avé-Marias", da janela. Ajudava à
missa, com perfeição. Gostava de "celebrar" e"pregar".
Por brincadeira, chamavam-no: " O Sr. Padre José".
Certa
ocasião, bebeu trago de vinho, das galhetas. Descoberto, foi severamente
repreendido e castigado: tinha que pedir perdão, ao Sr. Abade.
Lá
foi o rapazinho, de cabeça baixa, a tremer, muito enfiado, a casa do Prior.
Este, sorrindo, desculpou-o, e em "recompensa" deu-lhe punhado de
cerejas.
Em
dia frio de rigoroso Inverno, chegou a casa sem camisa. A mãe interrogou-o
asperamente. Em prantos, contou, que a dera a menino pobre, que tinha muito
frio.
Foi
castigado; mas a mãe, enquanto lhe batia, ria-se de alegria, por dentro.
Aos
domingos, ia à casa do oleiro, vê-lo a fazer louça. Levantava-se muito cedo,
quase de madrugada, para observar o Sr. Domingos, girar a roda, e o barro
ganhar a forma de utensílios.
Frequentava,
com algum gosto, a escola, mas tinha também, professor particular.
Em
suma: era feliz, até ao momento, que o pai resolveu levá-lo, com o irmão, à
aldeia de Travanca, no intento dos filhos prosseguirem os estudos.
Ficaram
hospedados na casa do professor, que ficou na incumbência de os educar.
(Continua)
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