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ARTIGO: E LÁ VEM CARNAVAL (II)


ARTIGO: E LÁ VEM CARNAVAL (II)  - Gente de Opinião
 

O mistura fina e seus efeitos colaterais – cadê o boteco? 

Por: Altair Santos (Tatá)* 

Pois bem amigo folião, amiga foliã, nem bem descansamos o queixo das rápidas mastigadas dezembrinas, os paranpanpans dos clarins anunciam estar abertas as portas da passarela momesca. Quem é de carnaval e não bate fofo, mal esperou o último dia do ano pra se entregar ao saculejo da animação. Lá pras bandas do Bairro Santa Bárbara o Bloco Mistura Fina (leia-se o paraíso da maizena), como de costume, há 26 anos, abriu oficialmente o período carnavalesco em nossa cidade. Mesmo ainda sendo 31 de dezembro e a roupa branca já engomada para receber 2010, muitos foliões acorreram ao histórico reduto do samba - o Bar do Antonio Chulé - na confluência da Joaquim Nabuco com a Bolívia. No local como sempre, animação em alta, sambas de enredo dos melhores, marchinhas irreverentes e muita maizena é claro, afinal, ela é a nobre fantasia do cordão que sai pelas ruas da cidade fazendo 


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um réveillon cuja concentração começa por volta das 11 horas e se estende até o término desfile, já em noite alta, com muitos brincantes naquela situação de quase não mais ouvirem os rojões do ano novo ou acertarem seus próprios endereços. Mas existem coisas que somente o carnaval tem o poder de fazer, senão vejam: na fase de preparativos para o grande desfile do Mistura Fina, os organizadores Waldison Pinheiro (Misteira), Reginaldo Cardoso (Makumbinha) e o mestre Oscar Knightz, tarimbados articuladores do evento em questão, foram até o Bar do Antonio Chulé, para assuntos de negócios com o novo arrendatário do comércio sobre a estrutura de apoio e funcionamento do ali, espaço sede do bloco. Lá trataram sobre o horário e a bebida. A respeito do segundo assunto, ressaltaram preço, quantidade e temperatura, além de abordarem outros itens da agenda. Tudo acertado entre as partes veio o dia seguinte e, conforme combinado, as coisas funcionando as mil maravilhas. Logo cedo apareceram os primeiros foliões. Alguns mais afoitos e já amanhecidos sob o efeito de sucessivas talagadas de bebida forte na madrugada do dia 31– mesmo antes de passar aquela chuva louca que caiu – ensaiavam a pontaria fazendo alguns arremessos de generosos punhados de maizena contra as cabeleiras ou as carecas de quem passava. Diz-se que foi o ano de maior consumo da massa de papinha de bebê e manjá que já se viu no bloco, tanto é, que os mercados e biroscas da região do Santa Bárbara tiveram seus estoques esvaziados, fazendo os comerciantes exportar do areal, tucumanzal centro e olaria, novas remessas para atender o embranquiçado bloco. Atribui-se a falta de maisena, ao fato de que uma das marchinhas deste ano, dizia em seu refrão: “é maisena, é maisena, é maisena, nem araruta outra coisa ou arrozina, por favor não misture o pó, o pó do bloco mistura fina.” Com essa deixa, todos abriram mão de usar pós alternativos para centrar fogo no amido de milho, a popular maisena. O samba comia solto e, de vez em quando uma seleção de marchinhas, esquentava o troço. O bloco cumpriu o seu compromisso anual de manter a tradição e animar centenas de brincantes no último dia do ano. Era o primeiro sinal do carnaval vindouro, porém, um fato pós-bloco, tem nos intrigado nos últimos dias. Ao passar pelo local da concentração - o Bar do Antonio Chulé - para tomar aquela costumeira cerveja de fim de tarde, vimos que, desde o encerramento do desfile, o famoso boteco mantém-se de portas cerradas. Da calçada, sobe aquela tênue e esvoaçante poeira branca (restos de maizena) e o semblante da casa mais lembra um mórbido cenário pós-guerra ou uma quarta-feira cinzenta, quase um indesejável “aqui jaz.” O que terá acontecido com o boteco, com o empresário e sua equipe de trabalho? Fechou para balanço? Férias coletiva? Stresse? Ou Deus me livre de maizena? Alguns adivinhões, pajés, profetas e apostadores de início de ano dizem que a zoada e a trabalheira foram tão loucas que os estafados funcionários não querem, durante algum tempo, abrir o bar, pra não correr o risco de ouvir sequer um acorde de samba ou marchinha. Lá vem carnaval, por favor, abram o boteco que a gente quer tomar uma! 

(*) O autor é músico e Presidente de Fundação Cultural Iaripuna.

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