Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025 - 15h08
Fui assistir ao filme Ainda Estou Aqui no cinema em
Porto Velho. Uma produção bem executada, com uma narrativa envolvente, que
retrata o lado da família de uma vítima do regime militar. Não se trata de um
filme que deva ser ignorado. A história que ele conta é interessante, mas
apresenta apenas um lado. E essa não é uma crítica ao filme, mas sim uma
reflexão sobre o problema do debate político no Brasil. Ele se fecha em
narrativas prontas, sem espaço para ampliar a discussão e trazer à tona
questões que são tão ou mais urgentes do que as do passado.
Já vimos isso antes no caso do Pix. A discussão deveria ser sobre
rastreabilidade financeira e formalização econômica, mas o debate foi
sequestrado por discursos polarizados. Um lado distorcia os fatos para atacar;
o outro evitava esclarecer para não se desgastar politicamente. O mesmo está
acontecendo agora com Ainda Estou Aqui. De um lado, a esquerda
exalta o filme como um grande acerto. Do outro, a direita finge que ele nem
existe. E, mais uma vez, perde-se a oportunidade de um debate real sobre o que
está acontecendo hoje.
A questão central deveria ser outra. Segundo a Comissão da Verdade,
durante os 21 anos do regime militar, foram registradas 434 mortes e desaparecimentos
políticos. Um número trágico, sem dúvida. Mas agora, em 2024, segundo o Grupo
de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(Giel/Unirio), o Brasil teve 76 assassinatos políticos, além de centenas de
agressões, ameaças e atentados. Hoje, a política mata mais do que na ditadura.
E quem está discutindo isso?
O silêncio estratégico domina a política brasileira. Para um lado,
interessa manter o foco no passado, porque é uma narrativa consolidada e
emocionalmente mobilizadora. Para o outro, interessa ignorar completamente a
discussão para não desgastar sua base. Ninguém quer trazer o debate para o
presente, porque isso exigiria reconhecer que a violência política hoje não é
uma abstração, mas um problema concreto que afeta a democracia.
E aqui está a oportunidade desperdiçada. Em um cenário polarizado,
aqueles que conseguirem romper essa lógica binária e trazer o debate para onde
ele realmente importa podem se destacar. Em vez de seguir a cartilha previsível
dos extremos, é possível construir um posicionamento sólido ao apontar fatos,
questionar o que está sendo ignorado e propor soluções. Quem souber transformar
esse silêncio em uma pauta relevante pode não apenas capturar um espaço
inexplorado no debate público, mas também construir uma imagem de liderança e
compromisso real com a sociedade.
A pergunta não gira em torno de Ainda Estou Aqui, mas sim:
onde está o debate político real? Enquanto os extremos continuam presos às
mesmas narrativas, quem tiver coragem de sair desse roteiro previsível terá uma
oportunidade única de se destacar.
Ivan Lara – Estrategista, consultor de marketing político e especialista
em comunicação governamental
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