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Viriato Moura

MEDICINA: HUMANIZAR É PRECISO



A pratica da medicina precisa necessariamente ser humanizada para cumprir com maior eficiência seu papel. O médico de família, que tratava pais, filhos e netos, é lembrado com saudade. Aquela figura serena, que adentrava em nossos lares quando chamada para atender um enfermo, poderia não ter o embasamento científico dos médicos de hoje, com mais informações e tecnologia, mas certamente carregava consigo a confiança nele depositada, conquistada ao longo dos anos em fraterno convívio com os enfermos.MEDICINA: HUMANIZAR É PRECISO - Gente de Opinião

Nas últimas décadas, a medicina avançou a ponto de dar saltos comparáveis com a ficção. Todavia, na proporção em que arsenal diagnóstico e terapêutico evoluiu, a relação médico-paciente não melhorou o quanto deveria. Há casos – não poucos – que o paciente não tem sequer oportunidade de conhecer melhor o cirurgião que o opera. O diagnóstico, antes feito com base em procedimentos semiológicos, praticados com atenção e contato direto com o paciente, hoje encontra respostas mais imediatas e sem muita conversa em exames feitos por máquinas.

A medicina se desumanizou tendo, por vezes, como protagonista conivente dessa deformação, o médico. O advento da especialização médica de um lado contribuiu para o acúmulo de maior conhecimento específico em nome da eficiência da conduta médica, mas de outro fragmentou a visão do médico em relação a seu paciente, que precisa ser visto como um todo enquanto ser humano.

Os médicos mais atentos já concluíram que não se pode aferir e tratar convenientemente os males que afligem as pessoas tão somente pelas respostas dadas pelos aparelhos de diagnosticar. Um ser humano, antes de tudo, quer ser tratado como gente. Precisa de solidariedade, de atenção, de afago no seu ego fragilizado pela doença, além de prescrições medicamentosas ou procedimentos médicos propriamente ditos. A relação causa-efeito, que imprime cientificidade à medicina, precisa saber ler as entrelinhas que habitam no ente que perdeu a saúde e anseia em recuperá-la.

O saber médico perde poderes se não for aplicado também com arte. Hipócrates, há quase 25 séculos, ensinava que “medicina é ciência e arte”. Arte de perscrutar as aflições e os anseios daqueles que pretende curar. A. Murri nos oferece uma frase lapidar nesse contexto sobre a atuação do médico:“Se puderes curar, cura; se não puderes curar, alivia; se não puderes aliviar, consola”.

Ao tempo em que o médico deve, sempre, praticar a medicina humanizada, as instituições onde ele atua precisam imbuir-se dos mesmos propósitos, oferecendo ambientes agradáveis, que lembrem saúde e vida – afinal, não é isso que se espera de em uma casa de saúde? Hospitais com cheiro de doença, com arquitetura e cores com cara de hospital devem ser proscritos. Hospital deve lembrar hotel onde pessoas se hospedam para receber tratamento médico.

Impõe-se, portanto, uma convergência de atenções ao complexo biopsicossocial representado pelo ser humano. Quanto mais fatores causais de doença forem identificados e combatidos, mais curto será o caminho para a cura, o alívio ou o consolo do enfermo.

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Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - [email protected]
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