Sexta-feira, 25 de setembro de 2015 - 18h21
Silvio Persivo (*)
Em uma palestra sobre a ferrovia bioceânica, o senador Valdir Raupp, que, ao que consta, é um político bem informado, disse que as coisas, agora, tendem a se acalmar mais. Não tenho a mínima condição de discordar do parlamentar que, além das vantagens informacionais, se encontra, por assim dizer, no meio do caldeirão da crise. Infelizmente, não tinha, nem tenho, condições práticas de lhe perguntar em que se baseia para ser tão otimista. É que, aqui debaixo, bem de debaixo mesmo, olhando da planície não consigo ver como esta calmaria virá. Sei que os políticos terão que, de uma forma ou de outra, de resolver a questão de ingovernabilidade de nossa economia, porém, não vejo nas últimas mexidas no tabuleiro senão o que, em linguagem clara, denominamos de “empurrar com a barriga”. Será que o senador acredita que com seis ministérios, entre eles o da Saúde, as coisas se resolvem entre o PMDB e o PT? Cunha diz que não. E o senador Jorge Viana, expoente do PT do Acre, a respeito da reforma afirmou que se é para o PT não ter nada seria melhor que Dilma tivesse perdido. Fora que outros partidos também não estão nada contentes com a reforma. Reforma, aliás, que é tida como uma jogada somente. Avaliam, segundo os cálculo internos do PT, que Dilma tem cerca de três semanas para virar o jogo e se estabelecer como alternativa de poder no país até 2018. E isto passa pela Lava Jato, de vez que a salvação estaria no delator Fernando Baiano que arrastaria os principais líderes do PMDB, partido de Michel Temer, para o precipício. Neste caso, a possibilidade do vice assumir no lugar de Dilma seria afastada. Volto a dizer: é um olhar da planície.
No entanto, mesmo olhando de baixo para cima a situação de Dilma não é nada fácil. Por exemplo, se comenta que, na próxima semana, será divulgado pela Fundação Perseu Abramo, a sede acadêmica do pensamento do PT, um documento que, além de mexer nos calos de Levy, critica o ajuste e propõe coisas de arrepiar os cabelos, como a recompra de títulos com expansão da base monetária, para, hipoteticamente, derrubar os juros; redução do compulsório bancário com o crédito direcionado para a expansão do consumo e CPMF de 0,38% e, como cobertura do bolo, aceitar uma inflação anual de até 15%. Ou seja, o PT ainda não se convenceu que não há almoço grátis e não quer aceitar a visita da realidade. E esta bela cantilena será feita, justamente, quando a divulgação de nova pesquisa do Ibope sobre a popularidade de Dilma Rousseff sai do forno. Se no último levantamento, de julho, apenas 9% consideraram o governo “bom” ou “ótimo”. Imagine agora? Também o Congresso votará os seis vetos presidenciais restantes. Tudo indica que aí não teremos surpresas, mas, na segunda quinzena de outubro, está prevista a votação do relatório do TCU sobre as contas do governo Dilma de 2014. Nos dias 20 e 21 de outubro, nova reunião do Copom que pode, ou não, retomar o ciclo de alta dos juros. E, no fim do mês, a reunião do FED, o banco central norte-americano marcada para os dias 27 e 28 de outubro. São eventos, que, sem considerar os não previstos, podem fermentar a situação elevar o dólar a R$ 5,00 ou até mesmo a R$ 6,00. O certo é que os prazos estão se estreitando. O senador Raupp deve estar certo. As coisas irão se acalmar, porém, penso que teremos ainda, pelo menos, uns trinta dias para o desfecho e as emoções parecem destinadas a variar como o dólar tem variado nos últimos tempos.
(*) É professor da UNIR-Fundação Universidade Federal de Rondônia de Economia Internacional e Professor Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos-NAEA da Universidade Federal do Pará-UFPª.
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