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Silvio Persivo

Os perigos das commodities para o nosso futuro



 Ninguém que analise o aumento do consumo e os indicadores da economia brasileira pode deixar de constatar que, mesmo com todas as fragilidades, passamos por um bom momento com visões otimistas sobre o futuro. No entanto, alguns dados são preocupantes, em especial quanto ao cenário externo. Basta verificar, e os dados são do próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que, na última década, a participação de matérias-primas, como soja, minério de ferro e petróleo, praticamente dobraram na pauta nacional de exportações, enquanto os produtos de alto valor agregado, como aviões, veículos automotores e equipamentos agrícolas recuaram significativamente acendendo a luz amarela da desindustrialização.

Embora o país, com a crise de 2008, tenha se beneficiado da pantagruélica fome dessas commodities, por parte da China, não se pode debitar na conta daquele país esta mudança. Em grande parte foram os problemas internos de falta de educação e de investimentos em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) que nos deixaram fora dos recentes desenvolvimentos em itens de maior conteúdo tecnológico. O país que comemora os sucessivos recordes de criação de empregos deveria lamentar que isto acontece em detrimento dos empregos de maior escolaridade e renda com um problema adicional: o desestímulo ao investimento na modernização do nosso parque industrial. Este é um problema que, intrinsecamente, está ligado ao fato de que as reformas indispensáveis para que possamos avançar para sermos desenvolvidos, como a tributária, a das relações de trabalho e a desburocratização, encalharam na república sindical em que não se avança no que é essencial para promover a modernidade.

Acrescente-se que, além do aumento da exportação de produtos básicos influir na desindustrialização, com graves reflexos sobre a renda e o emprego, também deixa o país ao sabor das oscilações de preços-as commodities são definidas pelas bolsas de mercadorias- tornando insegura as receitas externas e prejudicando um planejamento de longo prazo. É um fato inconteste, que nenhum economista respeitável irá desmentir, que quando se exporta grãos ou minérios, se exporta um produto de baixo valor agregado que só compensa em grandes volumes, como é o caso da soja, mas, se abre mão de desenvolver o parque fabril e se renuncia, na prática, a consolidar a economia por meio de uma indústria exportadora mais robusta e que, ao contrário dos produtos primários, exige que se tenha permanente atenção com a inovação e a competitividade.

Neste sentido urge que o Brasil desperte desta modorra, aparentemente venturosa, da exportação do agronegócio e dos minerais e aproveite o enorme potencial que advém do crescimento do crédito e do mercado interno para investir na remodelação de sua indústria e retomar a produção de artigos de ponta ou, sem dúvida, iremos comprometer nosso futuro sendo, novamente, um país somente agrário-exportador.

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Fonte: Sílvio Persivo - [email protected]
 
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