Quinta-feira, 4 de agosto de 2011 - 04h40
Silvio Persivo (*)
O momento escolhido não o foi por acaso. É uma ação estratégica porque o governo se encontra acuado e a economia nacional sente os impactos negativos da desindustrialização, filha do câmbio sobrevalorizado, juros e impostos muito elevados e a concorrência desigual de países como a China, bem como do grave e crônico problema, a corrupção, que inunda as manchetes e corrói também a competitividade do País. É de se louvar, portanto, que utilizando o slogan "Inovar para Competir. Competir para Crescer", a presidente Dilma Rousseff tenha lançado, como uma nova política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior, o Plano Brasil Maior.
São ações que tentam retomar uma agenda positiva o que deve sempre ser louvado, porém, é preciso recolocá-las dentro de seu contexto e dimensões. Antes de tudo não se pode dizer que há um plano quando o que existe mesmo é um conjunto de medidas pontuais que buscam garantir a sobrevivência de setores que sofrem com a competição dos importados, beneficiados pelo câmbio irreal. Assim foi traçado, para o período 2011-2014, a meta de aumentar a competitividade dos produtos nacionais a partir do incentivo à inovação e à agregação de valor. Ocorre que, ao contemplar somente a indústria na sua desoneração, começa por iniciar tardiamente um processo esperado e desejado, porém, de uma forma desbalanceada. A maior prova desta falta de visão geral econômica decorreu das palavras do presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman, que foi taxativo afirmando que o plano "Deveria ser permanente e direcionado a todas as atividades econômicas", completando suas palavras com uma queixa explicíta de que é uma estratégia para "corrigir pontualmente os efeitos, pela incapacidade de se atacar diretamente as raízes do problema" citando a falta das reformas, o desequilíbrio cambial e as elevadas taxas de juros, para concluir com a sentença da relatividade das medidas: "Enquanto os juros cobrados no Brasil se mantiverem no topo do mundo, a taxa de câmbio vai continuar distorcendo nossa real capacidade competitiva."
É uma análise correta e clara. Não adianta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que o mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira e que o conjunto de medidas a fortalece a e dá condições de competir com os outros países. Qualquer economista ou empresário sabe que mesmo com essas medidas de estímulo à indústria, o país deve continuar importando muito e, no máximo, se atenua os impactos que o setor industrial vêm sofrendo com a valorização do real, diante da baixa do dólar. O denominado plano Brasil Maior é um avanço. É, pelo menos, um sinal de ação diante de um quadro adverso, porém, é ainda muito pouco para mudar o ambiente empresarial do País. O Brasil ficou maior, é verdade, mas, ainda muito pouco para ser o País do presente que precisa ser.
(*) É doutor em desenvolvimento sustentável e professor da Universidade Federal de Rondônia-UNIR.
Fonte: Sílvio Persivo - [email protected]
Gentedeopinião / AMAZÔNIAS / RondôniaINCA / OpiniaoTV / Eventos
Energia & Meio Ambiente / YouTube / Turismo / Imagens da História
Gefion: o supercomputador que está transformando a inovação
Você já ouviu falar no Gefion? Ele é o primeiro supercomputador da Dinamarca, e uma verdadeira potência tecnológica! Inaugurado em 23 de outubro de
O Impacto Negativo da Instabilidade Jurídica no Crescimento Econômico Brasileiro
No cenário atual, fica cada vez mais evidente que muitas autoridades e políticos parecem não entender o que realmente significa ter um negócio ou in
Bernardinho na “Semana S” inspirou jovens e líderes a superar desafios
Fui, na sexta-feira 16 de maio, ao Talismã 21 participar da Semana S no dia dedicado aos empresários. Confesso que sem muita expectativa na medida e
Desvendando o amanhã: o que Ricardo Amorim nos ensinou
No Fórum de Desenvolvimento Econômico de Rondônia, realizado nesta última terça-feira (29 de abril), o Governo de Rondônia marcou um gol ao encher o