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Silvio Persivo

Acordo Mercosul-EU e seus efeitos


Acordo Mercosul-EU e seus efeitos - Gente de Opinião

Nesta última sexta-feira (6) foi anunciado o acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. O governo brasileiro comemorou o fato como um caminho para a ampliar a relação comercial com o segundo principal parceiro comercial do Brasil, e prevê um efeito positivo de R$ 37 bilhões até 2044. Há motivos afinal isto representa a maior parceria de comércio e investimento do mundo, beneficiando ambas as regiões e atingindo 718 milhões de pessoas e economias que representam um total de 22 trilhões. Mas, mesmo sendo um acordo ganha-ganha no geral, todavia há diferenças na forma como atinge os países e os setores. Basta ver a reação de agricultores franceses que dizem que o acordo é o fim da agricultura local e a ministra de Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou que lutará contra a aprovação do acordo, quando houver a votação interna. É preciso ver que para que o tratado seja assinado, e entre em vigor, são necessárias ainda a aprovação por duas instâncias dos países da União Europeia: o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu, sediados em Bruxelas, capital da Bélgica. O grande objetivo do acordo, além de outros temas que contempla, é a redução das tarifas de importação entre os blocos que pode ser imediata ou gradual (em até 15 anos), dependendo dos setores. Esta liberação deve atingir 91% dos bens que o Brasil importa da União Europeia e, do outro lado, 95% dos bens que o bloco europeu importa do Brasil. Um dos efeitos será o aumento das exportações do agronegócio, que um estudo do IPEA prevê ganhos acumulados de produção da ordem de US$ 11 bilhões, até 2040, enquanto o saldo da indústria da transformação seria mais modesto, com ganho de somente US$ 500 milhões no mesmo período. Aliás, segundo o estudo, vamos ter ganhos de produção em quase todos os setores do agronegócio e perdas concentradas em alguns setores industriais. Há a possibilidade do consumidor ser beneficiado com o barateamento de produtos importados, como azeites, queijos, vinhos e frutas de clima temperado (frutas secas, peras, maçãs, pêssegos, cerejas e kiwis), bebidas e laticínios, porém isto depende também da taxa de câmbio e de outros fatores que afetam os produtos. Também o consumidor pode ter benefícios indiretos graças à modernização da produção brasileira que poderá fazer a importação de máquinas e insumos a preços menores.  A indústria brasileira terá que se reinventar na medida em que deve ter quedas em setores como veículos e peças, têxteis, farmacêuticos e equipamentos eletrônicos, embora a perspectiva seja de crescimento de outros setores, como calçados e artefatos de couro, celulose e papel, e outros equipamentos de transporte (o que não é automotivo, como aviões e navios). Esta preocupação com os setores mais vulneráveis esteve presente na negociação, pois foram feitas salvaguardas no acordo para evitar uma enxurrada de importações no setor automotivo e estimular investimentos para a produção no Brasil. A Europa aceitou essas condições por causa da crescente presença chinesa no mercado automotivo brasileiro, setor que historicamente tem forte atuação de multinacionais europeias, como Fiat e Volkswagen. Neste sentido o acordo deve afetar o setor automobilístico chinês, de vez que a suspensão de tarifas para carros da Europa altera a competitividade das marcas chinesas. Mas, resumindo o acordo é muito positivo para o Brasil por, ainda segundo o IPEA, as trocas comerciais com a UE provocarem um crescimento de 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2040. E, embora aumente a exportação de produtos agrícolas e a importação de bens industriais pode, na prática, representar a modernização das fábricas brasileiras e uma maior integração do país às redes de produção dos países europeus.

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