Terça-feira, 9 de abril de 2024 - 16h42
Apesar do vazio cultural, da
perda irreparável para o humanismo e para a criatividade brasileira e do
profundo incômodo emocional provocado pela partida do Pai do Menino Maluquinho,
confesso que amei a homenagem que o nosso ilustre presidente da Academia,
professor Diego Vasconcelos, prestou ao grande artista brasileiro, Ziraldo!
Corriam os anos de meados de 70,
não sabia que não sabia, quando tive os primeiros contatos com os personagens
concebidos pela inteligência florescente e efervescente do brilhante
cartunista, através das publicações que ele fazia no Pasquim, semanário criado
no final de 1968, articulado pelo também cartunista Jaguar e os jornalistas
Tarso de Castro e Sérgio Cabral.
O nome Pasquim, que significa
jornaleco difamador, folhetim burlesco, foi escolhido propositalmente pelo
Jaguar, que, se antecipando às críticas e gritas maldosas que poderiam advir
com a publicação, especialmente dos setores políticos, sociais e intelectuais
que apoiavam a Ditadura Militar, sugeriu esse nome para o periódico - e
pegou!
Ziraldo era mineiro de Caratinga,
conterrâneo, portanto, na mineiriçe, do poeta Carlos Drummond de Andrade e dos
cronistas Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, mas o seu
humor e sua pegada graciosa e inventiva advinha, sem dúvida, do espírito
carioca, adquirido por longos anos de moradia na Cidade Maravilhosa.
Por sua profícua militância no
Partido Democrático do Bom Humor e publicações de suas charges e cartuns
políticos, o que na época soava como prática subversiva aos olhos dos homens do
poder e do status quo daquela quadra histórica, ele pagou três
vezes com a suspensão impositiva do exercício do direito à liberdade de ir e
vir, sendo preso a mando do regime militar; ele e quase toda a turma do
Pasquim. Porém, isso não o intimidou! Liberto, o irrequieto cartunista voltou à
produção dos seus personagens, oxigenando com a picardia os ares sombrios que
envolviam toda a nação brasileira no chamado “anos de chumbo” por alguns
articulistas.
Os traços e textos do mestre do
cartum tinham realmente um conteúdo político, mas não político no sentido
menor, de politiquice, politiqueiro, politicalho, ação política perversa ou
algo que o valha, mas Político no sentido maior, latu sensu, aristotélico, de
homo politicus, isto é, de homem destinado a viver na polis, no exercício pleno
das suas capacidades de reflexão moral, de formador de opinião, de deliberação
cidadânica e participação social com vistas a colaborar, por amor ao próximo e
à democracia, com os bons desígnios da vida comunitária.
A criação da Turma do Pererê, que
narrava as aventuras do Saci Pererê e seus amigos da Mata do Fundão, um índio,
uma onça, um macaco, um tatu e um jabuti, inundou de fantasias maravilhosas o
mundo encantado da criançada brasileira. Logo em seguida Ziraldo se superaria e
apresentaria ao país seu personagem mais famoso e surpreendente: O Menino
Maluquinho! Acertei no milhar!!, teria dito ele no dia em que sua fantástica
imaginação deu vida a esse moleque levado da breca! A criatividade brasileira
nunca mais foi a mesma, desde então.
Vai-se o homem, ficam a obra e os
valores humanísticos que ela nos trouxe!
Meninos Maluquinhos e Meninas
Maluquinhas de todo mundo, uni-vos em saudação de despedida ao vosso pai!
Se Deus é brasileiro, Ziraldo é a
sublime encarnação do bom humor outorgado em dádiva metafísica pelo Criador do
Universo!
Em apertada síntese, fica a
lição: Os homens do poder sempre passarão! O bom humor, passarim!
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