Primeira Mão - 24/08/10

Não foi por falta de aviso. Durante várias semanas, a Capitania dos Portos avisou que o rio Madeira, muito baixo para a navegação, tinha se tornado um perigo. Chegou a proibir o vai e vem de barcos à noite e apelou para que os transportadores evitassem andar sobrecarregados de carga e passageiros. Foi a mesma coisa que falar ao vento. Tanto barcos continuam subindo e descendo o rio com superlotação, quanto levam passageiros até acima do máximo que a segurança permite e, há ainda os que se arriscam à navegação noturna. Não poderia ser diferente. Balsas encalhadas, caminhões que caem de balsas, barcos lotados correndo o risco de virar e matar muita gente: tudo isso se soube nas últimas semanas, simplesmente porque os alertas constantes foram ignorados.

O rio Madeira é a principal via de ligação de Porto Velho com toda a região da Amazônia onde não há rodovias. Todos os dias, centenas de pessoas se deslocam por ele, por não ter opção e as populações ribeirinhas podem ficar até desabastecidas, caso as cargas que para elas são levadas não cheguem. Os pequenos produtores também correm o risco de ficar sem nada, caso não consigam mandar suas mercadorias pelo rio. O problema é que em tempos de seca, quando o Madeirão está baixo demais, há necessidade de que se duplique os cuidados, para evitar grandes prejuízos materiais e, pior, mortes. A ganância de algumas empresas e de alguns empresários tem que ser contida. Não se pode aceitar que as orientações da Marinha, que conhece tudo do rio e sabe interpretar sua situação, não sejam ouvidas e respeitadas. Multas pesadas e até cadeia para os irresponsáveis talvez sejam as únicas formas de conter esses abusos.

BAMBURRANDO

Rondônia continua bamburrando. Em sete meses, criou quase 19 mil novos postos de trabalho; mais de 2.100 só em julho. Não há, em qualquer outra região do país, um crescimento tão volumoso no número de pessoas que entram para o mercado de trabalho. Temos que aproveitar a boa maré e tornar a vida de grande parte da população melhor. Não dá prá tudo ficar nas mãos só de alguns.

PÁGINA POLICIAL

Porto-velhense em viagem pelo sul do país foi ler um jornal do Rio Grande do Sul e lá estava Rondônia. Mas não por seu excepcional crescimento, mas sim nas páginas policiais. A operação da Polícia Federal contra o roubo de diamantes na Reserva Roosevelt, dos índios Cinta-Larga, foi notícia nacional.

BURRICE TOTAL

O governo federal, aliás, mantém sua política em relação à uma das maiores reservas de diamantes do mundo, localizada em Rondônia. Prefere investir milhões de reais e mobilizar centenas de policiais no encalço de contrabandista a legalizar  o garimpo, sob seu controle. É sem dúvida uma das maiores burrices que se tem notícia.

ENTENDEU?

A confirmação, pelo TSE, da candidatura de Cassol ao Senado, ocorrida na semana passada, só confirmou o que todos sabiam: mesmo com a certeza de que ele seria liberado na instância superior, o TRE rondoniense ignorou decisão anterior do TSE. Não dá para entender essas coisas,. Daí se passa a compreender  porque a maioria das decisões do tribunal rondoniense têm sido reformadas.

ESTÁ NO PAPO

A eleição presidencial, se não ocorrer alguma coisa muito drástica que determine uma mudança inesperada de rumos, está no caminho de ser decidida no primeiro turno. O Brasil está dizendo não a José Serra, de novo e votando em Dilma Rousseff, uma iniciante na política. Na verdade, a maioria dos eleitores está escolhendo Lula. É o nome indicado por ele que corre solto para a vitória.

VOTO A VOTO

Estamos chegando ao fim de agosto e agora que as coisas começam a dar uma esquentada na campanha pelo governo. Como se previa desde o início, a disputa está acirrada entre pelo menos três dos quatro candidatos principais. E o que apareceu em último na pesquisa do Ibope, Eduardo Valverde, também deu uma boa reagida. Quem ganhará? Nem com bola de cristal...

DINHEIRO PERDIDO

Tem candidato à Câmara Federal gastando dinheiro com pesquisa. É grana jogada fora. Não existe – pelo menos até hoje nunca existiu – alguma pesquisa confiável numa disputa proporcional. Os dados podem ser manipulados se a pesquisa for feita na região onde um ou outro candidato é forte, deixando os demais fora. Mas, como há dinheiro sobrando, pode-se gastar até com inutilidades.

CENSURA TOTAL

Mais uma decisão ditatorial na Venezuela, partida é claro do caudilho Hugo Chávez. Agora, nas próximas três semanas – a decisão foi anunciada dias atrás – nenhum jornal do país poderá publicar notícias sobre crimes violentos e mortes que se espalham pelo país. Chávez quer eleger maioria no Congresso e não quer que sua população saiba sobre o que aconteceu. No Brasil, houve muita gente importante que aplaudiu a medida.

Fonte: Sergio Pires  - [email protected]
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