Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014 - 10h19
Nunca gostei de filmes dramáticos, daqueles em que o protagonista tem uma doença terminal, por exemplo, e tanto suas reflexões existenciais quanto a ação dos demais personagens giram em torno dessa forte problemática. Ou então filmes cujo tema é a guerra, e o horror vivido pelos personagens estraçalha as emoções da gente; a vida inteira fugi desses filmes porque de algum modo eles me entristecem, talvez porque escancarem a cara feia da vida à gente que, como eu, passou a existência plantando e colhendo flores e seguindo passarinhos para admirar-lhes a delicadeza e o canto; claro que de vez em quando a cena mudou para pior, mas não ao ponto de abalar meus conceitos sobre a natureza das coisas. Confesso que durante muito tempo pertenci a essa grande tribo, a tribo dos que, inocentemente, vivem uma vida inventada, uma vida onde as dores são leves e tudo, absolutamente tudo, pode ser resolvido com senso de justiça, trabalho e disciplina. Ou seja, fazendo tudo direitinho, a gente pode transformar a realidade e a vida será perfeita. Ilusão!
Cedo ou tarde a vida nos revela sua outra cara, uma cara que passa longe das deliciosas comédias românticas do cinema; nem sempre nos tornaremos na velhice vovós e vovôs sorridentes e amados, com a casa cheia de netinhos alegres e flores no jardim. Daqui da janela de meu apartamento na cidade grande, espreito a vizinhança do prédio em frente, igualzinho ao meu: idosos solitários, casas vazias, dias demasiadamente longos. Mas e a agitação, a família festiva e a vida social? Sei não... Acho que isto faz parte da outra vida, a tal da vida inventada; talvez por isso eu prefira continuar fugindo dos filmes tristes, são reais demais para o meu gosto...
Continhos marginais II - O terremoto e as flores
Empresária e rica, sua casa era uma alegria só: vivia entre filhos jovens, entre amigos e amores (estes, um de cada vez, enquanto durasse a paixão).
Há alguns anos assisti, no Rio de Janeiro, a um filme sobre a vida pessoal de Charles Darwin, o cientista inglês cuja teoria contida no livro A Ori
Deixe- me apresentar a você, caro leitor, esta personagem que vive, há décadas, no interior do meu cérebro, e mistura suas memórias às minhas como s
Quisera eu ser psicanalista… Poder desvendar os complexos meandros da mente, até onde a limitada capacidade humana alcança. Saber que há um acervo