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Montezuma Cruz

Vem aí um notável resgate histórico


 

MONTEZUMA CRUZ 
Agência Amazônia  

Há pessoas neste mundo que supõem: papel velho e fotografias são inservíveis numa estante. Por que não oferecê-los a quem possa resgatá-los e digitalizá-los? Foi a sensação que teve este repórter ao visitar recentemente, com Chico Lemos, os arquivos da Secretaria Estadual de Cultura em Porto Velho. Ali repousam exemplares que fazem coleções quase completas dos falecidos A Tribuna e O Guaporé (original, daquele período em que o jornal apoiava o aluisismo em Rondônia). Chico fotografou-os e, com outro editor, Carlos Sperança, irá inseri-los no dia-a-dia do site Gente de Opinião.

Se quisesse, o próprio governo estadual teria condições de criar o seu próprio museu. Talvez falte iniciativa. Recorde-se que, em administrações anteriores, em vez de adquirirem o arquivo em preto e branco de Dana Merril (o lendário fotógrafo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré), oferecido a preço módico pelo escritor Manoel Rodrigues Ferreira, permitiram que ele fosse parar numa universidade paulista. Perdas irreparáveis ocorreram nos derradeiros 20 anos.

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Iza Freazza, em "O Pasquim", considerou "a reportagem política do ano" este texto hilário sobre a campanha da Arena em vilas da BR-364 /CHICO LEMOS

Já me comprometi a oferecer cópias (ou textos a respeito de cada assunto) de recortes de matérias produzidas entre meados dos anos 1970 e nos anos 1980, quando trabalhava para o Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e O Globo. Desfilam nesses arquivos, entre outros: a ocupação da floresta, os garimpos, o nascimento de cidades, a invasão a terras indígenas, o fim dos seringais, o papel do Incra, da extinta Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Rondônia (Codaron) e dos diversos órgãos do Governo do Território, parceleiros, burareiros, posseiros e outros assentados. 

Lembro-me que o irriquieto jornalista Vismar Kfouri gabou-se um bom tempo –  e deve fazê-lo até hoje – de haver erguido a cruz de madeira durante a fundação do município de Cabixi. Entre outros fatos, também merecem ser contados para explicar como era sublime e quanto tinha civismo a escola de antigamente: exemplo disso, os alunos em fila nas escolas de Ariquemes, cantando o Hino Nacional sob a batuta do professor Pedro Tavares Batalha. Ele ainda declamava poesias.

Há diversas histórias riquíssimas em todas as regiões rondonienses. Basta querer para elas possam se transformar em fascículos, livros, documentários, ou mesmo filmes.

Conversei este mês com o pesquisador Murilo de Souza, que trabalhou para a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ainda vasculha a história fundiária no interior rondoniense, reunindo fatos, segredos e alguns mistérios. Eis que ele me aparece em Brasília com um presente antecipado de natal: trouxe-me um CD com reproduções de reportagens do célebre O Parceleiro, do bom baiano Osmar Silva, jornalista de maior sucesso no interior rondoniense, entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, com o advento do Estado. Entre os assuntos, lá está o sumiço do garoto Fábio Prestes Rosa, supostamente raptado pelos índios Uru-eu-Au-Au, o que motivou o ex-deputado e prefeito de Ariquemes, Confúcio Moura, a escrever o livro "A flecha".

A saga de Souza, grande parte creditada ao aproveitamento do que restou dos combalidos arquivos de jornais e periódicos do velho território federal, haverá de redimir a tantos jornalistas, antropólogos, sociólogos e demais professores, universitários e interessados em produzir esse notável resgate.

Fico ainda mais feliz ao saber – da viva voz – que meu ex-chefe Rochilmer Melo da Rocha, diretor-proprietário de A Tribuna, está bem intencionado em relação a esses propósitos. Ele quer oferecer a sua cota de contribuição, criando e fazendo funcionar, em 2010, um centro de estudos em Rondônia. O ex-prefeito e deputado federal Assis Canuto está entre os selecionados para descrever a colonização pelos
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O saudoso escritor Esron Penha Menezes foi um dos maiores conhecedores da história rondoniense. Viveu-a. Seus arquivos foram doados ao jornalista Lúcio Albuquerque /CBR-RO

projetos do Incra.

Tão logo se aposentar no Tribunal de Contas do Estado, ele deverá impulsionar essa corrida a papéis, pessoas e repartições. Paralelamente, o jornalista Zola Silveira, filho do falecido jornalista Dionísio Silveira, o Dió, diretor-editor do também extinto A Palavra (Ji-Paraná), se esforça para criar em Porto Velho o Museu da Memória Política.

Disse a Rochilmer Rocha que contribuirei da melhor forma possível para esse instituto decodificar uma série de fatos da história antiga rondoniense. Dentro das minhas limitações espero repetir o repto lançado dia desses pelo jornalista Elson Martins da Silveira, durante visita que lhe fiz na Biblioteca da Floresta, em Rio Branco: "Monte, daqui para o fim dos meus dias, me dedicarei plenamente a estudar o Acre com todas as minúcias e com o merecimento que se faz necessário". Elson nasceu num seringal em Sena Madureira, na divisa com o Amazonas.

Acredito que Rondônia poderá contar com o apoio daqueles que arrumarão tempo para a prática desse ritual, misto de sacerdócio, perseverança e doses homéricas de paciência. Para o bem de todos e o alívio da mãe história, vamos nos dar as mãos e iniciar tão importante trabalho.

Rondônia reúne historiadores e jornalistas de inegável valor para levar adiante projetos dessa envergadura. Tem políticos e ex-políticos vivos e dispostos a falar. É irrevogável poupá-lo

Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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