Domingo, 4 de novembro de 2012 - 10h27
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MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
É de Acorizal (MT) a mais recente publicação de receitas de derivados da mais milenar raiz brasileira, a amazônica mandioca. A extensionista social Lindelzí Souza Costa de Lima, autora do livro “Delícias da mandioca” (ou Receitas com Mandioca), vai lançá-lo no próximo dia nove, sexta-feira, com a presença de autoridades da Empresa Mato-Grossense de Pesquisas, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer), do setor agrícola, representantes do setor produtivo e convidados.
Lindelzí auxilia anualmente a Empaer na organização de cursos para produtores rurais e diversas vezes promove degustações dos derivados, alguns de sua criação, outros que aprendeu ao longo do seu trabalho naquela região mato-grossense.
Segundo estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a mandioca (Manibot esculenta Crantz) tem um DNA que indica mais de dez mil anos e é originária da região do Alto Madeira, na Amazônia. Atualmente está presente em mais de 150 países.
A mandioca só começou a ser conhecida a partir das narrativas do escrivão português Pero Vaz de Caminha, em cartas ao Rei de Portugal. Caminha disse: “Eles (indígenas) não lavram nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária que acostumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame”. Mesmo só comendo inhame, os índios lhe pareciam “tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos”.
Inhame, os portugueses conheciam da África. Embora com nome africano (iouruba iyã) ele já dava também nos olhos d’água brasileiros. A folha, se enrolada em cone, fica boa para apanhar a água, que prateia. E o bulbo é bom, cozido com carne ou frito em rodelas finas. Mas o descrito por Caminha “era, indiscutivelmente, a raiz da mandioca”, conforme relato de Câmara Cascudo na História da Alimentação no Brasil.
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Brasil produz 25,4 milhões de toneladas de mandioca /MONTEZUMA CRUZ |
Do Caburaí ao Chuí
De acordo com o IBGE, no ano passado a produção nacional de mandioca alcançou 25,4 milhões de toneladas, um crescimento de 3,7% em relação ao ano anterior. Os estados do Pará, Paraná e Bahia produziram juntos 46,4% (11,7 milhões de toneladas) do total nacional.
O Pará é o principal produtor de mandioca, contribuindo com 4,6 milhões de toneladas, ou 18,3% do total. Em seguida vem o Paraná, com 4,1 milhões de toneladas (16,4%). A Bahia, terceiro maior produtor, apresentou queda de 7,6% na produção, totalizando 2,9 milhões de toneladas (11,7%). Dos dez maiores municípios produtores nacionais, quatro estão no Pará, com destaques para Acará, com 414 mil toneladas (1,6%), e Santarém, com 322 mil toneladas (1,3%).
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Beijus, um dos mais famosos e fortes derivados da lendária raiz brasileira/MONTEZUMA CRUZ |
“Na pança é que dá sustança”
O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Joselito da Silva Mota, que certamente receberá um exemplar do livro de Lindelzi, costuma entusiasmar suas plateias com visão positiva dessa cultura, apesar dos percalços que cercam a mandiocultura. “Considero justo remunerar quem produz com esmero alimentos saborosos, saudáveis, livres de agroquímicos. Por isso, ensino aos agricultores baianos e onde for que me convidarem métodos certos para a fabricação de cada produto”, diz.
Frase lapidar de Motta espalhou-se pelo País, ao tratar dos derivados de mandioca: “Aumenta o que está pouco, esfria o que está quente, engrossa o que está ralo e, na pança, é quem dá sustança”.
No Brasil, embora nem sempre reconhecida, a mandioca é soberana nas mesas dos brasileiros, do Caburaí ao Chuí, de Natal a Mâncio Lima (no Vale do Juruá, estado do Acre, quase Peru). Rende comida, mingaus, papas, cozidos, frituras, tortas, bolos, e sua fécula rende também comida, doces, papel e papelão. Quem quiser prova disso, visita a Zona Franca de Manaus, cuja importação de fécula, de Paranavaí (Noroeste do Paraná) serve para abastecer panificadoras e para a fabricação de embalagens de papelão, daquelas usadas para rádios, TVs e geladeiras.
Falar a respeito dessa cultura exigiria, alguns megabytes de cada site onde esta matéria for publicada. Contentemo-nos hoje com as delícias sugeridas pela extensionista Lindelzi Lima, que novamente engrandece a agricultura e a alimentação mato-grossense e brasileira.
RECEITAS DE LINDELZÍ
COXINHAS DE MANDIOCA
4 colheres de sopa de margarina
2 tabletes de caldo de galinha
1 litro de leite
1/2 kg de mandioca cozida e espremida
3 xícaras de creme de arroz
2 ovos
Modo de preparo:
Derreta a margarina, o caldo de galinha e o leite, misture a mandioca e deixe ferver. Quando levantar fervura adicione o creme de arroz aos poucos e misture bem. Por último coloque os 2 ovos, mexidos como para omelete e mexa novamente. Deixe esfriar um pouco e sove bem a massa. Unte as mãos com margarina e modele as coxinhas, passe no fubá e frite.
Pode ser congelada crua e não necessita ser descongelada para ser frita. Esta massa é muito boa para bolinhas de queijo e risoles.
BOLO DE MANDIOCA (MANÉ PELADO)
3 xícaras de mandioca ralada fino, tirado o leite da mandioca, (700 g)
3 ovos inteiros
1 xícara de açúcar (180 g)
1 pitada de sal
1 xicara de queijo ralado
1 xícara de coco ralado grosso (120 g)
2 xícara de leite
100 g de manteiga (pode ser um pouco menos)
Para passar na superfície do bolo enquanto assa: 1/2 xícara de leite misturado com 2 colheres (sopa) de açúcarColoque numa tigela a mandioca com os ovos, o açúcar, o sal, o coco ralado, o leite e a manteiga. Misture bem e coloque numa forma untada e enfarinhada (do tamanho que comporte a massa - já que o bolo não cresce). Leve ao forno médio e deixe assar por uma hora ou mais ou até as bordas ficarem bem douradas. Depois de uns vinte minutos de forno, passe um pouco do leite com açúcar e coco. Passe mais sempre que secar. A superfície ficará mais dourada e úmida.
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