Terça-feira, 13 de novembro de 2007 - 21h32
Montezuma Cruz
Agênciaamazônia
Já passou da hora de se punir com rigor a calhordice política. Eu era favorável à anulação do voto, mas percebo que os calhordas não se emendam e insistem numa esperteza escancarada, cujo início se deu bem antes da expansão da pilantropia. Hoje, temo que a anulação do voto seja um fator prejudicial à luta pela assepsia no Parlamento. Talvez, a única saída seja confiar uma vez mais naquele seleto time dos menos piores, aqueles que ainda se esforçam para alcançar a decência na política partidária. O voluntariado, acredito que muita gente pensa desta forma, é uma esperança fantástica. Vamos limpá-lo dos pilantras, enquanto é tempo.
Em 19 de dezembro, Gilberto Dimenstein publicou o comentário Quanto custa a calhordice política. Fala na pilantropia. Em 2008 teremos eleições municipais. Eis aí um bom tema, inadiável e imprescindível para o debate sobre a necessidade da retomada da ética e até dos bons costumes.
Gilberto é tão atual quanto há alguns anos, se tivesse escrito o texto nas décadas de 1980 e 1990, com o diferencial de que agora existe uma CPI disposta a separar o joio do trigo. E não vamos entortar o bigode para ela, a considerar o fato de que uma série de organizações não-governamentais (ONGs), de fato, substituem com êxito o Estado, em diversos setores.
Eis o artigo do colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo:
Até pouco tempo, a imagem das ONGs estava associada à generosidade e eficiência. Agora, se associa, graças aos escândalos que aparecem na mídia, à malandragem típica da política. A verdade sobre os escândalos, porém, não está clara. A imensa maioria das pessoas que apoiou e apóia entidades não-governamentais queria fazer a diferença nas suas comunidades, mas também ficar justamente longe da política, onde corrupção e incompetência são rotina.
O ambiente mudou e o resultado dos escândalos é o surgimento de uma CPI para investigar as entidades não-governamentais. O ambiente mudou exatamente por causa da calhordice política. É bom que se investigue qualquer entidade com dimensão pública. Quanto mais investigação, melhor. O chamado terceiro setor cresceu muito, misturando os mais diferentes tipos de entidades sem fins lucrativos, que envolvem um templo evangélico, um sindicato patronal ou de trabalhador, até um grupo que cuida de crianças com HIV. Há anos se fala na pilantropia.
Mas o que provocou o escândalo é a forma como os partidos (e aqui se envolvem PT e PSDB) usaram o terceiro setor como recurso para ajudar aliados, a começar dos sindicatos. Basta ver que o que está na mira da CPI são grandes transferências de recursos a entidades suspeitas de alinhamento partidário e, por isso, beneficiadas não por sua competência.
Não é à toa que dinheiro dado aos sindicatos para formação profissional foi, em muitos casos, desperdício. A junção de incompetência, esperteza e falta de fiscalização só poderia mesmo dar em escândalo.
É uma pena que um movimento generoso e com grandes conquistas de direitos de mulheres, crianças, idosos, negros, trabalhadores, portadores de deficiências, seja contaminado pela malandragem. Tudo isso talvez desestimule a participação dos brasileiros em desafios coletivos, especialmente dos jovens esse é mais um custo da calhordice política.
Faço minhas as palavras de Gilberto.
Fonte: MONTEZUMA CRUZ - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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