Quinta-feira, 17 de outubro de 2013 - 13h28
MONTEZUMA CRUZ
DE Brasília
Não por ignorância, mas por birra, deputados integrantes da Comissão da Amazônia, na Câmara dos Deputados, rejeitam o nome do líder seringueiro Chico Mendes para o apertado plenário no qual se reúnem semanalmente. A Amazônia Brasileira tem mais de 5 milhões de quilômetros quadrados e na sala onde se reúnem aqueles que discutem a sua vida não cabem mais de 80 pessoas pessoas.
Representantes de atividades agropecuárias, conhecidos por ruralistas, rejeitam Chico possivelmente em nome da resistência a fatos que mancharam essa classe no século passado. Os principais opositores do projeto de autoria da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) são os deputados Paulo César Quartiero (DEM-RR) e Moreira Mendes (PSD-RO), que não “engolem” a realidade das pelejas acreanas e suas consequências na regularização fundiária desse estado com apenas 164,12 mil Km².
Na opinião de Quartiero e de Mendes, que também são integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, a escolha do nome de Chico para o plenário não é apropriada. “Como conheço bem a história do Chico Mendes, porque sou da região, eu te digo que é uma farsa. Não tem nada a ver essa ideia de dar o nome dele a uma comissão ligada ao desenvolvimento”, disse Moreira Mendes.
Mendes, paulista, chegou em Porto Velho em meados dos anos 1970, foi proprietário da mais importante imobiliária da cidade – o governo territorial era o seu mais forte cliente –, entretanto, se nega a conhecer a realidade do Acre. Da maneira que fala, baseia-se possivelmente em relatos feitos pelo advogado e ex-deputado federal João Lucena Leal, autor da defesa do mandante e do executor da morte do líder seringueiro.
Ao justificar a rejeição do nome a “uma comissão ligada ao desenvolvimento”, Mendes impõe limites ao colegiado, cuja atuação implica, necessariamente, reconhecer também as necessidades do cotidiano da gente amazônica.
Para o deputado gaúcho e produtor de arroz Paulo César Quartiero (DEM-RR), outro parlamentar distante das agruras acreanas nos anos 1970 e 1980, a homenagem “não passa de blefe”. Na visão dele, Chico não é mais que “um factoide criado pelas ONGs”. Contudo, factoide” conhecido no Exterior, a exemplo do notável marechal Cândido Rondon, o patrono das comunicações brasileiras.
Era grande o conflito fundiário no Acre (Amazônia Ocidental Brasileira) em 22 dezembro de 1988, quando o seringueiro de Xapuri (AC) fora assassinado, no quintal de sua casa, os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darly Alves Ferreira, pai e filho. Chico conseguira unir indígenas, castanheiros, pescadores e ribeirinhos para a criação de reservas extrativistas e lutar contra a derrubada da floresta. Com homens, mulheres e crianças, ele organizava os chamados empates, posicionando-se em frente às castanheiras e demais árvores de porte, fechando também pequenas estradas nas quais empregados de fazendeiros, armados, insistiam nas derrubadas.
Nesse ambiente de memória curta e seletiva, Janete Capiberibe, prometeu se esforçar para o cumprimento da decisão do plenário da Câmara. Ela deixou a comissão há um mês por ter sido destituída da relatoria do projeto que cria o Conselho Nacional de Política Indigenista.
A cinco quarteirões da sala da Comissão da Amazônia, o livro de aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, aguarda 13 nomes, entre os quais, o de Chico, incluído em 22 de setembro de 2004 pela lei 10.952
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