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Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Strauss, um brasileiro


 
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia 

Poucos conhecem o Brasil. Desconhecemos as peculiaridades regionais. Sabemos muito pouco, esta é a realidade. Mesmo os mais privilegiados, aqueles que tiveram bons professores

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Claude Lévi-Strauss: que grande homem o mundo perdeu!

de história e geografia, por algum motivo deixaram de persistir na busca do conhecimento. Alguns até preferiram visitar países estrangeiros, a conhecer a nossa Pátria. 

Esta semana, o mundo perdeu o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss, dono de um grande poder de síntese e imaginação filosófica. Falava português. Era um amazônida autêntico. Percorreu caminhos onde muitos brasileiros nunca colocaram os pés, incluindo a nossa fauna de jornalistas. 

Vale ilustrar que, entre outros lugares da Floresta Amazônica e dos sertões mato-grossenses, paranaenses e goianos, o fundador da antropologia estruturalista esteve em Guajará-Mirim (RO), na fronteira brasileira com a Bolívia. Em 1938, celebrizou-se com a sua excursão ao território do Povo Indígena Nambikwara, no Vale do Guaporé. 

Vejo que os meus conhecidos sertanistas da Funai, Aimoré Cunha da Silva, Apoena Meireles, Benamour Brandão Fontes, Osni Silveira e José do Carmo Santana – menciono-os, porque convivi com eles –, cada qual no seu quadrado, tiveram alguma inspiração de Lévi-Strauss. 

Para a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, hoje na Universidade de Chicago (EUA), os trabalhos de antropologia e etnologia no Brasil, especialmente nas décadas de 1980 e 90 e na primeira década do século atual são claramente influenciados pelos estudos de Lévi-Strauss. “Ele mesmo dizia que o seu trabalho antropológico foi redescoberto e reconstruído pelos pesquisadores brasileiros, mais ou menos da maneira que os filósofos franceses reconstruíram suas pesquisas. 

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Entre 1935 e 1939 ele lecionou sociologia na recém-criada Universidade de São Paulo.

Na edição do dia 4 de novembro, em entrevista a “O Globo”, a antropóloga Aparecida Vilaça, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a relação dele com o Brasil. 

Palavras de Aparecida: “Ele sempre acompanhou muito de perto a antropologia brasileira. Era muito interessado nos trabalhos que estavam sendo feitos aqui. Sempre enviamos nossos trabalhos para ele, e ele, gentilmente, escrevia comentários e cartas. Quando o encontrei pela primeira vez, falei sobre os povos da região de Guajará-Mirim, com os quais trabalho. Ele os conhecia perfeitamente. Tinha uma simpatia pelo Brasil e uma memória impressionante das coisas do País.” 

Dele, jornais e revistas agora falarão um tanto. Na sua magnífica percepção, Lévi-Strauss conseguiu captar a complexidade da organização tribal brasileira, do Brasil Central à Amazônia. Faria 101 anos. Deixa-nos exemplo de persistência e tenacidade. Sua obra diversificada se eterniza. 

www.twitter.com/MontezumaCruz 

Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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