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Montezuma Cruz

SANTA ELINA




Sobreviventes da chacina voltam
a ocupar fazenda em Corumbiara


MONTEZUMA CRUZ
AGÊNCIA AMAZÔNIA

Cerca de cem famílias sobreviventes do massacre de Corumbiara e outros sem-terra da região Sul de Rondônia voltaram a ocupar, pacificamente, a Fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara, a 890 quilômetros de Porto Velho, capital do estado. A chacina na qual morreram 11 pessoas ocorreu em nove de agosto de 1995 no governo Valdir Raupp (PMDB). Foi ele quem autorizou as tropas da Polícia Militar a guarnecer jagunços a serviços do fazendeiro Antenor Duarte, no ataque a cerca de 600 famílias. 

A dor parece não ter fim. "Resistimos como pudemos com foices, motosserras e pedaços de pau, mas depois que fomos dominados, assistimos execuções sumárias e sofremos torturas", relembra em nota distribuída nesta quarta-feira o Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina (Codevise). A entidade reivindica o desmembramento uma área para fins de reforma agrária. 

As famílias que retornaram às terras da fazenda pedem justiça. Recordam-se do massacre, no qual morreu também a pequena Vanessa de 7 anos de idade, houve vários desaparecidos, mutilados e pessoas até hoje com seqüelas físicas e psicológicas. 

Após a chacina, o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Corumbiara, prometendo que "se um dia fosse eleito, indenizaria as vítimas, cortaria a fazenda Santa Elina e puniria os responsáveis pelo massacre". Nada disso ocorreu. 
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Em Brasília 

Em 2001, o Codevise começou a defender o direito das vítimas. Em agosto de 2007, com o apoio da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), membros do comitê foram a Brasília cobrar as promessas. "Lula foi incapaz de receber as famílias", lamenta a entidade. Coube à Comissão Especial de Direitos Humanos e ao ministro de Direitos Humanos, Paulo Vanucci, recebê-los e garantir que, "dentro de dois meses tudo seria resolvido".

Diversas famílias de Corumbiara perambularam por Rondônia. Foram a Porto Velho para denunciar a situação de abandono e chegaram a sensibilizar o governador Ivo Cassol. Queixaram-se, recentemente, de que "só ouviram promessas vazias".

Incerteza 

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Em conseqüência disso, o Codevise organizou o retorno às terras da Fazenda Santa Elina. "Os aleijados por balas, os nossos filhos com olhos queimados por gás lacrimogêneo já não crêem mais em falsas promessas. Entramos na fazenda e já estamos em mais de cem famílias. A cada hora chegam mais", afirmam em nota. 

O comitê quer saber que tipo de providência os governos federal e estadual irão agora tomar. "Até hoje nossos direitos vêm sendo desrespeitados. A Fazenda Santa Elina é um símbolo do massacre de trabalhadores no Brasil e seu corte significará um novo horizonte diante de tantas injustiças e massacres feitos pelo latifúndio em nosso país. Nada nos fará desistir dela, vamos cortá-la custe o que custar". 

Fonte: Montezuma Cruz - agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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