Quinta-feira, 31 de julho de 2008 - 13h33
Incra dá 60 dias para
servidor público se enquadrar
em perfil de reforma
agrária na Amazônia
MONTEZUMA CRUZ E KELLY SOUZA
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BRASÍLIA — Por determinação do Ministério Público Federal o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reuniu dados do Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra) e constatou o não-enquadramento de milhares de produtores no Acre, Amazonas, Mato Grosso e Pará dentro do perfil exigido para ser cliente da reforma agrária. Em seguida, enviou uma notificação aos proprietários de lotes, concedendo-lhes prazo de 60 dias para se regularizem, sob pena de perder a terra. A decisão causou uma situação angustiante a famílias de agentes de saúde, professores, técnicos de diferentes setores, políticos de pequenas cidades e até aposentados que já eram proprietários antes de assumir novas funções ou profissões.
Não se conhece um número exato dos que se sentem prejudicados, mas sabe-se que cerca de 70% dos titulados pelo Incra não possuem registro da terra em cartório. Em Sena Madureira (AC), a 144 quilômetros de Rio Branco, no Vale do Purus, por exemplo, cerca de 200 propritários receberam a notificação e existem outros 4 mil em todo o estado que não se encaixam no perfil atualmente exigido pelo Incra. Em Tapurah (MT), 433 quilômetros ao norte de Cuiabá, a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais ficou cheia esta semana. Cerca de 50 pessoas notificadas apelaram à entidade para esclarecer sua situação.
Segundo o advogado Valmir Fogaça, o clima é preocupante. "As notificações expedidas pelo Incra chegaram na semana passada à cidade e a maioria é endereçada a agentes de saúde, professores e outros profissionais que são produtores rurais antes mesmo de assumir alguma função no serviço público. Alguns já obtiveram financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e ficaram pasmos com esse procedimento". Fogaça disse que buscará apoio parlamentar, a fim de esclarecer a situação e minimizar "possíveis prejuízos" aos proprietários. "São pessoas conhecidas, legítimos donos, trabalhadores que ainda estão na lida e certamente poderão ficar muito mais", ele justificou.
Rigores do Incra
Procurado por assentados do Projeto Favo de Mel, em Sena Madureira, o deputado Fernando Melo (PT-AC) pediu audiência ao diretor de Programas do Incra, Raimundo Lima, com quem constatou que a situação desses proprietários "contraria o que determina as normas para concessão de lotes em projetos de assentamento". De acordo com a autarquia, "nenhum assentado pode ter vínculo empregatício com órgãos públicos, possuir outra terra, e por isso a maioria dos produtores recebeu a notificação que estabelece um prazo legal de dois meses para se justificar, sob de pena de perdê-la". No entanto, o deputado acredita que houve uma precipitação do Incra.
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Fernando Melo procurou Lima, diretor do Incra, que tranqüilizou produtores /M.CRUZ |
"Todo mundo tinha certeza que era dono"
A explicação do professor Silva é ouvida de outros assentados. Há casos em que o executor da mão-de-obra rural no projeto é o cônjuge do assentado. No entanto, a maioria deles possui o título da propriedade concedido em 2001. O documento com a assinatura do então ministro do Desenvolvimento Agrário no governo FHC, Raul Jungmann, assegura o direito à posse. "Todo mundo aqui tinha certeza de que era realmente dono da sua terra e agora vem o Incra ameaçando tomar", desabafou José Ader, um dos notificados.
Em conversa com o deputado fernando Melo, o diretor de Programas do Incra, Raimundo Lima, tranqüilizou os proprietários. Disse que o cliente da reforma agrária que tiver filho terá oportunidade de regularizar a situação com maior rapidez, facilitando adiantar-se na fila de inscrições, caso ela existir na região dele. "Essa regularização se dará por meio da transferência do lote ao novo beneficiário.", explicou.
Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopiniao.
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