Sexta-feira, 12 de junho de 2009 - 10h35
MONTEZUMA CRUZ
Agênciaamazônia
Em dois périplos recentes no Acre e no Pará, percebi que nunca o agroextrativismo necessitou tanto incentivo. Paguei R$ 2 por um coco no Mercado Elias Mansur, em Rio Branco e R$ 6 pelo litro do açaí no Ver-o-Peso, em Belém. Não que o produto não correspondesse à minha expectativa. Pelo contrário, por água de coco e por açaí sou capaz de pagar até mais. Beber uma cuia de açaí com farinha de tapioca é o bom começo de um final de semana saudável.
Não é isso, porém, o que pensa a maioria dos consumidores moradores nessas regiões, tão merecedores das finas iguarias, já que moram ao lado da fonte. O que se discute é a necessidade do fortalecimento da cadeia agroextrativista, para que tenhamos sempre a fartura de frutos, semelhante à fartura da soja que se planta em alguns estados brasileiros, com o único objetivo de exportação. Todos sabem, esses grãos vão para fora, engordar vacas européias.
Fartura e preço acessível, claro. Sem desmerecer o esforço do pequeno produtor, tampouco os métodos conservacionistas que vem aplicando nas florestas do Baixo Tocantins e do Nordeste do Pará. Visitei-as e vou mostrar suas potencialidades numa série de reportagens que começam na próxima semana, aqui no Gente de Opinião e na Agência Amazônia. Em Moju, a 68 quilômetros de Belém, a Fazenda Sococo – dona da maior fábrica de derivados certificados de coco do mundo – mantém 6 mil hectares de lavoura, o maior plantio contínuo de coco da América do Sul. Centenas de família ganham com isso.
Nas lanchonetes da Estação Rodoviária de Brasília, por onde passo todo santo dia, um coco custa R$ 1,50. Significa dizer que o custo de produção no Acre deve estar um pouco acima da média. Ou os acreanos estariam sempre dispostos a desembolsar mais para garantir essa água abençoada? Em Belém, percorri pontos de venda no Bairro do Marco – onde estão as mais belas avenidas da capital paraense – e encontrei o litro de açaí a R$ 8. Quer dizer, a cotação vem oscilando entre R$ 6 e R$ 8.
Por isso é que me incorporo com mente, malas e bagagem à luta do pesquisador da Embrapa, Osvaldo Ryohei Kato, coordenador do Projeto “Desenvolvimento e Validação de Estratégias Participativas de Recuperação de Áreas Agrícolas e Pastagens Degradadas na Amazônia”. Aqueles que recebem as suas técnicas começam a operar uma transformação dos açaizeiros, cupuaçuzeiros e coqueiros paraenses, assimilando condições de sanidade para as plantas alcançarem um elevado nível de resistência a organismos maléficos.
Ou seja, o doutor Kato aos poucos cria qualidade para o produto amazônico, numa missão da qual também participam ativamente o engenheiro florestal Ruy Rangel Galeão, e os pesquisadores Otávio Manoel Nunes Lopes, Manoel Cravo e Raimundo Nonato Alves Brabo, com respectivas equipes. Bravos guerreiros do agroextrativismo, esses homens são essenciais na construção de uma nova Amazônia, aquela que muita gente não vê, mas que segue o bom caminho da receita de defensivos agrícolas naturais para o controle de insetos-praga em diferentes cultivos, e do aproveitamento da biomassa das capoeiras.
Socializar o trabalho do campo na ciência e na tecnologia será, sem dúvida, a garantia do uso racional dos recursos naturais e a esperada qualidade de vida dos pequenos agricultores amazônicos. Também se traduz no equilíbrio e na conscientização de que a devastação e o fogo ainda são os maiores inimigos da Floresta Amazônica, sobrepondo-se direta e brutalmente às possíveis ameaças da sempre propalada internacionalização.
Espero que acompanhem a série e se irmanem à luta desse valoroso time da Embrapa Amazônia Oriental, fundamental para que possamos continuar consumindo frutos de qualidade nos estados amazônicos e noutras regiões brasileiras.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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