Segunda-feira, 23 de setembro de 2013 - 20h41
HISTÓRIA
Durante prisão do diretor,
jornalista vigia impressora com 38 na cinta
MONTEZUMA CRUZ (*)
A manchete na edição que noticiou a prisão foi: Maia preso. Na soltura: Maia livre. Quando a polícia prendeu o diretor do Correio da Imprensa, José Maia de Andrade, no quartel do Corpo de Bombeiros de Cuiabá, o jornal circulou normalmente. No entanto, o temor a represálias do governo mato-grossense levou o jornalista pernambucano Adeildo Lucena a passar a noite ao lado da impressora, armado com um revólver 38!
Foi em 1977. Pelo menos naquela noite, nada de anormal ocorreu. Espiões e bate-paus haviam folgado ou então tomaram outro rumo no bucólico Bairro do Porto. O dia amanheceu e Lucena, autor da coluna diária “Além do fato”, não descansou, quando soube que a prisão fora mais uma tentativa de intimidação e de mordaça àquele diário. Passou o dia com os companheiros de Redação, olheiras bem visíveis, já demovido da ideia de usar a arma para enfrentar possível invasão do jornal.
Tempos depois, o jornal teve sua sede invadida por soldados da Polícia Militar e agentes da Polícia Civil de Mato Grosso. Era o fim de uma época. O Correio da Imprensa exercia intransigente oposição ao então governador, engenheiro José Garcia Neto (Arena), cujos filhos e parentes tinham cargos-chave na administração. Ele havia instalado o que se denominaria “oligarcia” ou “nepotismo cínico”, na versão do então deputado estadual Carlos Bezerra (MDB). O que veio na sequência, em Mato Grosso e no País, põe a situação de no rol dos acontecimentos corriqueiros, nada diferente do modus operandi costumeiro desde o Brasil Colônia e muito bem praticado desde os governos do século passado até esta data.
Na sala apertada, ao lado da oficina gráfica, com apenas duas mesas e o telex da Agência Jornal do Brasil, decidia-se o editorial e pautava-se a equipe. Maia e o editor-chefe Ronaldo de Arruda Castro privilegiavam o noticiário político, fortemente constituído por denúncias, porém, tanto representantes da Arena quanto do MDB (únicos partidos na época) recebiam tratamento semelhante.
Pela defesa das liberdades democráticas, o Correio também se inscreveu no rol dos porta-vozes do estado de direito no País. Reivindicou o fortalecimento da Universidade Pública, repercutiu o grito dos advogados e filósofos, abriu espaço generoso aos poetas, produtores rurais, professores, indígenas, maçons, religiosos, médicos, estudantes e favelados.
A edição diária do Correio começava por volta de 14h30 e só era fechada depois de meia-noite. Por diversas vezes, noite e madrugada adentro, o engenheiro Dante de Oliveira — depois, deputado federal autor da emenda das Diretas já (*) — visitava a Redação para expor suas ideias e projetos políticos. Repórter do Correio e correspondente da Folha de S. Paulo, eu trabalhava com outro telex na sala ao lado.
Ali também desfilavam, regularmente, o vereador (depois deputado) Gilson de Barros, o reitor da Universidade Federal de Mato Grosso, Gabriel Novis Neves, o sociólogo João Vieira, o maçom Adelino Tavares, o jornalista José Eduardo do Espírito Santo, um dos artífices do projeto da ferrovia, do senador Vicente Vuolo, entre outros.
(*) O autor trabalhou no Correio da Imprensa, em Cuiabá.
(**) Diretas já foi o movimento civil ocorrido entre 1983 e 1984, que reivindicou eleições presidenciais diretas no Brasil..
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