Porto Velho (RO) quinta-feira, 12 de junho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Impasse em Serra Sem Calças



Gente de OpiniãoMONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias 

 
Quase três meses depois de conhecido, o garimpo de Serra em Calças – “uma segunda Serra Pelada” – ainda é uma aventura. Não há controle da produção e já surge uma ameaça: a Atinambé Minérios, que detém 50 mil hectares com alvarás de pesquisa, não decidiu se libera pelo menos mil, como propõe a Companhia de Mineração de Rondônia (CMR).

Assim eu abria a reportagem “Impasse preocupa garimpeiros que estão na Serra Sem Calças” (Jornal do Brasil, 31.10.1983, 1º caderno). Segundo o presidente da CMR, geólogo Djalma Xavier de Lacerda, o impasse aumenta, pois as chuvas de fim de ano provocarão uma debandada dos garimpos de Embaúba, no Rio Madeira (a maior ocorrência de ouro de aluvião no estado), para Jaru, a 280 quilômetros da capital. Para Lacerda, é necessário e urgente um em entendimento: “Estamos numa posição delicada.”Impasse em Serra Sem Calças - Gente de Opinião

A produção média de dez quilos de ouro por semana animou não só os garimpeiros, mas principalmente a Atinambé, um dos quatro grupos fortes que exploram minério na Província Estanífera de Rondônia. Significou também, conforme o prefeito Leomar Baratella (PDS), “menos desemprego na região”. “Até se esqueceram das lavouras de cacau e café”, comentou.

Preocupado com a situação indefinida da área – a Atinambé ainda não decidiu colocar a lavra mecanizada – o presidente da CMR foi a Brasília, onde expôs ao ministro das Minas e Energia, César Cals, a necessidade de a empresa iniciar imediatamente as atividades. Lacerda advertiu: “É melhor que ela abra mão desses mil hectares de terras antes que seja tarde e dê confusão.”

Os garimpeiros já bamburraram em três ou quatro propriedades agrícolas da Linha 603 do Projeto Padre Adolpho Rohl, do Incra, a 33 km de Jaru.

Somente agora, depois de o Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia anunciar um manifesto encaminhado ao ministro e ao Governo Federal, no qual pede garantia para o prosseguimento da exploração mineral é que perfuraram os primeiros poços no local. Não existe água e, para matar a sede, eles adquirem garrafas plásticas a 700 cruzeiros cada uma. Mas há promessas de melhorias.

“Não queremos ajeitar a estrada, onde tem até atoleiro. Precisamos cadastrar todos, só que essa legalização virá a partir do respeito dos garimpeiros às delimitações da Atibambé e vice-versa”, argumentou Lacerda.

A Delegacia da Receita Federal em Porto Velho informa estar disposta ao trabalho de cadastramento, “desde que o garimpo seja oficialmente reconhecido.”

Enquanto o presidente da CMR atesta a “fácil recuperação” do ouro das grotas da Serra Sem Calças, os que se dedicam a extraí-lo enfrentam dificuldades – às vezes se leva um dia para se obter dez gramas – e queixam-se do preço pago por um grama: 14 mil e 500 cruzeiros. Em Jaru e Porto Velho as lojas pagam 16 mil cruzeiros e ainda alegam que o ouro de Embaúba “é quase 10% superior em qualidade ao da mina.”


 
Siga montezuma Cruz no

Gente de Opinião

www.twitter.com/MontezumaCruz


Clique AQUI e leia artigos anteriores

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 12 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros

De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros

Em Periquitos, o primeiro garimpo onde trabalhou, Nilsinho viu muito ouro em movimento. Falo de Eunilson Ribeiro, um dos personagens do meu livro "Ter

Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia

Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia

Faz 20 anos que o linguista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, iniciava em Rondônia seu projeto de resgate da língua tupi. Ele visi

Tem morcego no curral? Chame o Governo

Tem morcego no curral? Chame o Governo

Quero hoje falar de morcegos. O governo estadual tem profissionais competentes que tratam do assunto. Em minha fase de repórter na comunicação social,

 Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental

Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental

Como faz falta o Fest CineAmazônia! No atual período de envenenamento agropecuário e ataques latifundiários madeireiros a acampamentos camponeses na r

Gente de Opinião Quinta-feira, 12 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)