Sexta-feira, 17 de agosto de 2007 - 12h35
Cecília Coimbra, do Tortura Nunca Mais, denuncia "produção do esquecimento" na história brasileira
MONTEZUMA CRUZ
AGÊNCIA AMAZONIA
BRASÍLIA — A psicóloga e fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais (RJ), Cecília Coimbra, propôs hoje uma campanha nacional pela abertura "ampla, geral e irrestrita e sem exceções", de todos os arquivos do período ditatorial, ainda considerados secretos no País.
Ao falar na manhã de hoje no painel Direito à memória e à verdade, do Seminário Nacional Memória da Luta pelos Direitos Humanos no Brasil, Cristina sugeriu a ampliação do resgate da memória "daqueles que ofereceram generosamente a vida pelo restabelecimento da democracia no País".
Disse que "não há motivo para que a memória brasileira na ditadura militar seja tema de acordos em nome de qualquer governabilidade". Ela denunciou que o País vem adotando a "produção do esquecimento da sua própria história". Isso, conforme explicou, não se limita ao período ditatorial (1964-1985), mas tem se estendido até hoje, colocando de lado os movimentos sociais. "A história vem sendo construída pela ótica dos vencedores, o que é perverso; desta maneira, somos impedidos cotidianamente de conhecê-la".
O seminário promovido pelo Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) está debatendo A Verdade como direito. Participam do painel: Oscar Gatica, do MNDH; José Geraldo de Souza Júnior, da Faculdade de Direito NEP/UnB, e Marco Antônio Rodrigues Barbosa, presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, do Estado de São Paulo.
Após a vitória dos governadores Franco Montoro (SP) e Leonel Brizola (RJ), os arquivos do Dops paulista e carioca foram entregues à Polícia Federal e só retomados em 1992. Segundo Cecília, desapareceram fichas de diversas pessoas, inclusive de antigos militantes. "É como se eles nunca tivessem extistido".
Recentemente, ao rever os arquivos pertencentes ao extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Rio de Janeiro, o Grupo Tortura Nunca Mais encontrou um documento datado de 1971 (Governo do general Emílio Garrastazu Médici), do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa), carimbado de reservado, oferecendo sugestões ao Serviço Nacional de Informações (SNI), com base no modo de operação do serviço secreto uruguaio.
Modelo uruguaio para o SNI
O Cisa apontou ao SNI e aos órgãos de repressão e pediu que eles usassem a imprensa para tal, "a maneira inteligente de substituir a palavra organização pela palavra bando, cuja conotação sugere quadrilha de ladrões, banditismo, dando a idéia de ilegalidade, amoralidade, falta de civilidade. A palavra ação substituída por assalto, crime, roubo, chantagem, assassinato etc, dará ao público a idéia depreciativa do acontecido, despida de conotação de força, energia, batalha, ressaltando o sentido de injustiça, arbitrariedade, desespero, brutalidade, mesquinhez.
Diz mais o Cisa: "A imprensa noticia e os órgãos de informação costumam referir-se aos bandos terroristas e subversivos que agem no território nacional como organização. É comum ler-se que a organização VPR, organização ALN etc realizou essa ou aquela ação.
"A conotação que o termo organização sugere é o de que uma verdadeira instituição, algo assim como a Organização das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos etc, dando ao público uma visão distorcida, bem estruturada, solidificada, baseada em filosofia, doutrina e propósitos profundamente fundamentados, como se fosse uma instituição de amparo à infância ou associação de pais de família".
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