Segunda-feira, 21 de outubro de 2013 - 08h55
MONTEZUMA CRUZ
De Brasília
Apenas R$ 50 mil para os 6.074 vivos, e nenhum centavo a mais. É pegar ou largar, decreta o governo federal, achatando direitos dos soldados da borracha, homens nordestinos que extraíram látex na Floresta Amazônica durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
Com isso, 68 anos depois, o governo busca esfriar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 556/2002 na Câmara dos Deputados e enviará agora a contraproposta de ínfimos R$ 62 mensais aos seringueiros. Reunida com a bancada parlamentar acreana e rondoniense a portas fechadas, no dia 17, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, bateu o martelo. E fez isso sem a presença de representantes sindicais, que foram impedidos de ter acesso à sala.
A PEC 556 estipula o pagamento de sete salários mínimos, além de outros direitos equiparáveis aos dos pracinhas, ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial. Desde o ano passado, a presidente Dilma Roussef se nega a receber em audiência a representação da categoria, embora senadores e deputados tenham feito a solicitação. Soldados da borracha foram confinados à floresta no século passado, onde o governo os abandonou às doenças tropicais, notadamente o beribéri, impaludismo, tifo e malária.
Defendida pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a oferta governamental aos seringueiros vivos no Acre, Pará e Rondônia, estipula em apenas R$ 144 o atual vencimento da classe, de R$ 1.356,00. Pela PEC 556/2002, esse rendimento mensal passaria de R$ 1.356,00 para R$ 4,5 mil. O governo silenciou a respeito do sumiço de mais de cem mil dólares enviados pelo governo americano, a título de compensação para o trabalho deles.
Em tempos de aposentadorias milionárias de executivos, juízes e parlamentares, o sacrifício dos soldados da borracha em estados amazônicos deixa de ser reconhecido. Dos 55 mil recrutados para a produção da borracha na Amazônia, mais de 30 mil morreram nos primeiros anos de trabalho. A ministra antecipou que, se o Congresso insistir na aprovação da PEC, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal.
“Enganados”
“Isso é uma aberração. Esses homens foram enganados com promessas lá no passado, e agora amargam a tristeza do presente”, protestou o vice-presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha de Rondônia, George Telles. “É assim que o governo quer compensar as milhares de mortes ocorridas nos seringais pelas doenças, acidentes de trabalho decorrentes da profissão, quebra do acordo de trabalho por parte da união, e o trabalho escravo a que foram submetidos aqueles heróis da selva nos anos 1940?”, questionou.
Segundo Telles, o governo desconsidera as 12,7 mil pensionistas viúvas, filhos e dependentes, rejeitando ainda a incorporação do 13º salário aos vencimentos da classe, anteriormente proposta. “A desculpa é que o Tesouro não pode oferecer mais do que isso, tendo em vista o impacto na receita e a própria ilegalidade de conceder o 13º, o que não deixa de ser uma aberração”, queixa-se.
Ele aponta a arrecadação de R$ 1,029 trilhões em impostos, durante 2012. Somente em agosto de 2013 ela já alcançava um recorde de R$ 83,9 bilhões. Mais números divulgados pela Agência Brasil e pela imprensa: o Paraná arrecadou, somente com pedágios em rodovias, R$ 300 milhões; a Receita Federal espera fechar 2013 com R$ 7 bilhões a R$ 12 bilhões em refinanciamentos.
Telles reiterou a luta dos soldados da borracha em busca de reparação. Lembrou que corre no Tribunal Regional Federal da 1ª Região ação de indenização para a classe e, na Corte de Justiça da Organização dos Estados Americanos, denúncia contra violação de direitos humanos.
De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros
Em Periquitos, o primeiro garimpo onde trabalhou, Nilsinho viu muito ouro em movimento. Falo de Eunilson Ribeiro, um dos personagens do meu livro "Ter
Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia
Faz 20 anos que o linguista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, iniciava em Rondônia seu projeto de resgate da língua tupi. Ele visi
Tem morcego no curral? Chame o Governo
Quero hoje falar de morcegos. O governo estadual tem profissionais competentes que tratam do assunto. Em minha fase de repórter na comunicação social,
Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental
Como faz falta o Fest CineAmazônia! No atual período de envenenamento agropecuário e ataques latifundiários madeireiros a acampamentos camponeses na r