Terça-feira, 18 de fevereiro de 2014 - 14h12
MONTEZUMA CRUZ
De Guajará-Mirim (RO)
Interdição de rodovias, inundações dos rios Madeira e Jacyparaná, e a impossibilidade de receberem águas dos afluentes criaram um clima de angústia e apreensão em Guajará-Mirim (40 mil habitantes), a 362 quilômetros de Porto Velho (RO), na fronteira brasileira com a Bolívia.
Em estado de emergência, a cidade não tem mais cloro e hipoclorito de sódio para tratamento e desinfecção de água nos poços. Também está esgotado o estoque de água potável, cujo consumo é de 230 mil litros por dia. O botijão de gás de cozinha é vendido por alguns comerciantes a R$ 100; a maçã nacional subiu de R$ 1,50 para R$ 5 o quilo; e a galinha caipira subiu de R$ 20 para R$ 30. A gasolina boliviana, de alta octanagem, passou de R$ 2 a R$ 4 no câmbio negro feito por “formiguinhas”.
Choveu novamente na madrugada de hoje (17) no oeste rondoniense. As águas invadiram a pista da BR-425, impedindo o tráfego pelas pontes de Jacyparaná e Arara. Guajará-Mirim fica a 90 km do entroncamento dessa rodovia com a BR-364. O prefeito Dulcio Mendes (PT) reivindicou auxílio de R$ 400 mil do Ministério da Integração Nacional.
A rede de energia elétrica está submersa na localidade de Arara. Preventivamente, técnicos da Eletrobras recomendaram o desligamento de cabos em pontos críticos, na zona rural. Os distritos de Baía da Coca, Baía das Onças, Baía Rica, Sagarana, Surpresa e Ricardo Franco estão à beira do racionamento de óleo diesel, cuja reserva não seria suficiente para um mês.
Na área alagada a cerca de 100 km de Porto Velho, um protesto popular contra as usinas do Rio Madeira impede caminhões com combustíveis procedentes de Manaus (AM) seguirem viagem até Guajará-Mirim. Cada um dos sete postos da cidade vende em média 80 mil a 120 mil litros por mês.
A Defesa Civil enfrenta dificuldades: um território de 24,8 mil km² está entregue ao Corpo de Bombeiros do município. Seu comandante, major Nivaldo de Azevedo Ferreira, dispõe de apenas 29 militares, mas já se prontificou a colaborar com o Exército na reabertura de um trecho rodoviário de 20 km, próximo à BR-421. Essa estrada corta um parque estadual e foi interditada pelo Ministério Público Federal.
Tratores da prefeitura e do Departamento de Rodagem Estadual conseguiram entrar no iminente canteiro de obras, trafegando pela linha 29, a única desinterditada na região. Em consequência do aumento do tráfego de veículos pela estrada que liga a BR-364 aos distritos de União Bandeirantes, Nova Dimensão e ao município de Nova Mamoré, moradores da região se cotizaram e abateram bois para o consumo de voluntários dispostos a trabalhar nas obras emergenciais. O trecho com pontes e bueiros avariados vem sendo usado como rota alternativa, formando um contorno de 240 km.
A reabertura do trecho da BR-421 só foi possível depois da reunião técnica entre representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes, Defesa Civil Estadual, Departamento de Obras e Serviços Públicos do Estado de Rondônia e o Ministério Público Federal. Eles assinaram um documento propondo a desinterdição, que será confiada ao 5’ Batalhão de Engenharia e Construção, apoiado por contingentes do 6’ Batalhão de Infantaria de Selva e 6’ Batalhão de Polícia Militar.
Não há voos regulares para Porto Velho, a Capital do Estado. A empresa Rima Linhas Aéreas (Manaus) colocou um avião na rota para Guajará-Mirim, cobrando R$ 350 por aeronave passageiro. Pacientes de diabetes, hemodiálise e outras doenças são transportados em aviões do governo estadual, informa a secretária municipal de saúde Alexsandra Tanaka Tartaro.
A empresa de ônibus Real Norte suspendeu suas linhas para Porto Velho e Rio Branco (AC), que se vê ameaçada de perder sinais telefônicos e de internet, porque a estação da região do Abunã está quase submersa.
Na manhã de hoje, o secretário municipal de administração Francisco Sanches informou que espera autorização da Força Aérea Brasileira e do Comando Militar da Amazônia para que um avião Hércules transporte gêneros alimentícios e roupas.
A Agência Estadual de Vigilância Sanitária estima que duas mil famílias serão flageladas até março próximo. Atualmente, a cidade tem condições de abrigar apenas duzentas pessoas. Um grupo de artistas argentinos e peruanos ilhados em Guayaramerín (Beni), na Amazônia Boliviana, organiza um show beneficente para arrecadar gêneros, cestas básicas, lençóis e colhões destinados à população. Para isso também contribuirão clubes de serviço, igrejas e Maçonaria.
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