Quarta-feira, 1 de novembro de 2017 - 17h12
Geisel criou municípios em Rondônia
Montezuma Cruz
Numa dessas derrapadas que às vezes ocorre à memória de jornalistas, pesquisadores e historiadores, o colega Carlos Sperança noticiou em sua coluna (Diário da Amazônia, edição de quinta-feira, 1º) que “em novembro de 1977, o então presidente Garrastazu Médici assinou os decretos de criação dos municípios de Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná, Pimenta Bueno e Vilhena”. O autor desse feito não foi o general-presidente Médici, mas o general-presidente Ernesto Geisel (1974-1979).
Sob o tacão de Médici, o extinto Território Federal de Rondônia teve dois governadores nomeados: João Carlos Marques Henrique Neto (7/2/1969 a 31/10/1972) e Teodorico Gaíva (31/10/1972 a 23/4/1974). Ambos eram filiados à Arena (Aliança Renovadora Nacional), que sustentou o regime ditatorial.
Já o staff (Ministério do Interior, Ministério da Agricultura, Ministério da Justiça, Banco do Brasil, Exército, Marinha, Aeronáutica, e companhia) do general Geisel apoiou as ações de governo do coronel de Exército Humberto da Silva Guedes (20/5/1975 a 2/4/1979).
Um pouco de História:
Médici exigiu a reabertura do Congresso Nacional para o ato de sua posse. Em 25 de outubro de 1969, ele foi sacramentado no cargo numa sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, com 75 abstenções.
Consciente do caráter de exceção, prometeu restabelecer a democracia até o final de sua gestão, mas não cumpriu.
Mandou abrir a rodovia Transamazônica (BR-230), de Estreito (MA) a Lábrea (AM) e inaugurou a ponte Rio-Niterói. Tempo do chamado “Milagre econômico”.
Derrotou as guerrilhas urbana e rural, permitindo que o sucessor, Geisel, iniciasse a abertura política. Seu período ficou conhecido como “Anos de Chumbo”, repleto de casos de tortura, mortes e desaparecimentos de presos políticos, que causaram desembaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma “campanha da esquerda comunista contra o Brasil”.
Ancorada pelo Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, a repressão às manifestações populares e às guerrilhas foi bastante pesada. A resistência passou a ser armada, com assaltos aos bancos para obter esse artifício; atentados contra militares; sequestros de pessoas beneficiadas pelo regime e treinamento de guerrilhas.
Médici é homenageado em Rondônia e no Pará
Sob Médici, a ditadura militar atingiu seu pleno auge, com controle das poucas atividades políticas toleradas, a repressão e a censura às instituições civis foram reforçadas e qualquer manifestação de opinião contrária ao sistema foram proibidas.
Na sequência, Geisel, não cassou mandato eleitoral de nenhum político, e isso quem atesta é o seu ministro da Fazenda, Delfim Neto: “Quando entrou o Geisel, o problema dele era o seguinte: o que é que vão dizer de mim se eu fizer um governo pior que o do Médici? Ele tinha sempre que dizer que o carrasco era o Médici. Mas Médici nunca fechou o Congresso, nunca cassou deputado, coisa que o Geisel fez à vontade”.
Geisel iniciou a abertura política, mesmo encontrando forte oposição de políticos chamados de linha-dura. Fez a fusão da Guanabara ao Rio de Janeiro; dividiu Mato Grosso; reatou relações diplomáticas com a República Popular da China. Reconheceu a independência de Angola; assinou acordos nucleares com a Alemanha Ocidental; iniciou a redemocratização do País, extinguiu o Ato Institucional nº 5; e adiantou as obras da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Manteve influência sobre o Exército ao longo da década de 1980 e, nas eleições presidenciais de 1985 apoiou o candidato oposicionista vitorioso Tancredo Neves, o que caracterizou a diminuição das resistências a Tancredo no meio militar. Foi presidente da Norquisa, empresa ligada ao setor petroquímico.
Médici foi homenageado no Pará numa cidade que levou o nome de Medicilândia, e em Rondônia, na BR-364, seu sobrenome foi dado ao município de Presidente Médici.
Geisel, o general da abertura que antecedeu João Baptista de Oliveira Figueiredo e participou diretamente dos preparativos para Rondônia Estado, nem sequer é lembrado em rua, avenida ou escola.
A visão política segue seletiva.
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