Quinta-feira, 14 de abril de 2011 - 19h19
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
Marginais do capitalismo numa época em que a conservação ambiental não estava em pauta no Brasil e no mundo, os garimpeiros sofreram muito em Rondônia. Mais ainda, quando técnicos do DNPM e ministeriais levavam a ditadura militar a acreditar que a extração manual da cassiterita seria “prejudicial” à economia do País. A exploração mecanizada, diziam eles, resultaria “maiores lucros”.
Relatórios levados aos gabinetes dos chefes do DNPM, do Conselho de Segurança Nacional e da Presidência da República argumentavam que esse método de exploração do minério não recuperava a parte considerada perdida. “Era predatório”, decretavam.
O próprio Congresso Nacional, por meio da Bancada Governista, fortalecia a medida. Surpreendentemente, a edição da Portaria nº 195 obrigou o Exército a apelar para a Força Aérea Brasileira (FAB). Levavam os garimpeiros solteiros de avião para outras regiões da Amazônia.
Efeito bumerangue: logo o comércio sentiu o abalo. Na política também houve reflexos diretos, pois a oposição representada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) fortaleceu-se rapidamente.
Com aguçada visão política, jornalística, sociológica e até com sentimento de garimpeiro, o maranhense Amizael Silva resumiu o que houve: “Em 1970 houve eleição para a única vaga destinada a Rondônia no Congresso Nacional; o MDB outrora capenga fortalecera-se com tais medidas. O grande líder da oposição, general Joaquim Vicente Rondon, mantinha-se afastado. Membros da oposição debatiam-se procurando um nome de expressão que “topasse” enquadrar-se nas suas diretrizes partidárias; escolheram o advogado goiano (de Jataí) recém-chegado Jerônimo Garcia de Santana”.
Antes haviam apontado o professor Abnael Machado de Lima, o vereador Inácio Mendes (que editou o jornal “O Combate”), e o proprietário rural Walmi Dawis de Moraes. Nenhum deles aceitava. Moraes e Mendes não conseguiam o apoio da maioria do Diretório.
Era ano da Copa do Mundo, a seleção brasileira saía vitoriosa no México. A ditadura militar era comandada então pelo general Emílio Garrastazu Médici. Pelo registro de Amizael Silva, foi aí que Jerônimo Santana nadou de braçadas, iniciando um notável movimento de massas em busca da abertura dos garimpos de cassiterita. Ao mesmo tem em que defendia os garimpeiros, apoiava o enquadramento – considerado irregular – de servidores públicos por uma portaria federal e via a possibilidade deles serem indenizados, o que não ocorreria.
Até então majoritário em Rondônia, seja pela maioria de votos para deputado federal ou para vereadores nas duas únicas Câmaras Municipais existentes, em Porto Velho e Guajará-Mirim, o governo era derrotado. “Lançado depois de uma briga intestina do Diretório da Arena, que preteria o deputado Paulo Nunes Leal, o seringalista Emanuel Pontes Pinto perderia o pleito. É natural que aquele episódio também contribuiu para o enfraquecimento do governo, até porque o Sr. Emanuel tornara-se um defensor intransigente da Portaria 195 que culminava com o fechamento dos garimpos manuais”, analisava Amizael.
Verdade é que a derrota situacionista num Território Federal demograficamente vazio influenciou os anos seguintes. Em 1972, nas eleições para vereadores, o governo perdeu de novo.
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