Sábado, 14 de maio de 2016 - 12h29
Montezuma Cruz
Em Porto Velho
Até há pouco tempo, o menino C, 6 anos e a menina I, 4, podiam dizer e sentir que tinham um pai de verdade. Acolhidos pelo jornalista Francisco Nery, com ele permaneceram até que a Justiça devolveu C. à mãe biológica, Valteísa Costa e Silva, no Bairro Ulysses Guimarães, em Porto Velho.
Valteísa também cria P., filha de outro pai. Nery, a quem conheço há pelo menos 30 anos, está inconsolável. “Monte, mesmo não sendo filhos de sangue, tenho um imenso amor por eles, fiz e farei o que posso para que cresçam e sejam pessoas educadas e felizes”, desabafou comigo uma semana antes do Dia das Mães.
Nery criava as crianças com Francisca Souza da Silva, desde a guarda provisória concedida em 16 de setembro de 2013, no Lar do Bebê, em Porto Velho. O advogado João Roberto Lemes vai requerer novo estudo social a respeito da forma de tratamento dispensada por Francisca às crianças.
Desempregada e processada por danos morais no Bairro Agenor Carvalho, ela decepcionou Nery. “Sacudia os meninos, colocava-os de joelhos. I tem traços característicos de down. Estarrecido, ele relatou no Facebook: “Continuo chorando e rogando para que a integridade – sobretudo de I, que é especial – seja mantida, incólume!!! Flagrei algumas agressões [?], por isso, optei em deixar a ex-companheira por acreditar na ação do Juízo”.
A ação do advogado se somará ao pedido que o jornalista pretende fazer, para obter a guarda compartilhada das crianças. “É o primeiro passo, é o passo maior”, contou-me em lágrimas. Recentemente, o 2º Juizado da Infância e da Adolescência ouviu Francisco, porém, não incluiu Nery na audiência. Essas crianças não podem viver separadas, reconhece a Justiça, antes da decisão ansiosamente esperada pelo jornalista.
Ele se comprometeu a lhes dar um lar definitivo, sob assistência da mãe biológica.Seria no Bairro Novo. “Eu garanto a educação, a orientação moral, ética e religiosa dos meus filhos”, disse-me Nery. Acrescentando: “Pelo que compreendo e pelo que estabelece a lei, nunca é demais repetir que situações iguais à desses meninos requerem estudos aprofundados a respeito de acolhedores. O Estado é omisso e me resta a certeza cada vez maior que sou um bom pai.
O processo tem o número 0001919-18.2013.822.0701. Tomo a liberdade de apelar ao juiz Dalmo Antonio de Castro Bezerra: ouça e estude as possibilidades desse jornalista. No momento, Nery pode ser comparado à gota d’água no deserto, se for considerado o seu oferecimento/comprometimento à continuidade do ato de criar, educar e preparar para a vida jovem e adulta, duas inocentes e sofridas crianças que já estiveram sob sua guarda.
NOTA
1) O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões. Assim comprova a análise dos dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existem mais 5.500 crianças em condições de serem adotadas e pelo menos 30 mil famílias na lista de espera do CNA.
2) O Brasil tem mais de 40 mil crianças e adolescentes atualmente vivendo em abrigos. Se há tantas pessoas dispostas a acolher uma criança sem família, por que o número de meninas e meninos do cadastro não para de crescer? Na avaliação do próprio CNJ, a resposta pode estar na discrepância que existe entre o perfil da maioria das crianças do cadastro e o perfil de filho, ou filha, imaginado pelos que aguardam na fila da adoção. “Nacionalmente, verifica-se que o perfil das crianças e adolescentes cadastrados no CNA é destoante quando comparado ao perfil das crianças pretendidas, fato que reveste a questão como de grande complexidade”, admite o CNJ no documento Encontros e Desencontros da Adoção no Brasil: uma análise do Cadastro Nacional de Adoção, de outubro de 2012.
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