Quarta-feira, 16 de maio de 2012 - 20h37
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Quadro exposto no Museu Inka, no centro da cidade de Cusco, mostra a força de trabalho Inca/FOTO VÂNIA MUNHOZ |
MONTEZUMA CRUZ
A construção de estradas, pontes e escolas em Buritis, Jacinópolis, Ariquemes, Jaru e nos demais municípios rondonienses onde atuam agrupamentos camponeses mira-se no exemplo milenar do povo Inca, que formou o maior Império sul-americano, cujo fim ocorreu em 1570. A exemplo do Vale Sagrado andino, nesse canto amazônico, todos trabalham, garantindo alimento, escola e postulando o direito à terra, mesmo à custa de perseguições e mortes.
Guias de turistas vendem atualmente nas vans que levam turistas de Cusco a Machu Picchu exemplares do livro El Imperio de los Inkas (edição 2010), escrito em linguagem simples pelo professor universitário Carlos Mendivíl Colpaerth. Na página 33, o autor descreve uma situação bem parecida ao que pratica a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP) e da Amazônia Ocidental há uma década: “O trabalho servia para educar a todos e quase sempre unia grupos com alegria, pois não era considerado uma maldição de Deus e sim a expressão de um povo sadio e feliz.”
Segundo o autor, Qollana, considerado o trabalhador símbolo, dizia: “A ociosidade é mãe de todos os vícios.” O sistema de trabalho Inca estabelecia o Ayni, ou seja, a reciprocidade: se alguém necessitava construir sua casa, todo o Ayllu (comunidade) o ajudava. Daí, o ditado: “Hoy por ti, mañana por mi (Hoje por ti, amanhã por mim).”
Se o ayllu precisava construir um aqueduto, todos participavam também. Se o Estado decidia fazer uma estrada ou ponte em algum lugar, a comunidade dividia seu trabalho em turnos. Chama-se a isso La Mita. A ociosidade era um delito severamente castigado.
O Povo Inca sabia foi sábio: “Quem não trabalha, não come e quem nada oferecer à colmeia, não tem direito de provar o mel.” Nesse sistema, não havia escravidão, nem luta entre classes sociais, nem exploração do ser humano. “O trabalho não era uma mercadoria, mas a maneira de se pôr em harmonia com o Universo.”
Nesse aspecto, a LCP segue lutando pela destruição completa do latifúndio, via revolução agrária, distribuindo as terras aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Com o exemplo Inca, de relações de produção baseadas na cooperação – palavra não usada naquela época – e exercendo o poder político nas áreas tomadas, acredita-se no rompimento do principal elo de dominação que oprime o povo e mantém a nação subjugada aos países imperialistas.
MISTÉRIOS NAS PEDRAS UNIDAS
“Não se sabe exatamente como os Incas cortavam, transportavam e uniam as pedras, de tal maneira que é impossível colocar uma agulha entre elas. Uns dizem que eles traziam as pedras desde pedreiras distantes, com trenós de madeira, sobre troncos, o que foi comprovado; mas só em lugares com solo plano e não na maior parte da difícil geografia andina”, explica o autor.
Lembrando que os Incas não conheceram diamante, nem tiveram ferramentas de ferro, mas de cobre e bronze, ele diz que esses metais eram “demasiadamente suaves” para cortar pedras duras quanto o diorito e o granito. Usavam martelos feitos com uma pedra chamada hematita ou jiwaya, no idioma quéchua. Mas a superfície dessas pedras não parecia descompactada nem polida. Quem nega? – indaga o escritor, ao explicar que a etnografia desprezada por alguns cientistas reconhece o testemunho secular dos campesinos. E segundo eles, a construção dessas maravilhas utilizava uma mescla de ervas chamada joqcha, “para suavizar as pedras e uni-las de forma tão precisa”.
Quanto ao seu transporte, lembram os campesinos, os sacerdotes incas teriam o poder de desgravitá-las, e assim, poucos homens podiam carregá-las, usando alças em algumas delas.
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