Domingo, 2 de dezembro de 2007 - 21h37
DONIZETE OLIVEIRA
Agência Amazônia
MIRANDA (MS) – Green spider, green spider ! repete o guia a duas turistas alemãs. A aranha verde é uma das atrações que se escondem na vegetação do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Não é raro encontrar europeus, asiáticos e americanos que vão à região em busca de aventura. Uma das mais visitadas é o município de Miranda (a 200 quilômetros de Campo Grande), onde há várias fazendas com pousadas e infra-estrutura para receber turistas. A cidade é porta de entrada de um grande viveiro ao ar livre, no qual se concentram pássaros de várias espécies e cores. Também não faltam jacaré, tamanduá-bandeira, ema, arara, capivara e se o visitante tiver sorte pode até avistar um gato mourisco ou uma onça pintada à procura de comida.
Antes de ir ao Pantanal imaginava que a região ainda vivia sob o domínio dos caçadores de jacarés e dos pescadores que tiravam centenas de quilos de peixes dos rios. Há mais ou menos 20 anos, eles dominavam o interior do Mato Grosso do Sul. Mas as coisas evoluíram e, hoje, embora o desrespeito à natureza não tenha acabado, houve avanços. O fortalecimento do turismo sustentável ajuda a preservar os animais e levar renda à população pantaneira.
Causos
A Fazenda Baía Grande, em Miranda, é um exemplo. Com 1800 hectares, a propriedade dispõe de vários atrativos. A começar pelo proprietário Alexandre Costa Marques, 32, que, entre outras coisas, resgata a tradição pantaneira. Nas paredes do seu escritório, ele pendura fotos do avô que matava onça com zagaia (lança pontiaguda com a qual o caçador perfurava o peito do animal).
Outra tradição que Alexandre mantém são as histórias pantaneiras. À noite, na pousada, é comum vê-lo contando causos da região a algum hóspede. "Como diz o poeta Manoel de Barros, não basta cuidar apenas da nossa fauna e da flora. É preciso cuidar também do peão pantaneiro, que está acabando", afirma ele.
Explorando o turismo rural desde 2001, a Baía Grande oferece uma gama de atração a quem se hóspeda num dos seus confortáveis apartamentos. Focagem noturna de jacarés, safáris, passeio a cavalo e lida com gado são algumas das atividades. O diferencial, segundo Alexandre, é desfazer o rótulo de hotel. "Quem vem aqui vai se sentir à vontade como se estivesse na própria casa no meio do mato", diz Alexandre.
A Cacimba de Pedra–Reino Selvagem é outra fazenda que explora o turismo em Miranda. Com dois mil alqueires, a propriedade se destaca na criação de jacarés (autorizada pelos órgãos ambientais). Calcula-se que existam cerca de 10 mil no local. As matrizes chocam nos banhados, e os funcionários recolhem os ovos que vão eclodir nos cativeiros. Ao alcançarem certo porte são vendidos para abate. Deles aproveitam-se o couro e a carne. Da criação, 10% são devolvidos à natureza.
A sensação de pegar
um filhote de jacaré
Pratos à base de jacaré servidos no almoço e jantar aguçam o paladar dos turistas. Outro atrativo é dar comida às matrizes que ficam num lago próximo da fazenda. Dezenas de jacarés disputam um pedaço de carne bovina jogado pelos visitantes. Mas quem não se contenta em ver o bicho de longe é convidado a ir ao cativeiro e pegar um filhote.
Orientado pelo guia Cláudio José Cunha do Nascimento, 33, que mora na fazenda, é possível sentir o pequeno réptil na palma da mão, colocá-lo sobre o ombro e até acariciá-lo. "Se mexer com jeito, não acontece nada", orienta ele. Uma das cenas da novela Alma Gêmea, da Rede Globo foi gravada na Cacimba de Pedra. A atriz global Priscila Fantin divertiu-se com os filhotes de jacarés.
Tucanos e araras dão rasantes e pousam na porta da casa na sede da fazenda em busca de frutas. Eles foram apreendidos em poder de contrabandistas e são readaptados à natureza. Pela manhã ou ao cair da tarde existe um passeio a cavalo. No trajeto, é possível observar várias espécies de aves. A atividade ganha adeptos em todo o mundo. Quase todo mês, gente de outros continentes vem observar pássaros na Cacimba de Pedra.
Para a administradora da pousada, Nancy Ellen, o turista encontra várias atrações no Pantanal, porém, muitas ficam a critério do visitante. "Alguns ficam até um mês aqui tentando fotografar algum animal de determinado jeito", exemplifica.
Quem está apta a dar informações sobre o Pantanal é a diretora da Saab Tour, Lílian Saab, agência localizada em Campo Grande que prepara vários tipos de roteiros de viagens ao Pantanal. Ela afirma que a região dispõe de vários atrativos e, o mais importante, mudou sua imagem perante o turista. "Aquelas pessoas que vinham aqui há 15, 20 anos para levar 100, 200 quilos de peixes, felizmente, não vêm mais", declara. "Hoje, a maioria que vem, além de gerar renda, vê as coisas com outros olhos, ajudando a preservar todo esse paraíso".
▪ Mais informações: (67) 3324-4947/ (67) 3324-4948 ou [email protected]
▪ O jornalista Donizete Oliveira viajou a convite da Fundação de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul com apoio do Expresso Maringá, Seno Imóveis e WP do Brasil – Cartuchos Remanufaturados.
[email protected]
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