Segunda-feira, 26 de dezembro de 2011 - 18h13
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
Pouco adiantava o disfarce, a conversa mole. Eles sempre vinham e percebíamos logo para onde iriam após a costumeira visita. Alcaguetes do Serviço Nacional de Informações (SNI) camuflavam-se na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) de Porto Velho para bisbilhotar as cabines de telex. Sabiam o que os jornalistas apuravam para os seus jornais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Conseguiam até cópias das matérias. Além de “escritório” de trabalho dos correspondentes, as cabines funcionavam como ponto de encontro com algumas de suas fontes.
Há 30 anos em Cuiabá (MT), delegados de polícia, assessores governamentais e até diretor de hospital visitavam a cabine de telex para exigir dos funcionários cópias de matérias. Ou para ameaçar, como o fez um delegado de Rosário Oeste, com um revólver 38 em punho, contra o jornalista Oscar Ramos Gaspar. Éramos correspondentes – ele de O Estado de S. Paulo, o Estadão, eu daFolha de S.Paulo. E relatávamos que o delegado confessara “ter matado dois posseiros em dez minutos”.
Em Porto Velho o jornalista Lúcio Albuquerque encontrou cópia de matéria dele na ante-sala do governador Humberto Guedes. Sentimos uma sensação estranha quando percebemos que, em Porto Velho, a Gerência de Operações Telegráficas da ECT entregava cópias das reportagens aos arapongas do Palácio Presidente Vargas, sede do governo do extinto Território Federal de Rondônia.
O governador acionava o secretário de Segurança Pública José Mário Alves da Silva. Não para apurar a grilagem de terras, mas para intimar o jornalista a esclarecê-las. Como se soubéssemos mais que o próprio secretário.
Em Belém e Rio Branco, agrados
Durante certo tempo o telex foi o único aparelho disponível para transmissão de matérias em Belém, depois dos telegramas fonados da Radional e do Western Thelegraph, lembrou-me Lúcio Flávio Pinto, que foi correspondente do Estadão na capital paraense, onde edita oJornal Pessoal: “Minha relação com a cabine pública de telex de Belém foi inversa à de vocês. Eu pagava do meu bolso um almoço de fim de ano aos funcionários da cabine. Então, eu é que tinha os documentos secretos de interesse jornalístico”.
Em Rio Branco o espião era Roberto Vaz, contínuo do Palácio do Governo. O correspondente do Estadão, Elson Martins da Silveira, combinava com ele para que revirasse os papéis no lixo, antes de jogá-los fora. Obtinha anotações e folhas datilografadas de grande valor. O lixo acumulado nas repartições – nem o gabinete do governador escapava – resultava em manchetes das matérias bem apuradas por Silveira. As autoridades arrancavam os cabelos, mas não descobriam a origem das informações para O Estadão.
E o contínuo se achava. O sonho dele era ser jornalista um dia. Conseguiu. Fez programas de TV e criou o site AC24horas em Rio Branco (AC).
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