Sexta-feira, 14 de outubro de 2016 - 16h52
Alunos da Escola Estadual Murilo Braga acumulam projetos de sucesso, desde a feira de animais, revistas e livros ao uso da água do ar-condicionado para irrigar a horta da casa /Fotos Daiane Mendonça
Montezuma Cruz (*)
Em Porto Velho
A perspectiva de fazer cada vez a educação transformadora dá o tom do Dia do Professor neste sábado (15). Em vez de comemorações, a Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental Murilo Braga sediará reunião, a partir das 8h, para a formação da Rede Conectando Saberes em Porto Velho.
Essa rede foi criada pela Fundação Lemann, de São Paulo, possibilitando às escolas com experiências inovadoras repensar práticas e consolidar propostas de projetos.
Na região Norte, por enquanto, apenas os Estados do Amazonas e de Rondônia foram contemplados pela Fundação Lemann (São Paulo), que entre suas metas, apóia a estruturação da base nacional de currículo comum.
Além da Murilo Braga, participarão da reunião, representantes das escolas estaduais e municipais Estudo e Trabalho, Bela Vista, Padre Chiquinho, Petrônio Barcelos, Princesa Isabel, Tancredo Neves, Manaus, Marcos Freire, Sesi Esplanada e Joaquim Vicente Rondon.
A Rede Conectando Saberes, mantida pela Fundação Lemann, procurou a Escola Murilo Braga para expor o projeto que valoriza iniciativas.
Eles obedecem a quatro estratégias-chaves: criar um fluxo aberto e transparente de comunicação; respeitar a experiência do professor e apoiá-lo em seu trabalho; enfrentar resistências com o apoio de grupos comprometidos; ganhar o apoio de atores de fora da escola.
COMO FOI
Professora Carmen Sílvia, coordenadora do Projeto Com-Vida
“Eles leram uma matéria jornalística no site da Porvir e entraram em contato com a escola. Telefonaram duas vezes, oferecendo a oportunidade para a proposta para a formação da rede”, conta a professora de geografia e coordenadora do Projeto Com-Vida, Carmen Sílvia de Andrade.
Porvir (www.porvir.org) é o principal site brasileiro de inovação em educação.
Segundo Carmen Sílvia, outras escolas se dispuseram a apresentar seus projetos até então adormecidos. A viagem a São Paulo ensejou esse encontro cujo objetivo é inovar na educação, missão que enfrenta barreiras, pois a estrutura escolar ainda esbarra em situações centralizadoras, pautadas em disciplinas.
Carmen Sílvia viajou para a Capital paulista juntamente com as professoras Alemmar Fonseca, que leciona língua portuguesa na Escola Manaus; Simone Ximenes Rogoski, de biologia na Escola Murilo Braga; e Sandra Iglesias, que dá aulas de química nesse mesmo estabelecimento.
Intercâmbio
“Conhecemos experiência de outros estados e notamos a possibilidade da troca de experiências, de intercâmbio de saberes, e isso está aberto também a supervisores, orientadores e demais gestores escolares”, explicou Carmen.
Simone Ximenes elogiou a Fundação Lemman e seus parceiros “por investirem recursos em áreas estratégicas, com ênfase para a busca da qualificação de quem acredita e gosta de fazer educação”. Mencionou, como exemplo, o patrocínio de cursos para aperfeiçoamento de professores em diversas cidades brasileiras.
Pobres, mas com Ideb
No ano passado, a pesquisa Excelência com Equidade, promovida pela Fundação, Itaú BBA e Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, apoiou a Escola de Ensino Fundamental Miguel Antônio de Lemos, em Pedra Branca (CE), a 260 quilômetros de Fortaleza, que nem aparece no GPS, mas obteve um dos melhores desempenhos no IDEB do Brasil, com nota 8,9 para o 9º ano. A média nacional é 4,2. A média das escolas particulares brasileiras é 5,9.
Trata-se de uma escola com salas e laboratórios pequenos, merenda simples, sem grandes eventos, em cujos arredores se veem bois, jumentos, porcos e outros animais. Pais de alunos são em sua maioria analfabetos e vivem da lavoura.
Na quinta-feira (13), as professoras da Escola Murilo Braga também procuravam contato e esperam contar com a adesão do Colégio Tiradentes da Polícia Militar no distrito de Jacy-Paraná, a 90 quilômetros de Porto Velho. Recentemente, a escola se destacou com projetos científicos próprios e até recentemente usava os laboratórios da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Na próxima segunda-feira (17), em comemoração à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) promoverá em Porto Velho a 1ª Mostra de Iniciação Científica. Dois alunos bolsistas do CNPQ/Fapero/Embrapa apresentarão o resultado de suas pesquisas.
Formação deficiente
A pesquisa Excelência com Equidade feita pela Fundação Lemann constatou que grande parte dos alunos chega com déficits de aprendizagem no Ensino Fundamental, a formação de professores é deficiente e com pouco foco em didática. Paralelamente, há situações de recursos financeiros escassos, aquém do ideal, e a legislação dá pouca autonomia aos gestores.
“Em redes, as escolas podem mudar isso”, eis a filosofia dos organizadores do projeto.
Quatro anos atrás, em julho de 2012, com auxílio da Fundação, o jornal O Globo publicou a série de reportagens “Aula de Excelência na Pobreza”, que foi contemplada com o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Educação. Nessa série, foram selecionadas 82 escolas públicas brasileiras que, em 2009, estavam entre as 25% que atendem alunos com menor nível socioeconômico no País e, ao mesmo tempo, alcançavam IDEB igual ou superior a 6 [meta do governo brasileiro para todas as escolas em 2022].
(*) Originalmente publicada no portal do Governo de Rondônia
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