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Montezuma Cruz

Enfim, um seringueiro lidera entidade de classe



  
Adão Laya Arceaga assume Organização dos Seringueiros de Rondônia, disposto a cobrar direitos e exigir maior diálogo com órgãos ambientais. 


XICO NERY 
Agência Amazônia 

ALTO RIO OURO PRETO, Guajará-Mirim, RO – O seringueiro Adão Laya Arceaga, 39 anos, é o novo presidente da Organização dos Seringueiros do Estado de Rondônia (OSR), entidade que nas últimas duas décadas nunca havia sido comandada por um membro da categoria. Ele assumiu o posto há três meses, mas, só agora é conhecido. Alguns diretores atribuem esse fato "à falta de um elo entre a entidade e os órgãos de comunicação”. É mais cômodo ouvir uma entidade ou autoridade em Brasília e Porto Velho, que um líder seringueiro na floresta, um péssimo hábito herdado do século passado. 

– Pouco se sabe sobre a rotina dos seringueiros rondonienses, principalmente depois que o Instituto Chico Mendes da Preservação e da Biodiversidade (ICM-Bio) foi criado para fiscalizar a atuação dos povos da florestas dentro de espaços confinados em reservas extrativistas". 

 

Enfim, um seringueiro lidera  entidade de classe - Gente de Opinião

Só a canoa transporta as pessoas entre as comunidades desta região do Guaporé /XICO NERY

Adão Laya nasceu na Colocação Quebra-Ponte, na Comunidade Três José, na atual Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, a 56 quilômetros da cidade de Guajará-Mirim. Chega-se lá por água, de canoa agregada a um motor rabeta de três a cinco HP, coberta com palha de palmeira usada para moradia e transporte das pélas de borracha, da castanha e de essências colhidas ao longo dos seringais e os barracões. 

Redescoberta 

A ascensão de Adão à entidade máxima da categoria se deu paulatinamente. Primeiro, Adão ocupou a segunda tesouraria da Associação dos Seringueiros da Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, exercendo também a presidência da entidade. O terceiro passo foi assumir a tesouraria da OSR, onde mostrou trabalho e há três meses ganhou a presidência a entidade pelo voto direto. 

De maneira inédita, nos dias 24, 25 e 26, respectivamente, já na qualidade de presidente da OSR, Adão visitou as bases seringueiras em Guajará-Mirim. Anteriormente, ninguém o fizera. Participou em Sapezal, com membros da sua diretoria, da eleição que renovou a diretoria da Associação dos Seringueiros da Reserva Extrativista do Rio Preto. A região é habitada por 108 associados da OSR. Juntamente com convidados e representantes do ICM-Bio, ele empossou o novo presidente, Luciano de Lim Carneiro, que comandará a entidade no triênio 2009-2012. 

Ao final do processo eleitoral, Adão garantiu: 

– Durante meu mandato, a OSR emprestará o apoio jamais dado aos seringueiros rondonienses, principalmente dos municípios de Machadinho do Oeste, Costa Marques, arredores de Porto Velho e Guajará-Mirim Atenderá aos soldados da borracha e seus remanescentes, para garantir-lhes o apoio que até agora a União não cumpriu por força da Constituição Federal e reafirmados pelo presidente Lula. 

Cobrança de direitos 

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Filhos de seringueiros exibem a péla de borracha, riqueza quase esquecida nos confins da Amazônia Ocidental /XICO NERY

Segundo ele, o alijamento dos seringueiros e suas famílias dos programas sociais e econômicos também motivarão a organização a adotar “ pulso firme”. 

– Se possível, iremos às esferas máximas do País para obtermos plena cobertura social e econômica. 

Da mesma forma, ele assegurou que, não irá permitir a presença de técnicos que constranjam os cidadãos seringueiros dentro do seu próprio hábitat, como ocorreu recentemente com duas pessoas que tentaram impor regras criadas pelo ICM-Bio, não avalizadas por entidades representativas da categoria ou fora dos parâmetros constitucionais. 

– Precisamos de uma convivência pacífica entre os povos da floresta e órgãos governamentais – proclamou. 

Adão disse que não abre mão “da luta para para a melhora de vida das famílias dos seringueiros rondonienses”. E não descarta a participação da OSR nos embates dentro dos tribunais do País. 

– Precisam nos respeitar diante dessa nova forma de colonialismo das nossas florestas – apelou. 


Audiências públicas 

Adão deixou Sapezal certo de que, em Brasília, apoiado por entidades parceiras, pela bancada rondoniense no Congresso Nacional, organizações não-governamentais, ministérios do Desenvolvimento Agrário, Social, Saúde, Educação e pelo Projeto Calha Norte, desta vez os seringueiros “terão vez e voz”. 

A OSR promoverá audiências públicas no estado, para rediscutir a forma de atuação de vários órgãos do governo federal dentro das reservas extrativistas, como vem ocorrendo nos estados do Acre, Pará, Amapá e Amazonas. 
 


 Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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