Porto Velho (RO) segunda-feira, 9 de junho de 2025
opsfasdfas
×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

CIDADÃO ALMIR SURUÍ


 

MONTEZUMA CRUZ
AGÊNCIA AMAZÔNIA


O líder indígena Almir Suruí participou no final da semana passada, em Londres, do lançamento de um programa do Google Earth para mapear a terra de sua tribo e, assim, protegê-la do desmatamento. A evolução tecnológica permite essa ferramenta de apoio também aos povos indígenas.

Voe até sua casa é uma das frases de apelo do Google Earth na publicidade do seu fantástico negócio. Esse sistema combina os sofisticados recursos de pesquisa do Google com imagens de satélite, mapas, terrenos e edificações em 3D para colocar informações geográficas do mundo todo à disposição dos interessados.

No final da década de 1970, a Colonizadora Itaporanga, dos irmãos Melhorança, loteou muitas terras em Cacoal e Espigão do Oeste. Parte da reserva Suruí foi invadida por agricultores vindos do Estado do Espírito Santo e do Paraná. (Numa das matérias da série CPI da Terra-30 anoscomento o choque entre índios e colonos, que resultaram em mortos e feridos). Se as imagens por satélite fossem as que estão hoje disponíveis, os Suruís antecipariam a reação que impediria a ocupação de seu território.

Almir Suruí cresceu e viu a maneira como a dita civilização foi ocupando a floresta em Rondônia. Participou de diversos encontros em Rondônia, na Amazônia, em Brasília e no Exterior. Antes se tornar estrela, viu seus irmãos se contorcerem diante do assédio do branco. E o desmatamento avançou, mostram as imagens de

CIDADÃO ALMIR SURUÍ - Gente de Opinião
antropóloga Betty Mindlin
satélite do Inpe. A corrida ao diamante no território dos vizinhos Cintas-Largas é outro desafio aos indígenas.

Em entrevista a Lúcia Helena de Camargo, no Diário do Comércio de São Paulo, a antropóloga Betty Mindlin lembra do menino Almir , a quem conheceu na década de 1970, no Posto Indígena 7 de Setembro, em Cacoal. Ela fala: "A vida indígena mudou muito. A geração que vi crescer, e a dos meus amigos mais jovens, é hoje composta de atuantes cidadãos brasileiros. Um dos que carreguei no colo, Almir Naraiamoga Suruí, cuja mãe era minha querida, hoje, dia 9 de abril de 2008, fala no jornal, em Londres, denunciando o desmatamento no entorno de suas terras".

Betty lançou o livro Diários da Floresta, que na opinião do jornalista e autor Renato Pompeu, é "encantador, emocionante, além de informativo". São anotações de Betty, feitas durante a após as primeiras seis visitas ao povo Suruí Paíter, a partir de 1979, da fase do contato até 1983. Uma obra respeitável.

O que diriam os saudosos sertanistas Apoena Meireles, Aimoré Santiago e José do Carmo Santana, se estivessem nesta terra e retornassem hoje ao Posto Indígena 7 de Setembro? Com certeza, numa só voz, repetiriam: "Nem tudo está perdido, mas precisamos que a voz de Almir continue sendo ouvida".

Fonte:Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 9 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros

De Periquitos ao Cine Embaúba, Nilsinho exibiu Bruce Lee e Zé do Caixão para alegria dos garimpeiros

Em Periquitos, o primeiro garimpo onde trabalhou, Nilsinho viu muito ouro em movimento. Falo de Eunilson Ribeiro, um dos personagens do meu livro "Ter

Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia

Do resgate de línguas indígenas, tupi faz aniversário de 20 anos em Rondônia

Faz 20 anos que o linguista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, iniciava em Rondônia seu projeto de resgate da língua tupi. Ele visi

Tem morcego no curral? Chame o Governo

Tem morcego no curral? Chame o Governo

Quero hoje falar de morcegos. O governo estadual tem profissionais competentes que tratam do assunto. Em minha fase de repórter na comunicação social,

 Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental

Fest CineAmazônia faz falta em tempos de violência e do fim dos pajés na região amazônica ocidental

Como faz falta o Fest CineAmazônia! No atual período de envenenamento agropecuário e ataques latifundiários madeireiros a acampamentos camponeses na r

Gente de Opinião Segunda-feira, 9 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)